Teoria

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Pingos de água caiam sob meus cabelos, minhas roupas. Mas aquilo não iria me fazer voltar. Eu iria arrancar a verdade nem que ficasse ali até o amanhecer (o que já se aproximava). Procurei pela lápide de Erick e quando achei fui me adiantando, arrancando com a pá, a terra que cobria o caixão. Alguns minutos depois, ainda estava na minha luta com a terra, e a chuva que agora estava mais "forte". Sobre a minha licença para a abertura da cova, não tenho. Eu só tenho uma teoria, um tanto quanto louca, mas na minha mente ela é uma teoria realista. Para mim, não há um corpo dentro do caixão enterrado nesta cova. Se eu estiver certo, Wilk é inocente.
Com certeza já havia se passado algumas horas desde que comecei a escavar. Não era possível pegar o celular, se pegasse ele molharia. A chuva não cooperava com a minha escavação, e fazia de tudo para que a terra voltasse para onde eu a retirei. Enfim, consegui. Abri o caixão. Não era possível. Não conseguia acreditar. A minha teoria estava certa! Não havia corpo nenhum naquele caixão. Não tinha nada. Satisfeito, descacei um pouco e voltei no serviço de recolocar a terra. Após o serviço completo, voltei ao carro. Peguei o celular e o horário era de 04:20 da manhã. Procurei o número de celular do Juiz responsável pelo caso Erick.
— Alô?! Humberto?
— Sim, é ele! Quem e o que quer a essa hora?
— Aqui é o detetive da primeira linha militar da Cidade e responsável pelo caso Erick, Dreen Park. Eu quero lhe dizer que Wilk é inocente, e para provar isso, preciso de uma licença para uma outra inspeção, mas não só no quarto da vitima como da última vez, e sim da casa inteira. O senhor poderia conseguir para mim essa licença?
— Sim, detetive Park! Mas já que me acordou, me conte o que lhe faz pensar que o acusado e suspeito não seja o verdadeiro assassino?
— Bem... O caixão não foi aberto durante o velório, isso poderia dizer que não existiria um corpo, pois a família o escondeu.
— O que te faz pensar que a família esconderia o corpo do garoto?
— O fato de ter membros da família trabalhando nas necrópsias. Com isso eles poderiam forjar laudos como da autópsia e ainda mandarem o corpo para um outro destino.
— Mas não podemos confirmar que o corpo não está no cemitério. Se caso a família realmente fez isso, eles não dariam a licença para a abertura da cova.
— E foi por isso que eu vir no cemitério. Me encontro nesse momento dentro do meu carro na porta do cemitério. Eu abri a cova e...
— Você fez o que?! Você sabe que pode perder o posto de detetive por essa imprudência?
— Sim, eu sei! Mas eu tinha que verificar. Isso estava batendo na minha cabeça a dias.
— E qual foi o resultado?
— Eu estava certo! Não há um corpo ali.
— Nossa... Mas você tem alguma ideia de onde esse corpo possa está?
— Sim!
— Detetive me responda uma coisa. O que estava escrito no laudo apresentado a vós?
— Dizia que o mesmo havia sido baleado na cabeça, e nos braços.
— Não bate com o laudo que me entregaram. No meu diziam que ele havia sido esfaqueado. Será que até mesmo no departamento militar tem alguém envolvido nesta intriga?
— Não podemos duvidar. Podemos nos encontrar no departamento as 09:00?
— Sim, podemos!
— Combinado! Irei para casa tomar um banho e preparar meu relatório sobre isso e guarda-lo em meu cofre na minha casa. Assim, ninguém saberá.
— De acordo! — Desligamos os nossos dispositivos e me preparei para sair. Cheguei em casa minha esposa quase teve um infarto ao me ver naquela situação; as roupas, os cabelos, tudo coberto por lama. Tomei um banho na água quente, vesti minhas roupas limpas e aconchegantes. Fiz meu relatório e assim como dito antes, guardei em um cofre. Desci para tomar café.
— Bom dia, amor! — Disse a Michelle.
— Bom dia senhor detetive/ ocupadíssimo amor, Dreen Park!
— Onde está Kaio? Faz tempo que não o vejo.
— Ele já vem. Só está doente.
— Isso significa, sem colégio hoje?! Certo. — Ela confirma. Logo vejo Kaio descer as escadas.
— Bom dia, Filho!
— Bom dia. E para de me chamar de filho, você não é meu pai! E não tem direito!
— Kaio! Olha como você fala com o seu pai!
— E você muito menos! Vocês não são meus verdadeiros pais! Vocês não tem direito de me chamar de filho! Eu ainda irei trocar esse nome no qual vocês escolheram e tem esses sobrenomes idiotas! — Pegou uma maça e subiu novamente para o quarto onde ficava trancado o dia inteiro. Minha esposa, Michelle começou a chorar. Eu a abracei.
— Calma, deve ser a adolescência. Ele só tem 18 anos. Ele um dia vai entender que ele é nosso filho mesmo não sendo do mesmo sangue.
— Mas Dreen... Depois que o Erick chegou a óbito ele está assim. Já tentei agradar de todo jeito, mas ele não aceita nada.
— Michelle, amor. Eu não queria te dizer isso, mas na minha teoria o Kaio é suspeito de se envolver na morte de Erick. Eu não queria duvidar do nosso filho, mas ele não anda cooperando.
— Dreen, me responda a verdade. Eu sei que irá doer mas diga apenas a verdade. O Kaio pode ser preso?
— Se ele for culpado, sim. Ele pode pegar pena de até 20 Anos, com as provas que tenho. Se caso eu obter mais provas, isso pode aumentar, e muito. — Minha esposa se desmanchou em lágrimas. Ouvi passos correndo e uma porta fechando. Ela arregalou os olhos, e eu abaixei a cabeça.
— Dreen, ele ouviu.

Prazer, SuicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora