Capítulo 92

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Ele entrou e logo em seguida entrou minha mãe, a Gabi e o Arthur. EU NÃO ESTOU ENTENDENDO O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI AINDA.

- Filha... - ele começou a dizer, mas o fato do Victor se levantar rapidamente o fez se interromper. - Me perdoa, eu não queria ter feito aquilo. - continuou e foi se aproximando de mim. 

- Você dá mais um passo e eu ligo pra polícia. - Victor falou se enfiando na minha frente. 

- Relaxa amor, eu sei me defender. - cochichei no ouvido dele segurando no seu braço, ele veio para o meu lado e entrelacei a minha mão na dele. 

- Quem é você moleque ? - perguntou. 

- Meu namorado. - respondi. 

- E você acha que tem alguma autoridade pra isso ? 

- Eu tenho. - minha mãe disse. - E eu ligo pra polícia sem pensar duas vezes. 

- Aliás, como você deixou nossa filha namorar esse menino ? - perguntou para ela. Meu Deus, meu pai é um cretino!

- Como eu deixei ou porque eu deixei não é da sua conta. Que eu saiba você deixou de ser pai dela há muito tempo. 

- Eu ainda sou pai dela. 

- Pai não é só nome, pai é presença, ensinamento, ver a filha cair e se levantar, dar conselhos, coisa que você não fez. - Victor falou. 

- E desde quando você sabe de alguma coisa ? 

- Você nem o conhece para dizer o que ele sabe ou não sabe, abaixa essa bola aí vai. - falei. 

- Você tem que agradecer por eu ter muita educação, coisa que eu percebi que você não tem, porque eu podia muito bem ter falado umas poucas e boas aqui pra você. - Victor falou.

- Ah era só o que me faltava, um moleque de... 

- Ele tem nome, Victor. - o interrompi. 

- Um moleque de não sei quantos anos vir querer me dar lição de moral. Parece que sua mãe não te ensinou a ter respeito com os mais velhos. 

- Você dobra essa língua pra falar da minha mãe, ela me ensinou direitinho a ser educado e ter respeito, não criou um moleque, me ensinou a ser homem. 

- É um moleque sim! Moleque. - começou a apontar o dedo na cara dele. 

- Você tira esse dedo da minha cara. 

- Tá precisando de uma bela surra pra aprender a respeitar os mais velhos, principalmente o sogro. - continuou com o dedo na cara dele, eu não me contive e dei um tapa no dedo dele. 

- Você não é ninguém pra colocar o dedo na cara de alguém. - falei. 

- E você vai fazer o que ? Me bater igual fez com a sua filha ? - ele largou a minha mão.

- Você não é louco de encostar um dedo nele. - minha mãe disse.

- Sai do meu quarto vai. - fui em direção a porta e fiz um gesto para saírem. - Todos. 

- Filha... - meu pai começou a dizer. 

- Você não dirija a palavra a mim nunca mais. Agora sai do meu quarto. - todos foram saindo e o Victor ficou parado. - Você também. 

- Eu ? - ele disse sem entender.

- É, você. - ele pegou o celular dele e saiu. Fechei a porta e escorreguei atrás da mesma, é muita coisa acontecendo de uma vez só, agora é o Victor e o meu pai brigando, ele voltou, tenho uma irmã, não to conseguindo digerir todas essas informações.

|| VICTOR NARRANDO

Não entendi o porque dela ter me mandado embora, talvez queira ficar sozinha, não sei, vou dar esse espaço pra ela. Desci a escada e me sentei na mesa com a Gabi, o Arthur e a Rose. O pai da Nicole estava sentado no sofá mexendo no celular.

- Porque você não manda esse cara embora tia ? - Gabi perguntou.

- Já tentei, Gabi. Mas a casa tá no nome dele também, e pelo jeito ele não quer ir embora de jeito nenhum. - a Rose falou. 

- Ele não tem que querer nada tia. - Arthur disse. 

- Eu sei, mas o que eu posso fazer ? Chutar ele pra fora que não dá, olha o tamanho dele perto de mim. - ela riu. 

- Victor. - Gabi me chamou.

- Fala. - falei. 

- Tá tudo bem ?

- Tá sim.

- Tem certeza ? - Arthur perguntou. - Não tá parecendo. 

- Desculpa viu. - minha sogra disse colocando a mão dela sobre a minha.

- Você não tem que pedir desculpas, não fez nada.

- Mesmo assim, do jeito que eu conheço o Carlos, ele não vai pedir desculpas.

- Isso mostra o quanto esse cara tem caráter. - falei ironicamente. - Como você se casou com alguém assim hein Rose ?

- Quando a gente se apaixona, a gente fica cego, não vê os defeitos da pessoa que amamos. Por mais que o pai da Nicole tenha defeitos enormes, ele nunca, NUNCA, levantou a mão pra ela.

- Mas as vezes não dá pra aturar né tia ? - Arthur disse. - Chega ao nosso limite. - Gabi olhou pra ele. 

- Sim, claro, tem hora que chega ao extremo. No meu caso quando chegou, ele foi embora. Não deu pensão, nem nada do tipo. 

- Porque não recorreu à justiça ? - Gabi perguntou. 

- Não seria bom pra Nicole, ela é sensível demais, ia ser muito doloroso pra ela ter um pai na cadeia, já era ter um pai assim e outra, não somos divorciados no papel.

- Não pediu o divórcio desde que ele voltou ? - Gabi perguntou novamente. 

- Pedi, mas ele não quer dar. Disse que ainda me ama e que somos uma família. 

- Você não acreditou nessa baboseira né ? - perguntei. 

- Óbvio que não, ele bateu na minha filha. Isso é doloroso tanto pra ela, quanto pra mim. Ela sempre sentiu falta de um pai, mas não merece ter um pai assim. 

- Não mesmo. - Arthur falou. 

- Desculpa, mas eu não to conseguindo ficar no mesmo ambiente que esse cara, vou dar uma volta, depois eu volto. - me levantei, peguei meu celular e sai da casa.

Não engulo esse cara de jeito nenhum! Melhor coisa que faço agora é ir comer, fui andando em direção a praça que tava minha moto. Graças a Deus tudo lá ainda, peguei meu capacete, subi na moto e fui em direção ao shopping.


O Menino De RolêOnde histórias criam vida. Descubra agora