Capítulo Onze.

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Maju narrando:

Ele surgiu na porta.

Estava suado e com os cabelos loiros estupidamente desgrenhados, os olhos estavam cintilantes e ele carregava uma arma enorme nos braços. Seu olhar esverdeado foi dos meus pés à cabeça e parou exatamente na mala média.

Seus olhos verdes me encaram interrogativamente.

─ Pra onde vai? ─ questionou ele sério.

─ Não é da sua conta.

Ele me olhou sério e com raiva, seu rosto se avermelhou e ele caminhou controladamente até mim, levantei minha cabeça e encarei aqueles olhos com firmeza. Sua arma foi colocada no chão e suas mãos apertaram levemente meus ombros me fazendo o olhar, que intimidade é essa querido?!

─ Você não pode me impedir! ─ apontei o dedo na sua cara tentando remover aquelas mãos de meus ombros sem sucesso.

Ele contraiu sua mandíbula e encarou meus olhos intensamente.

─ Você não vai sair daqui ─ disse suavemente, rolei os olhos bufando com ironia.  

─ Quem você pensa que é pra me impedir? Além de ser um traficante, favelado, bandido, escroto e hipócrita? E pode fazer o favor de me soltar!

Ele apertou meus ombros.

─ Traficante, favelado, bandido, escroto, hipócrita ─ ele repetiu imitando minha voz ─ E não esqueça de mencionar que eu sou o pai do nosso filho.

Me soltei daquelas mãos fortes e o encarei desafiadoramente.

─ E você acha que eu quero ter essa coisa? ─ falei com raiva.

─ Acho que sua opinião não vale muito agora, você vai ficar aqui, nem pense em nenhuma loucura.

Pisei fundo cruzando os braços e o fuzilei com o olhar. Ele caminhou até mim e agarrou meu queixo.

─ Me solta! ─ gritei.

─ Luan?! Ela tá grávida? ─ o menino loiro surgiu na sala e Luan virou-se coçando a cabeça.

Gabriel andou até o irmão atônito e Luan agachou-se.    

─ Tá sim, tampinha, só que ela é meio doida e tá pensando em fazer besteira.

Quem ele pensa que é pra me chamar de doida? Eu faço o que quiser da minha vida, em primeiro lugar...

─ Ela vai ficar aqui com a gente? Eu vou ser tio de novo? Vou poder segurar quando nascer?

─ Eu pretendo.

O Gabriel envolveu um abraço forte em Luan e sorriu, caminhou até mim suado e me abraçou juntando as mãos e beijou minha barriga...

Que sensação estranha.

Eu me abaixei e abracei o menino, não agir por mim mesma, não sei porque fiz tal ato e depois o soltei rapidamente e me distanciei com um certo frio na barriga.

Ele sorriu e Luan arregalou os olhos nos olhando e não acreditando na cena vista.

─ Você ─ apontou pra Gabriel. ─ Vai pro banho.

Gabriel sorridente, assentiu saindo.

─ E você ─ me olhou. ─ Vai desfazer essa mala!

Estufei o peito e fiz uma carranca.

─ Você não me dá ordens seu...

A porta foi aberta e a garota de cabelos escuros surgiu desajeitadamente. Priscila sorriu puxando o uniforme da escola e entrando sem convites. Ela havia me salvado daquele homenzarrão.

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora