The Boy From The Library

Part 1

Meu relógio de pulso marcava exatamente três da tarde.

Merda

Como eu começaria um livro de sei lá quantas páginas, e faria um resumo sobre ele dando detalhes em apenas algumas horas?.

Eu teria que entregar um resumo de Romeu e Julieta até amanha de manhã.

Me desculpem, mas eu nunca me dei ao trabalho de parar e ler esse romance estupído.

Vá a merda Shakespeare e todos seus livro idiotas.

Subi as escadas da bibliota o mais rápido que pude, quase tropeçando nos próprios pés. Passei a mão pela minha franja que caia sobre os olhos dificultando minha visão.

Merda de cabelo ridículo.

"Com licença" chamei a senhora que estava atrás da mesa, e ela apenas levantou os olhos me olhando com cara de tédio "Pode me dizer onde ficam os livros do William Shakespeare?"

"Segundo corredor, é a última sala a direita" assenti, me virando para o corredor onde ela tinha me indicado "Arrume tudo antes de sair. Fechamos às seis"

Talvez eu não tivesse dado tanta atenção ao que ela falou a seguir, mas quem se importa? Ela só deveria estar resmungando.

Abri a porta onde fui informado e dei de cara com uma sala pouco iluminada, com quatro prateleiras abarrotadas de livro de diversos tamanhos.

Quantos livro esse cara escreveu?.

Olhei livro por livro, prateleira por prateleira e nada.

Eu já estava entrando em desespero.

Ouvi a porta se abrindo e um garoto alto entrando com vários livros nas mãos. Ele começou a caminhar entre as prateleiras e colocava cada livro no seu devido lugar.

Ele devia trabalhar aqui, certo?

Andei até ele, parando literalmente atrás de seu corpo.

Eu me sentia um anão perto dele, meu rosto devia bater em seu peito. Isso é vergonhoso pra caralho.

Direcionei meus olhos até sua cabeça que estava de costas pra mim, enquanto ele olhava os nomes dos livros que estavam perfeitamente enfileirados nas prateleiras. Cachinhos saltavam de seu gorro azul claro, e um colar prata reluzia em seu pescoço. Desci mais um pouco o olhar e encarei sua blusa branca, e logo em seguida sua calça preta que delineava seu corpo.

Oh, merda.

Encarei seus pés, que calsavam botas de couro claro. Enquanto eu analisava o estranho a minha frente, ele nem se deu conta da minha presença atrás dele, e deu um passo inocente para trás, esbarrando suas costas no meu corpo ridiculamente menor que o seu.

"Oops!" disse se virando de frente para mim

"Oi" sorri assim que ele me encarou "Desculpe por isso, mas eu preciso de ajuda"

Ele continuou me encarando, e por um segundo eu pensei em sair correndo, mas assim que ele sorriu e perguntou gentiumente no que ele poderia ser útil eu soltei um suspiro de alivío.

Pelo menos eu não iria morrer hoje.

"O que você está procurando?" sua voz rouca preencheu meus ouvidos pela terceira vez, e os cabelos na minha nuca se arrepiaram de uma forma anormal.

"Romeu e Julieta"

"Um amante de Shakespeare, uh?" sorriu, andando a minha frente enquanto procurava o livro

"Não, definitivamente não" neguei

Ele diminuiu os passos para que eu ficasse ao seu lado, e me olhou sério.

Devo ser a única pessoa que não gosta desse cara, porque se ele me encarou assim, deve ser bem impossível não gostarem dessa merda.

Ele ficou parado de frente para a uma das prateleiras daquele lugar, e finalmente tirou um livro de la, logo em seguida entregando ele em minhas mãos com um sorriso simples, sem dentes, apenas um curvar suave dos lábios.

Agradeci e me virei, dando as costas e me sentando em um sofá que tinha ali.

Certo, você consegue ler isso, não deve ser tão ruim, apenas dê uma chance.

Chance? Oh, é claro.

Eu dei chance para esse sofá incrivelmente macio e confortável, e com a cabeça apoiada no mesmo e o livro entre as mãos eu apaguei.

~*~

Abri os olhos lentamente, deixando que minha visão focasse no lugar onde eu estava. Eu me encontrava totalmente desconfortável naquele sofá, com dores no pescoço por ter dormido de mal jeito. Olhei no relógio e arregalei os olhos.

Quatro horas e meia.

Quem dorme quatro horas e meia lendo um livro, em uma biblioteca velha?

Eu, é claro.

O ponteiro marcava exatas sete e meia.

Parabéns, Louis. Seu tempo para entregar esse resumo ridículo esta cada vez menor.

Fechei o livro com certa raiva, assustando um garoto que lia calmamente um livro qualquer. Prestei atenção naquele ser todo concentrado no que lia, e o reconheci como o garoto que me ajudou mais cedo.

Grande funcionário, uh?

Levantei do sofá e andei até a porta que estava fechada, levei a mão até a maçaneta e a girei para que a porta se abrisse, o que não aconteceu.

Calma Louis, essas portas velhas emperram. Não se desespere.

Girei a maçaneta novamente, e puxei a porta com força para que ela abrisse, porém, ela permaneceu do mesmo jeito.

Abaixei tentando ver se tinha algo prendendo a porta impedindo ela de abrir e me deparei com a tranca da porta.

A merda da porta estava trancada.

Eu vou gritar.

Me virei encarando o garoto de blusa branca e estalei a língua no céu da boca em claro sinal de desespero. Andei até ele e toquei seu ombro para que ele prestasse atenção em mim.

Assim que meus dedos ridiculamente pequenos tocaram seu ombro forte, foi como se uma corrente elétrica passasse por todo meu corpo e se concentrasse na pontas nos meus dedos que tocavam o corpo do garoto a minha frente.

"Hey, você" Seus olhos foram de encontro aos meus e eu contive um suspiro, que por pouco não saiu dos meus lábios.

"Você pode abrir a porta? Preciso ir pra casa, e minha mãe deve estar desesperava pela hora e eu não ter levado o celular" Sorri sem graça

Vi sua testa franzir e seus olhos se direcionarem até a porta. Ele se levantou passando por mim e puxando a porta do mesmo jeito que eu havia feito minutos antes.

"Esta trancada" disse

Seu corpo de virou em minha direção rapidamente, e um olhar de pura confusão estava estampada em seu rosto.

"Merda" suspirou passando a mão direita na nuca.

"Como assim? É só você abrir a porta e pronto, estamos livres. Vamos, abra a porta" bufei irritado, por que toda essa inrolação, afinal?

"Eu não tenho a chave"

"Como assim não tem? Grande funcionário, qual o problema de andar com a chave das salas do lugar onde você trabalha?"

"O que? Eu não trabalho aqui"

Senti minhas pernas tremerem, e meu coração acelerar.

E agora?