34 - Rouxinol Morto

806 105 11
                                    

" Diz uma lenda árabe que, em tempos, todas as rosas eram brancas... Uma noite de primavera, sob uma lua minguante, um rouxinol pousou sob uma esbelta rosa de uma brancura imaculada e ficou imediatamente apaixonado.
  Até esse dia, nunca se ouvira um rouxinol cantar, viviam toda a sua vida em silêncio, mas o amor deste por aquela rosa tão especial, era de tal maneira forte, que uma canção de uma beleza espantosa se formou na sua garganta e ele abriu as asas em torno da flor, num abraço apaixonado.
  Apertou-a com tal paixão, que os espinhos dela o feriram profundamente. Mesmo assim, o rouxinol não afrouxou o seu amplexo, continuando o seu canto de amor, cheio de maravilhosos trinados, até que, já exangue, o pobre apaixonado tombou sem vida. O sangue que lhe corria das feridas caiu sobre as pétalas brancas da rosa, manchando-as.
  E desde então, há rosas que nascem vermelhas... E na primavera, pela noite dentro, ouvem-se os trinados dos rouxinóis cantando as suas canções de amor!"

  Eu e Mallya nos entreolhamos, sérias e antes de pronunciar alguma palavra, eu abri a embalagem da barra de chocolate e começei a comer, com a mente correndo e meu coração pesando no peito. A história do rouxinol era a história deles, a história de amor do casal jovem que se amava na casa abandonada, antes do incêndio e de todas as mortes.
  Mallya terminou de comer mais um bombom e então olhou pra mim respirando fundo.
  - Vamos começar as deduções? - Perguntou e eu assenti mordendo mais um pedaço da barra de chocolate antes de começar a falar sobre a ocorrência.
  - Meu ponto de vista foi de que - Comecei e Tae se endireitou no banco para ouvir melhor - O rouxinol era o menino, e a rosa branca era a menina, ela era pura e inocente, e os espinhos que a rosa branca tinha eram os pais torturadores, e o menino supostamente estava tão apaixonado pela menina que mesmo correndo o risco de ser morto, como aconteceu, quis ficar com ela mesmo assim. Eu não sei exatamente interpretar o que a história quis dizer com "em tempos, todas as rosas eram brancas", e por isso você continua a dedução. - Falei e Mallya assentiu, eu voltei a comer minha barra de chocolate e Taehyung abriu um sorriso enquanto observava atentamente a Mallya, que estava tão aprofundada no caso que mal olhava pro Tae. Tadinho kkkkk
  - Bem, o sumiço do rouxinol, ou melhor dizendo do Daniel foi em uma noite de primavera em plena lua minguante, supostamente a noite em que entramos na casa abandonada, pelo que já confirmamos ele ficou gamadão na Thália e a parte do rouxinol cantar precisamos investigar mais, já com relação ao final da historinha, podemos deduzir que os pais torturadores mataram o Daniel e talvez tenha sido na frente da Thália, isso explica o fato do sangue do rouxinol ter manchado a rosa branca e por isso a menina se revoltou contra os pais por eles terem matado o namorado na frente dela e o que ela quis dizer com "há rosas que nascem vermelhas" é que em sua revolta ela se suicidou, triste de amor e incendiou a casa pra se vingar dos pais. Já o desfecho eu não sei muito bem... Talvez o que ela quis dizer seria que eles nunca mais poderiam se amar ou algo relacionado a família do Daniel, já que fala dos rouxinóis. - Comentou Mallya completando a minha dedução e eu começei a refletir em suas últimas palavras, me lembrando bem do final da história.
  - Acho que tem haver com a família dele mesmo - Argumentei e Mallya parou o percurso de comer seu bombom para me olhar em expectativa.
  - E o que você acha então? - Perguntou ela provocando de maneira positiva minhas habilidades de dedução enquanto colocava o bombom na boca e eu acabei dando risada, não dela, da cara do Taehyung, ele estava com uma cara terrível enquanto encarava a Mallya, olhando embasbacado de paixão, só faltava começar a babar... Kkkk
  - Talvez o que ela tenha tentando dizer com "e na primavera, pela noite dentro, ouvem-se os trinados dos rouxinóis cantando as suas canções..." seja que a Thália já imaginava que em todo dia de primavera como aquele, que era o aniversário de namoro dos dois e ainda por cima o aniversário de morte do Daniel seja por que os pais do rouxinol, ou melhor dizendo, do Daniel choram por ele. Talvez seja isso, que os pais de Daniel o amavam e choram por saudades em seu aniversário de morte. - Terminei de supor e Mallya abriu um sorriso largo comendo mais um bombom e então fechamos o livro.
  - Bem, - Disse ela - Já concluímos mais um pouco do caso do Gap Dong, como você disse que o Mark sugeriu, descobrimos que ligação a rosa vermelha tinha com a casa abandonada, era por causa da data especial, o aniversário tanto de morte quanto de namoro do casal da menina órfã da casa abandonada. Nesse caso o Gap Dong se orientou pela cor da rosa para escolher o lugar da morte da próxima vítima e pelo que parece, a data especial ocasionou mais um motivo pro psicopata fazer sua ceninha sádica na casa. - Assim que Mallya acabou a conclusão, deu atenção para Taehyung, dando um bombom na boca do rapaz.

PRISON IOnde histórias criam vida. Descubra agora