Prólogo

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Amanhecer, 31 de dezembro de 2015 - Boston, EUA

Diante de Klaus a mesa composta por diversos talheres e taças com vinho e água, o bruxo encarava Olrac a sua frente. – Eu não vou voltar, pai... – O mais novo disse para o mais velho. – Não ainda. – Klaus levou a taça com vinho branco até sua boca e saboreou o paladar da bebida.

Olrac por sua vez mantinha seu copo de uísque sempre em sua mão. – Meu filho, você é o próximo líder de nossa família, você deve voltar para casa. – O patriarca Kauffman já havia perdido as contas de quantas vezes havia tentando fazer o filho mais velho voltar para casa, por mais que soubesse que o destino já havia sido traçado.

Para Klaus não estar na Alemanha era muito mais importante do que ser uma das muitas marionetes de Viktor e dos mais velhos de sua família. – Você não vai renunciar agora, não vamos fingir que me tornarei líder daqui a alguns meses.

O pai riu, Klaus estava certo e esse era o maior problema. – Já que é assim... – Olrac deu de ombros. – Mas não pense que irá simplesmente fazer o que bem quiser, como foi ao vir para cá.

A atenção de Klaus estava totalmente voltada para as palavras do pai. – Quais são as condições? – O bruxo perguntou, com uma pontada de curiosidade.

– Antes, preciso saber de uma coisa. – Olrac bebericou novamente de seu copo. – Agora que está formado, irá fazer residência em qual hospital? – O bruxo queria confirmar, mais uma vez, a visão de seu próprio pai.

A pergunta do pai parece completamente fora de contexto para Klaus, porém o Kauffman a respondeu. – Me inscrevi para o programa de cirurgia no Centro Hospitalar Tríplice-Fronteira. – Klaus bebeu novamente do vinho. – Porquê? – Indagou no momento em que viu o risinho do pai.

– Bem, eu não esperava nada diferente. – Olrac já sabia da escolha de Klaus, afinal meses antes a visão de Viktor havia lhe informado que o filho iria para Ermickville. – E é lá que sua missão irá começar.

Klaus olhou confuso para o pai. – Missão? – O bruxo sabia que vários de seus primos e tios, recebiam missões ao redor do mundo, mas nunca havia participado de uma. – Isso não é para os restante da família? – Havia uma pequena nota de desprezo na pergunta do bruxo.

Olrac riu novamente. – Desde que eu assumi o controle sim, mas antes, até mesmo a família principal tinha missões. – Olrac olhou ao redor, o restaurante estava vazio, reservado apenas para eles e os demais membros da família que em breve chegariam. – O importante que você deverá trabalhar em prol no nome de nossa família.

O mais novo apenas balançou a cabeça concordando. – Se diz... – Na vida de Klaus tudo sempre rodou em volta do nome da família. – O que quer que eu faça, papai?

O pai pode sentir a gana na voz do filho, o que internamente o fez sorrir. – Ainda não possuímos representantes no Brasil, nada melhor do que usar você para isso.

A verdade era que, para Klaus colonizar um território livre de Kauffman era uma verdadeira oportunidade para provar, não apenas para os outros, como também para si, sua verdadeira capacidade. – Fechado. – Respondeu sem pestanejar.

Olrac levou o copo em direção a Klaus, que ergueu a taça e brindou com o pai. –Você tem três anos, a partir de sua chegada. – Klaus concordou com a cabeça. – Depois disso, eu assumirei a missão e você terá que fazer o que eu quiser. – Só quando o acordo havia sido fechado, Klaus percebeu a armadilha em que havia caído, porém já era tarde demais para voltar a trás.

– Você não precisará se meter, papai... – Os bruxos escutaram as vozes de Jane e demais, o que os levou a mudarem de assunto.

Ermickville - A Fúria da Besta [Livro 1 - COMPLETO] (EFCW)Onde histórias criam vida. Descubra agora