Adriana ouve a campainha tocar, sai correndo da cozinha onde estava a terminar de arrumar a mesa. Ela olha pelo olho mágico e abre a porta.
- Elemi!
- Olá, minha amiga! - Elemi abraça Adriana. - Quanto tempo, sua bruxa.
- Já faz algum, não é? Vamos entre...
Elemi entra na casa após limpar os pés no tapete.
- Não precisa limpar os pés...
- Não gosto de trazer energia ruim das ruas para dentro da casa.
- Tem razão... venha, estava terminando de por a mesa. Sente-se.
Puxando uma cadeira, Elemi senta próxima a mesa e pega uma xícara de porcelana para ver os desenhos gravados.
- Xícara de porcelana é uma coisa velha. - Disse rindo.
- Olha quem fala! - Adriana coloca um bule de porcelana ma mesa. - Sou uma velha que gosta de coisas velhas.
- Ai amiga... eu também. As vezes nem acredito em quanto o tempo passou rápido, estou com 53 anos já.
- Agradeça por não ser uma Henaste.
- Por Hécate... eu ficaria louca. Imagina viver por quase uma eternidade.
- Ah, mas me fale... usou algum feitiço para beleza, não é? É impossível não tem rugas.
- Hahaha... ai Adriana... confesso que sim... o que seria de mim sem meua feitiços de Alavue Bellar. Hahaha...
- Faz a coisa certa! Tome, beba um pouco de chá. - Adriana serve a amiga.
- Está com um cheiro ótimo, colocou noz moscada?
- Uma pitada... quase 5 gramas.
- Poderia ter colocado, assim eu morreria feliz.
- Não sofremos o efeito da noz... é uma pena... - Adriana coloca um pouco de chá em sua xícara. - Rosquinha com glacê?
- Sim, obrigado. - Elemi se serve. - Amo rosquinhas.Passos miúdos vem da sala, era o gato de Adriana.
- Olha só quem apareceu... Shadow! - Elemi coça a cabeça do bichano. - Como vai esta bolinha de lã preta, hein? Coisa fofa.
- Vem sendo meu companheiro a anos, desde que as crianças saíram de casa. - Ela bebe um pouco de chá.
- Ainda chama eles de crianças, Adriana?
- Para mim ainda são.
- Gostaria de vê-los, saber o que fazem, como estão...
- Bianca virou professora!
- É mesmo?
- Uhum... - Adriana morde uma rosquinha. - De história e filosofia. Ariane virou delegada aqui da capital.
- Nossa! Então ela conseguiu o que sempre quis.
- Conseguiu mesmo!
- E o rapaz... o...
- Hanyel?
- Isto! Lembro dele, mas seu nome sempre me escapa.
- Ele é professor de biologia, trabalha com Bianca, antes disto trabalhou em uma cafeteria no centro da cidade.
- Então estão todos encaminhados. Isso é um alívio.
- Estão... - Adriana para para pensar. - O que você fez por nós... fui crucial para torná-los o que são hoje.
- Não fiz mais do que minha obrigação. Eu recebi todo o bem que fiz a vocês. Não me arrepemdo. - Elemi segura a mão da amiga.
- Eu gostaria de retribuir.
- Tudo bem, um dia você retribuirá. Agora vou terminar meu chá.
- Hahaha, tudo bem.Após tomarem o chá da tarde, Elemi e Adriana vão para a sala.
- Antes de você sentar nesta poltrona, Adriana... eu tive uma idéia... vamos sair, passear pela cidade.
- O tempo está meio nublado.
- Está per..
- ... feito! - Uma complementou a outra.
Saindo da casa, Shadow vai tentando sair junto.
- Não Shadow, fique aqui.
- Miau...
- Não vai acontecer nada, eu sei me cuidar.
- Miau-au...
- Fique bem. - Adriana fecha a porta.
Na calçada, Adriana e Elemi começam a reviver os momentos de alguns anos atrás.
- Lembra quando nós fomos naquele restaurante aquela vez e o garçom foi estúpido comigo e você fez ele cair no meio das mesas? Hahahaha!
- Sim, lembro, hahaha...
Elas viram a esquina.
- E aquela vez que...
Adriana fica sem voz e paralisa.
- Adriana? Adriana... o que houve?
- Elemi... ali... - Adriana aponta para um homem fardado.
