Tae apontou para a vitrine:
— Olha ali, aquele CD que eu queria!
Chegaram mais perto. Jungkook viu seu rosto difusamente refletido no vidro: um rosto cansado, encardido, a barba mal feita.
— É esse mesmo, amor!
— É.
— Qual é o que você está pensando? Estou falando daquele ali, ó.
— Eu sei.
— Aquele com a capa branca, de lá.
Ele olhava fixo para o vidro, aproximando e afastando a cabeça, tentando apanhar a imagem completa de seu rosto, que parecia fugir-lhe, numa brincadeira diabólica.
— Você acha mesmo?
— Acha o quê?
— Que é aquele mesmo, que a gente procurou por tanto tempo.
— Acho; eu não disse que acho?
— Então qual é ele?
— Aquele ali. — arriscou.
— Não.
— Estou falando daquele segundo, de lá pra cá.
— Na fila de cima?
— É.
— Também não.
— Então é aquele colorido ali.
— Colorido? Ah, também não.
— Então não sei, pronto.
Começou a andar, de cara fechada. Taehyung o acompanhou.
Era fim de tarde, avenida movimentada, pessoas voltando para casa com embrulhos, rapazes na beirada da calçada, turmas de alunos em grupos, lojas fechando, filas, rostos cansados, gastos, suados, barulhos dos metrôs, estalos elétricos.— Eu estava só querendo puxar conversa. — Tae disse. — Não era motivo de você ficar assim...
— Assim?
— Com essa cara.
— O que tem minha cara?
— Nada; não tem nada...
Jungkook olhou para Tae; Tae não olhou para ele.
— Está bem, aqui minha cara, ó. — e ele fez uma careta alegre. — Está boa assim?
— Não foi pra chatear que eu estava perguntando; queria só puxar conversa, você estava tão calado...
— Eu sei, bem, eu sei — Jungkook disse, sem raiva, sem irritação, sem mágoa, pensando como devia ser bom estar aquela hora lá em cima daquela serra, aquela serra calma, longe, azulada, que aparecia lá no fim da avenida, por trás dos edifícios.
— Mas se você não quer conversar, então não conversemos; como você quiser.
— Eu quero — quero o quê?, ele pensou, sem se importar com a resposta, olhando o metrô que passou.
— Você anda tão diferente... — Tae desabafou. — Calado... Distraído... Ríspido...
— Eu estou cansado.
— Você sempre diz isso.— E o que queria que eu dissesse?
— A verdade.
— E essa não é a verdade?
— Não.
— Então qual é a verdade?
Tae não respondeu.
— Huh, qual é a verdade? Você não vai me dizer?
Tae não respondeu.
— Bem, então não diga.
— Você não é mais como era antes, quando nos conhecemos...
— E você? Você acha que é o mesmo? Ninguém é sempre o mesmo.
— Você era alegre, brincalhão...
— Bom, eu estou cansado, você não vê? Não vê que eu estou cansado? Olha pra minha cara: não vê?
— Não é cansaço.
— Então me diga o que é.
— Você sabe.
— Não sei.
— Sabe, sim.— Juro que não sei.
— Você não gosta mais de mim.
— É? Escuta: por que você diz isso se sabe que eu gosto, huh?
— Se você gostasse, não estaria assim.
— Assim como?
— Como está agora.
— Ai, meu Deus. — ele passou a mão pelo rosto, sofridamente.
— Aí, eu não estou dizendo? A gente não pode dizer nada, que você explode.
— Isso é explodir?
— Você está puto.
— Está bem: então eu não vou dizer mais nada; eu não posso dizer nada, que você diz que estou explodindo, ríspido, puto e não sei mais o quê...
— Não diga, a boca é sua.
— Sua é que não é.
— Ainda bem.
O silêncio ia inteirar um quarteirão, quando Jungkook disse:
— Por que não podemos passar nem 10 minutos sem brigas? Por que a gente tem sempre que estar brigando?
— Não é minha culpa.
— Eu sei: é minha.
— Hoje, por exemplo, eu só estava puxando conversa e você...
— Fui ríspido, já sei. Não precisa começar tudo de novo.
— Quer saber de uma coisa? O melhor é nós terminarmos.
— Terminarmos?
Ele sentiu um frio, não muito comum em uma cidade como Seul no verão.
— Não combinamos mais mesmo.
De repente, tudo perdido, não há mais palavras nem gestos, só um espaço escuro sufocando a garganta.
— Acho que não é caso disso... Não é caso de a gente terminar... Eu sei, reconheço que eu estou mesmo como você disse, mas não é minha culpa — Jungkook disse, de cabeça baixa e com os olhos marejados. — não é porque eu quero, que estou assim.
Haviam chegado ao ponto do metrô.
— Vou tomar esse ainda — disse Taehyung. — Tenho de chegar mais cedo hoje em casa.
Jungkook olhou para Taehyung e, não sabendo o que dizer, voltou a olhar pro chão.
— Até logo. — Tae disse.
— Amanhã telefono?
— Se você quiser.
— E você?
Taehyung já havia entrado no metrô.
Da janelinha, olhou para Jungkook, mas não sorriu, nem abanou-lhe a mão.
Jungkook ficou olhando o metrô se distânciar pela estação, o rosto abatido, pensando em como o amor era difícil.👽
Eae galero, tudo suave?
Ontem, no dia 18 de dezembro perdemos um anjo conhecido como Jonghyun... Oremos por ele, pela família e pelos colegas dele, eles precisam...Bom, é isso, bjs pra geral e lalala
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Hard;; kth+jjk oneshot
FanfictionJeon Jungkook não sabia que o amor era tão difícil.