Olhar em vão
Perante a bruma, que ofusca
Como chuva que turva a visão
Um olhar em vão
Porem esclarecedor
De uma tentação estringida que corroí o interior
A garganta é muda
No peito cai chuva, e ela rega esta flor
Não deposites nela a culpa, mas sim culpa o amor
Há quem julga ele como sendo uma cura, esquecem-se que quando não correspondido tortura e inunda o interior de ardor
E no seu rio o meu coração flutua e desagua na companhia da lua no caderno do autor
do poema: um olhar em vão porem esclarecedor
Se manteres o olhar
Fixo no meu
Não será difícil decifrar
O que em mim floresceu
A minha boca nega
Mas a chama de desejo em meu olhar fala mais alto que ela
E ela revela
Que todo o príncipe, precisa de uma Cinderela
E que toda a vela, para arder, precisa de fogo
Não estava á espera que este incendio interior me tirasse o sono
Quero-me afogar no gosto, de cada poro do teu corpo
Quero uma vida contigo enquanto vivo e depois de morto
Anseio perdermos o juízo bebendo uma garrafa de vinho junto ao rio Douro
Cada momento passado ao teu lado valerá mais que um disco d'Ouro
Eu estou rouco, pois pouco a pouco, o desassossego está-me a comer as cordas vocais
Por querer surfar nas ondas do teu cabelo até não puder mais
São sensacionais as fortalezas das tuas proezas
O teu coração é benemérito de riquezas, fluidas nas suas profundezas
Quanto ás certezas que tenho?
É que não quero comprar quem desdenho
E quanto mais tempo passa
Mais o sentimento assa na brasa
E o afastamento aumenta o crescimento numérico da sua massa
Quando estou comigo a sós
Vem me á cabeça a tua presença e a tua voz
Ela é como poesia
Aquece a melodia depois de lida
Ela é como um abraço que aconchega nos dias em que o céu se veste de cinza
O tempo paralisa, quando estás na mira do meu olhar
As borboletas na minha barriga começam a voar
É como o tempo, que não perde tempo em girar
Se eu pudesse escolher, escolheria ficar mais tempo
Porque o tempo passa a correr e não a andar, nem dou por ele passar
Eu sei que sou mau a representar
Neste caso a disfarçar
Eu sei que dá para notar, para quem sabe teatrar
Porem o olhar
Também não deixa negar
Que estou a começar a gostar
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Um olhar em vão, porem esclarecedor
PoetryOlhar em vão Perante a bruma, que ofusca Como chuva que turva a visão