Capítulo 18

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Hoje faz duas semanas, exatamente duas semanas desde o ocorrido. E eu ainda não consigo olhar na cara do Aaron, apenas trocamos algumas palavrinhas, e quando eu percebia que o assunto viria à tona eu saia de perto. Não me sinto tranquila, sinto que a barreira que criei irá ruir, e isso me assusta. Ainda consigo sentir seu cheiro, o toque das suas mãos sobre meu corpo, seu corpo sobre o meu, isso ainda me deixa em êxtase, foi um erro e por mais que meu corpo diga ao contrário, não pretendo deixar acontecer novamente.

Não existe o nós, até porque isso acaba em alguns meses. É muito? Não. Não é, quando as pessoas estão felizes o tempo passa muito rápido. E quanto mais apegada eu ficar, mais difícil vai ser no final, e eu já sei até como termina. Com uma Emma ferrada.

Essas duas semanas foram horríveis, eu evitava a todo custo encontrar com Aaron, o que é um pouco difícil, se torna impossível quando eu trabalho com ele e ainda dividimos a mesma casa, nossas conversas baseavam-se em simples bom dias ou coisas relacionadas à trabalho, e eu reconheço que isso está ficando insuportável.

Nesse momento estou a terminar alguns projetos que demorei 2 dias para elaborar, organizar e tudo mais. Sinto um olhar sobre mim, ergo a cabeça e me deparo com os olhos da pessoa que eu não queria encontrar, está encostado na porta com os braços cruzados.

— Tão bonitinha concentrada. — Admite.

— Eu não tenho tempo para suas gracinhas agora. — Digo sem nem desviar meu olhar da tela do computador.

— Levanta e vem almoçar comigo. — Pede.

— Eu estou ocupada. — Insisto.

— Não foi um pedido. — Soa rude.

— E desde quando eu recebo ordens suas? — Tento ser a mais irônica possível.

Bufa.

— Por que você sempre torna tudo mais difícil? É tão difícil dizer um sim? — Questiona. — Eu sei o que está tentando fazer, e isso não vai acontecer meu anjo.

— Não estou fazendo nada. —Digo, calmamente.

— Claro que está. Você está fugindo de mim. — Acusa. — Se afastando de propósito.

— Eu não estou fazendo isso. — Me defendo.

Ri descontente.

— Vamos logo Emma, por favor. — Reclama.

Solto um suspiro frustrado, me dando por vencida. Largo o computador e não o desligo. Agarro minha bolsa e nos retiramos, Aaron nos guia até um restaurante próximo.

Fizemos nossos pedidos e ele apenas encara os talheres com as mãos juntas, apoiando a cabeça na mesma. Permaneço em silêncio, e verifico meu celular.

— Você é uma fraca. — Alega.

— Como? — Inquiro incrédula.

— Você é uma fraca. — Respira e continua. — Uma fraca por não conseguir admitir que me quer tanto quando eu a quero. — Percebendo a confusão em meu rosto, continua. — Sim Emma, eu quero você, tudo em você me atrai, até esse teu jeito insuportável de sempre arrumar intriga comigo, somos muito diferentes, e coloca diferente nisso, mas é por isso que eu gosto tanto quando estamos juntos. E você se priva disso, porque não tem coragem suficiente para reconhecer. Pelo menos tentar, eu não sou um qualquer Emma, eu nunca faria nada contigo. — Desabafa, fico paralisada, ele me parece tão sincero.

— Eu não sou.... não sou uma fraca. — Balbucio, incapaz de formular uma frase que preste.

Solta uma gargalhada desanimada.

— Ah não? — Diz, intrigado. — Então me diz porque não, me explica porque eu não estou entendendo porra!

Eu não deveria dizer, mas eu tenho, eu preciso dizer. Já me sinto sufocada por guardar isso para mim.

— Primeiro, abaixa o tom para falar comigo porque eu não sou as suas vadias. — Começo. — E segundo, eu vou te dizer o porquê, e eu quero que ouça atentamente.

Me incentiva a continuar.

— Lembra aquele cara na rua, no dia que saímos com Louise pela primeira vez, nós três juntos? — Questiono, cabisbaixa.

Assente.

— Ele é a razão da minha recaída naquele dia que você me ajudou. Ele me magoou muito, ele é o culpado de eu ser essa pessoa fechada, principalmente com relacionamentos. — Ia continuar, mas sou interrompida.

— É o mesmo cara que a Ellie disse? — Me encara, enquanto espera a resposta.

— O que exatamente a Ellie te disse? — Pergunto, já irritada.

Ela não podia fazer isso. Ellie e sua língua maior que o mundo.

— Ela me contou tudo, eu sei sobre ele. — Bufa e cruza os braços.

— Eu fiquei mal pra caramba. Sei que pode parecer bobo e infantil, mas ele foi alguém muito especial, eu o amava de verdade. E ele só aproveitou essa vantagem e simplesmente caiu fora. Não é tolo da minha parte, você não sabe o que é passar por isso, e acredite, é horrível gostar de alguém e esse alguém literalmente acabar com você, destruir o seu emocional. — Respiro fundo e continuo. — E eu até comparo isso à uma criança que aprende a andar de bicicleta. — Dou um sorriso fraco.

— Como assim? — Quis saber.

— Quando uma criança aprende a andar de bicicleta ela fica feliz, não é? — Ele assente. — Fica boba, sorri à toa, e faz questão de dizer a todo mundo que aprendeu a andar de bicicleta. Mas ninguém sequer avisa que um dia ela vai cair, e quando finalmente acontece isso ela cria trauma, e tem receio de voltar a andar de bicicleta com medo de cair. — Concluo.

— Mas não é sempre que ela vai cair. Quando ela aprender não vai mais cair. — Diz, entrando em minha linha de raciocínio. — Uma hora ou outra ela vai ter que enfrentar a porra do medo. —Implicou.

— Não é tão fácil assim. Não é você que vai cair. —Retruco.

— Talvez se arrependa de não ter tentado novamente.

— Você não entende, não é?

Balança a cabeça negativamente.

— Eu estou disposto a esperar você. — Admite. Demorou alguns segundos para que eu entendesse.

Respiro fundo.

— Aaron, isso aqui vai acabar. Eu não vou fazer isso, o que vai acontecer com nós dois quando isso acabar? Ou melhor, comigo? O que vai acontecer comigo? Eu vou estar apegada demais e você eu não sei. Pronto, é assim que vai terminar. Sou egoísta mesmo, porque a única coisa que me importa sou eu mesma. — Encaro o chão.

Ri incrédulo.

— Quer saber? Esquece tudo isso, não vou ficar correndo atrás de você Emma, nunca fiz isso e não é agora que eu vou fazer. E sabe porquê? Porque eu não preciso correr atrás de ninguém. São vocês que correm atrás de mim, e quem sou eu para mudar isso, não é? ­— Diz, intimidante.

Levanta-se bruscamente. Não consigo sair do lugar chocada demais para fazer alguma coisa. Por mais que eu negue, suas palavras me atingiram em cheio. E também não posso dizer que estou decepcionada, eu que fiz isso.

Ele sai do local, não sem antes me olhar friamente.

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