Capítulo 91

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William

Tão preocupado com Bela estive que foi - se uma manhã de dispersão no trabalho.
Por bem decidi não fazer cirurgias ou até poderia esquecer alguma coisa dentro de alguém de tão angustiado que estava perdendo a capacidade inclusive de separar um sentimento do outro .
Como se soubesse , talvez sempre sabia , Nacho apareceu .
- Atrapalho ? - Fiz que não pois não o fazia no mais mínimo.
Eu não conseguia focar.
- Ainda triste ? - Indagou e respirei fundo .
- Mas agora é diferente - Disse.
- Realmente parece pois antes era como se estivesse inconformado , agora parece muito mais com  preocupado - Definiu bem .
- E eu estou - Não escondi mas permaneci sucinto .
- É a menina ? - Ele fodidamente sempre sabia pois acertou bem na ferida .
- Pois é Nachito . Se não é ela a maior razão do meu sorriso e também dos meus cabelos brancos - Falei coçando a cabeça só de brincadeira .
- Mas vale a pena ? - Indagou rindo também .
- Totalmente pois minha vida nunca foi tão complicada e corrida . Todo o dia literalmente é um novo dia , é sempre surpreendente - Expliquei .
- E qual é a surpresa da vez ? - Perguntou .
- Você sabe que ela ficou abalada com a perda da filha - Apesar de não nos vermos com a mesma frequência ele estava bem ciente dos acontecidos .
- Então isso fez com que ela começasse desesperadamente a caçar formas de reverter isso , o que está mais do que certo mas eu temo que ela possa estar só se machucando mais - Porque com aquele pai ...
- Se acontecer você a segura - Mas eis outro detalhe angustiante ,
- Receio que dessa vez é melhor que eu fique de fora . Ela pediu que quando fosse confrontar esse problema em específico fosse com um amigo - Ele colocou a mão na boca .
- E você não gosta desse amigo - Revirei os olhos .
- Não quando ele não foi só um
amigo - Deixei escapar com desabafo .
- Maite é uma beijoqueira
incorrigível  - Falou e levantei as mãos negando .
- Era . Agora ela só beija a minha boca , é uma beijoqueira
monogâmica - Apontei .
- O que não faz com que fique mais seguro - Não .
- Não é que eu não confio nela . Eu não confio é nele - Expliquei.
- Frase de ciumento - Elucidou .
- Não sou ciumento - Argumentei com chateação .
- Mais uma frase de ciumento - Grunhi .
- Eu juro que não era assim - Admiti negando um pouco .
- Nunca são . Ficam . É o bichinho do amor que te mordeu .
- Mordeu e arrancou pedacinho por pedacinho meu coração - E o cérebro e quem sabe o auto controle também .
- Mas não devia ficar se martirizando . Ela pode estar com ele em alguns momentos mas é para você que volta . É para você que ela conta o dia . E principalmente é para você que ela é beijoqueira - Falou levantando - se da mesa e saindo até me deixar com o peito menos pesado .
Porque realmente leve ele só estaria depois que Bela me disser que tudo ocorreu como eu espero .
Uma distância segura entre ela e Arturo e uma conversa amigável com o crápula do seu pai ...

Maite

Meu pé instintivamente foi para trás mas como se soubesse que necessitava de amparo Arturo me segurou no lugar pelos braços enquanto eu respirava fundo .
- Entre - Ricardo disse dando espaço para que eu o fizesse e me sentei assim que indicou onde eu deveria na recepção .
Entendi que esperava que fosse breve pois nem sequer convidou - me a seu quarto .
- O que eu tenho para falar é algo delicado e não sei se será tão rápido quanto pensa - Ele respirou fundo e revirou os olhos .
- Vamos lá Ric não seja tão intransigente - Pediu Arturo e ele  suavizou rapidamente a expressão dura .
Mas só por um segundo , depois estava com o mesmo olhar fechado .
- Por aqui - Disse e nos encaminhamos a um corredor amarelo de um piso de madeira rústica tal qual o quarto que  paramos figurado por uma cama e uma cômoda apenas além do banheiro pequeno .
Era tão impessoal que lembrava minha própria casa .
- Se não fui embora ainda é porque ainda estou a disposição da justiça já que decidiu recorrer e creio que é por isso que está aqui - Foi objetivo e frio .
- Por algum motivo é meu pai , certo ? Vejo que conhece algo de mim - Mesmo que fosse uma coisa tão rasa quanto saber quando ia pedir alguma coisa .
Trocaria sua observação analítica por um carinho .
- Conheci . Ou achei que conhecia durante um tempo depois tudo mudou . Você se tornou teimosa e impertinente - Falou ríspido .
- Ou talvez seja só o gene - Devolvi .
- É desse jeito que pretende que te ajude ? - Ele sabia que estava ali para pedir especificamente ajuda e fitei Arturo .
Eles haviam conversado .
- Desculpe - Baixei a cabeça pois se me humilhar preciso fosse eu o faria .
Tudo ....
Absolutamente tudo pela minha filha .
- Ao final parece ter aprendido alguma coisa comigo todos os anos de convivência . Um pingo que fosse de educação - Engraçado como as coisas boas ele associava a si e as ruins não .
- Sim pai . E é por isso que estou aqui para falar em nome desses anos de convivência - Tentei .
- E que você negou - Respirei .
A paciência já abandonando meu sangue dando lugar a mágoa .
- Você sabe que foi porque me senti sufocada e obrigada a ser exatamente  o que não era - Falei .
- Uma mulher direita ? - Indagou.
- Não pai . Um ser humano livre . Uma pessoa que tem poder de escolha - Falei .
- De escolher errar ? - Caçoou .
- E de acertar também - Falei sério .
- Acetar onde ? Eu voltei a sua vida dois anos depois e tudo o que vejo são inúmeros erros . Gravidez na adolescência de um marginal que nem ao menos pode manter longe da sua filha , pior a perdeu para ele ao se enredar com um descontrolado - Falou .
- Meus erros . Meus porque eu tinha que passar por cada um deles para acertar por fim . Porque mesmo neles eu acertei pai mas você jamais reconhecerá por seu orgulho ferido quando vê que existe uma vida fora das suas regras . Eu acertei quando tive uma filha porque só com ela eu pude perceber o quão mal tinha escolhido o companheiro e decidi esquece - lo , só por ela fui atrás de um futuro , só por ela encontrei um homem bom que não vou deixar que diminua em seu olhar arrogante - Demandei me levantando .
- Homem bom ? Você não sabe o que é isso . Os bons de verdade você deixa que saia da sua vida . Não os valoriza . Arturo está aí para isso - Falou levantando - se também olhando no meu olho .
O encontro dos olhos negros em combate era gritante .
Tanto que de repente fui transmutada a nossa última discussão a dois anos , a que culminou minha fuga .
E num misto de sentimentos não poderia saber o que ocorreria a seguir ...

Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...Onde histórias criam vida. Descubra agora