- Não é possível... ele está usando a farda da AOM.
- O que será que ele...
O homem vira-se lentamente para a direção de Elemi e Adriana. Os olhos dele serram e ele saca uma arma.
- Paradas! - Gritou ele.
- Corre, Elemi! - Falou Adriana.
As duas saem correndo, o homem vem logo atrás dando ordem para pararem. Adentrando em ruas sem movimento, elas correm para uma ruela sem saída.
- Por qual motivo viemos aqui?
- Vamos pegá-lo!
- O quê? Está doida?
- Não! Nós vamos pegá-lo.
- Estamos velha, sua maluca. Eu nem sei como conseguimos correr até aqui tão rápido.
- Espere só...
- PARADAS! - O homem gritou ao apontar uma arma carregada com balas de núcleo de mercúrio.
- ESTAMOS PARADOS, SEU VIADO. - Gritou Adriana.
- CALA A BOCA, BRUXA.
- Cala a boca, Adriana! - Elemi condena a amiga com um olhar.
- O que você quer? - Adriana diz ao homem.
- Vocês! - Ele disse ao se aproximar.
Estava a menos de três metros de Elemi e Adriana, as duas não tinham como sair dali sem passar pelo homem.
- O que vamos fazer? - Elemi diz tremendo.
- O que vamos fazer? Elemi!!! Nós somos bruxas! - Adriana diz para a amiga.
- Fiquem quietas!
- Fique quieto você, ou senão eu vou aí e te arrebento na borduada.
- Hahaha... cala boca sua doida! - Elemi bate no ombro da amiga. - Vamos lá?
- Só se for agora! - Adriana estica suas mãos e faz uma sombra encobrir a mão do guarda.
Ele atira, mas as balas ficam presas na sombra. Elemi corre em direção do homem e lhe dá um chute nos testículos, Adriana vem e dá uma cotovelada em seu pescoço, fazendo-o cair ao chão.
O homem conseguiu se livrar da sombra e tenta atirar em Adriana, mas Elemi faz uma sombra entrar em sua boca.
- Soca a barriga deste canalha! - Gritou Elemi ao manusear a sombra.
Adriana começa a chutar a barriga do homem, fazendo ele se engasgar com a sombra.
- Seu... filho... de... uma... puta!!! - Adriana dá um chute atrás do outro.
- Adriana, chega!
- Seu... desgraçado! - Ela continua a chutar.
- Adriana!!!
- Seu despirocado do caralh...
- ADRIANA!!! - Elemi berra.
Adriana para.
- ELE MORREU!!!
- MINHA DEUSA!
- SOCORRO!!!
- NÃO GRITE SOCORRO, ELEMI!
- AAAAAAAAAAAH!!!
- AAAAAAAAAHH!!!
- CALA A BOCA!!!
Adriana põe as mãos na cabeça.
- Eu matei esse desgracado.
- O que vamos fazer???
- Eu não sei, eu...
Adriana olha para os lados e vê uma grande lata de lixo proximo ao muro.
- Eu tive uma idéia, Elemi.- Isso... dobre o braço dele.
- Não vai caber, Adriana.
- Quebra o braço dele.
- Eu não vou quebrar.
- Ah ta bom... mas matar você mata.
- Ta legal! - Elemi força o braço do homem que estava quase todo dentro da lata de lixo.
"Creck" foi o som que veio dos ossos quebrados. Adriana empurra as pernas para dentro, coloca alguns papeis que estavam no chão e tampa a lixeira.
- Pronto. - Disse limpando o suor.
- Quem precisa de academia? - Elemi diz rindo.
- Agora... temos que saber como este filho da puta soube que somos bruxas e a razão de estar aqui.
- Mas ele morreu.
- Foda-se... nós somos necromantes, mulher.
- Ai caralho, eu me esqueci!
Adriana ri.
- Amiga...
- O que foi, Elemi?
- Sabe quando você disse que queria me retribuir de ter te ajudado?
- Sim... o que quer?
- Me pague um lanche na cafeteria do centro, estou morrendo de fome.
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Além da inquisição
FantasyTreze anos se passaram após a grande explosão que deu fim aos Campos de Inquisição. A raça dos bruxos está se extinguindo. Os três bruxos, aprendizes da Necromante, cresceram e se tornaram bruxos extremamente hábeis e poderosos, mas alguns problemas...