Capítulo Único - Destino

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Qualquer paisagem deste mundo te leva a crer que ele é o paraíso.

Da janela da biblioteca, os montes e vales de Eldarya podiam ser confundidos com um pedacinho do céu.

Mas eu já estava ciente de que não era.

Aprendi muito nova, que não se deve julgar um livro por sua capa.

E aprendi em Eldarya, que não se deve julgar um local por seus límpidos campos. Nunca se sabe as histórias enterradas neles...

Fazia umas poucas semanas desde que os responsáveis pela Guarda de Eel e os chefes das outras guardas, armaram uma forma de tentar me fazer esquecer do meu mundo.

Do meu lar. Da minha casa. Das pessoas que eu amo.

Não bastasse isso, justo ele teve a coragem de me abordar. De me dar aquele... "beijo".

Tentei incessantemente ignorar os fatos e as pessoas ao meu redor, presa ao meu própria descontentamento. Porém as coisas não melhoraram.

Depois da invasão do QG, a chegada de Nayliti, a missão em Balenvia e todas as estranhezas que aconteciam dentro da guarda, eu, me empenhando mais que nunca para realizar missões e arrumar uma forma de me encaixar, acabei de frente com um dos meus maiores problemas:

Meu confidente se fora.

Leiftan partiu.

Em meio a todo o caos em que o QG estava. Em meio ao caos em que EU estava.

Partiu sem deixar rastros. Ninguém sabia dizer bem o porquê. Após a confusão da batalha dentro da sala do cristal, Leiftan havia sido ferido por Nayliti. E alguns dias depois... Desapareceu.

Se Miiko já estava cheia de dores de cabeça, estou certa de que conseguiu umas extras. Ela buscava crer que o pior não havia acontecido com ele. Mas a peguei na sala do cristal, se perguntando se, caso o pior não tenha acontecido... Como ele sumiu?

Eu já não tive tempo para fazer conjecturas. Me sentia desolada.

Leiftan nunca faltou nos momentos em que precisei. Tirando meu chefe de guarda, todos os momentos em que pôde me ajudar em missão, ele estava lá.
Quando eu possuía algum problema, ele estava disposto a me ouvir.

Mais do que isso. Ele parecia sempre saber quando algo não estava certo.

E agora, nem eu sabia o que estava certo ou não.

- ... Liz?

Me virei com calma ao escutar a voz de Kero. Ele estava próximo a entrada da biblioteca com aquele olhar cauteloso e preocupado. Provavelmente, não me via entristecida assim desde a enganação.

- Oi, Kero. - lhe entreguei o melhor sorriso que pude, e sei que não deve ter sido o mais bonito. - Você vai fechar a biblioteca? Eu já estava de saída... - falei me levantando.

- N-não! Você pode ficar, Liz. Eu vim apenas deixar alguns formulários de relatórios. Estamos precisando de vários, você pode imaginar.

- É..

Eu realmente podia.

Não que a guarda não tenha sido sempre uma correria desde que eu cheguei, mas... Ultimamente, com hamadríades e ex-membros corrompidos, monstros aparecendo sem aviso prévio, feitiços para entrar na mente dos outros, casos de possessão, mortes, entre outros, eu sabia que cuidar da organização não estava sendo nada fácil.

Olhei para Kero remexendo nos papéis com um olhar meio perdido, e mais uma vez meu senso de bondade e determinação avisou que, independente da situação, sempre que puder ser útil, devo ser.

Novo Ano, Novas ChancesOnde histórias criam vida. Descubra agora