Capítulo 5

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Milena narrando :

Depois de lancharmos juntos , voltamos para sala para mais 3 aulas , não sei se foi porque hoje era praticamente apresentação ou aquele discurso de que devemos prestar mais atenção e estudar mais, mas, as aulas passaram rápido. O curso que estamos fazendo requer que enfiemos a cara nos livros para decorar cada peça anatômica e todas as suas funcionalidades em determinados quadros, dependendo da gravidade de cada situação.
É simplesmente apavorante pensar nas próximas provas clínicas.

Na volta , convido Larissa a ir lá pra casa e nem tenho tempo de pedir carona ao Gabriel pois não o vi na saída. Vou a pé. Meu braço ainda lateja, uma dor pulsante , que incomoda e te lembra a todo momento que está ali .O ferimento é de ponto, precisaria levar um ou dois pontos , no máximo três. Porém, estou sendo minha médica, pois não tenho plano e hospital público aqui é difícil, gosto de pensar que reforça meu aprendizado, apesar da situação deplorável.

Quando abro a porta do apartamento vejo Gabriel sem camisa agarrado a uma menina morena semi-nua no sofá. Me irrito com a cena

— Gabriel, leva sua amiga para o quarto — Digo calma, o encarando profundamente , apesar da minha irritação.

Eles se levantam e vão em direção ao quarto sem desgrudar suas bocas. Entro para meu quarto tento me concentrar para estudar, mas com os gemidos não dá, como ainda são 13h e combinei com a Lari só 18h penso em dormir um pouco e estudar antes da Lari chegar. Não demoro para dormir e sonho com minha mãe.

Sonho on:

Milena minha filha , você se parece tanto comigo , como está crescida — Minha mãe diz.

Desculpe... — Digo , tento continuar mas as palavras ficam presas e sinto minha garganta fechar. Minha mãe move a cabeça em sinal de negação e abre um sorriso assustadoramente doce.

Você era tudo,sempre quis ter uma filha, tinha sonhado com você tantas vezes , tinha começado a imaginar meus momentos com você. Você era meu tudo —  Ela diz e eu rapidamente digo :

— Então por que fez aquilo? —

Minha mãe pisca demoradamente e então me encara.

Ele me machuca mãe, meu pai , ele não me ama . Por favor , fala para ele mudar , eu o amo tanto — Digo olhando para seu sorriso largo, mas seus olhos pareciam opacos.
Mortos.

Ela não parecia tão feliz quanto seu sorriso indicava e quanto mais eu olhava, mais seu rosto parecia se deformar e minha mãe tornava-se absolutamente desproporcional.

— Isso não é real. Eu estou sonhando — Murmurando em uma tentativa falha de me acalmar diante da cena de minha mãe.

Meus pensamentos disparam e eu me pergunto se eu estou esquecendo do rosto dela, talvez por isso ela está se deformando agora.

Não é possível.

Minha mãe , de repente, solta uma risada nasalada e seus olhos sem vida arregalam-se.

— É um sonho.

Ela permanece gargalhando, preenchendo todo o local com sua sombra, conforme ela estica o braço em direção à mim.
Sua boca escancara-se e ela diz , com os cabelos caindo no chão subitamente :

A Perfeitinha... (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora