Não tocarás o filho da terra

9 3 0
                                    

- Até que enfim as férias! - Hanyel pega sua jaqueta de couro do cabideiro atrás da porta.
- Onde vai? - Bianca pergunta.
- Irei no consultório hoje, faz algum tempo que não vou.
- Faz bem, mas aparenta estar melhor.
- É... eu sei disfarçar.
Hanyel abre a porta e vai para a garagem pegar seu carro.

- A doutora está livre, pode entrar na sala.
- Muito obrigado!
Após bater na porta, Hanyel entra.
- Com licença! - Ele diz ao fechar a porta.
Marianna estava sentada em sua escrivaninha escrevendo algo.
- Oh, desculpa, não ouvi. Por favor, sente-se.
Ele senta no divã.
- Me abandonou! - Disse a doutora ao se aproximar.
- Estava ocupado com o trabalho, agora tenho tempo livre.
- Tudo bem. Então vamos lá. Pode deitar. - Ela pega sua prancheta e uma caneta. - Teve maia crises?
- Não, apenas dorea fortes de cabeça.
- Uhum... como se sente estes dias?
- Vazio...
- Vazio?
- Na verdade não... são tantas coisas perfurando minha mente... coisas acontecendo.
- Gostaria de contar?
- Não, creio que seja muito pessoal.
Marianna se levanta e vai até a janela fechar a cortina.
- Lutar contra um inquisidor no meio da rua, não é algo pessoal.
Hanyel fica espantado.
- Como sabe?
- Sou uma bruxa, não sou?
- Pelo que sei, seus poderes são limitados a apenas conjuros.
- Não se engane... - Ela fecha a cortina a sala fica escura.
Hanyel se levanta, olha para os lados e não vê a doutora.
- Doutora? - Ele se vira e ainda não consegue ver ninguém. - Marianna?

Ele sente um frio na espinha. Ao olhar em direção a parede, seus olhos sobem e ele enxerga dois pontos brilhantes no teto.
- Caralho!
A doutora pula em direção a Hanyel, fazendo-o bater no divã e cair do outro lado. Levantando-se rapidamente, olha para todos os lados procurando por Marianna, mas nada vê.
- Meus  são limitados? - Disse ela ao cair do lustre e cortar o rosto de Hanyel.
- O que está acontecendo? - Hanyel a joga de lado.
A doutora sobe a parede rapidamente como uma lagartixa. Seus olhos brilhavam no escuro, ela andava pelo teto.
- Venha, bruxo. Eles o querem...
- Me querem para o quê?
- Para ser um soldado! - Marianna desce da parede e fica frente a frente com Hanyel.
- Não farei isto.
- Fará sim! - Marianna gira e dá um golpe de braço no pescoço do bruxo, o fazendo trambalhar.
- Não faça isso, doutora!
Marianna se abaixa e dá uma rasteira fazendo Hanyel cair no chão.
- Por qual motivo, não devo fazer isto?
Ele a olha do chão.
- Por sua vida. - Hanyel segura a perna da doutora, fazendo-a começar a petrificar.

Ela grita de dor e lhe dá um chute na cabeça. Ele vê tudo girar, sua cabeça começa a doer.
- Para com isso!
- Só paro quando o ver morto. Definhe!
As palavra de Marianna o faz tremer, um conjuro de definho. Seus braços começaram a tremer, sua pele enrrugou, seus olhos pareciam que iriam saltar para fora.
- Sua vadia! - Hanyel passa sua não no ar e faz a folhagem no canto da sala crescer e envolver Marianna.

- Apodreça! - Diz ela e a folhagem escurece e vira pó.
- Você não tem esse poder... - Hanyel olhou fixamente para ela. - Você está possuída pela...
- ACERTOU! - Marianna pula em Hanyel, ambos caem ao chão, levando mesa e cadeira ao chão.
- Definhe! - Repetiu.
Hanyel começa a sentir o efeito do conjuro. Ele estica sua mão e uma estaca de pedra brota do chão e perfura a panturrilha de Marianna. Seu grito de dor ecoa, a secretária  começa a bater na porta.
- Doutora, o que está acontecendo?
Hanyel se levanta e bate com o cotovelo na nuca de Marianna que cai ao chão novamente. Ela se levanta, ele tira a estaca do chão e bate contra ela rasgando sua blusa, mostrando seu corpo.
- Você... - Ele olha o enorme corte em "X" no abdômen da doutora. - Está morta.
Marianna pega o cabideiro e o torce, fazendo um gancho.
- Gosta de ganchos, não gosta?
- Não tanto quanto você! - Hanyel gira e pega o gancho, enfiando no peito da doutora que grita de dor, nenhuma gota de sangue caiu ao chão, nem sequer saiu do ferimento. Ela faz o gancho perfurar seu corpo, até ela encostar em Hanyel.
- Diga-me? Como se sente? - Diz sorrindo. - Sinta um pouco de dor!
Uma dor alucinante invade o corpo de Hanyel que tremula.

Ele pega no pescoço de Marianna, ela sorria, seus olhos estavam negros.
- Você...
Hanyel aperta sua garganta, ela começa a virar pedra.
- ...vai...
Pedra começa a tomar seu corpo.
- ... defin...
- Eu te arregaçar! - Hanyel bate com a outra mão na barriga de Marianna, perfurando sua carne e seus órgãos.
Ele sente a carne fria e o sangue coagulado e puxando para cima, faz o corpo da doutora se partir ao meio, caindo ao chão com a metade destruída.
Hanyel com dor de cabeça, senta no chão, ele coloca sua mão cheia de sangue na cabeça, ela parecia que ia explodir. Ela roda, seus olhos embaçam.
- O que foi que eu fiz? - Ele fecha os olhos.

Além da inquisiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora