Capítulo 11

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Gabriel narrando :

Milena demora lá dentro. Não sei se é a casa do namorado ou a casa dela , mas consigo ouvir alguns gritos.
Seja quem são, estão discutindo.

Frases soltas , como "estraga tudo" ," eu já te amei ", ecoam e fico dividido entre não me meter e prestar atenção .
Deve ser algum namorado , reviro os olhos pra essa idéia , coloco uma música decidido a não ouvir mais nada e espero Milena , quando ela sai vejo que algo está errado.

A garota caminha em direção ao meu carro com o rosto abaixado, somente conforme se aproxima noto o rosto vermelho.
Faltando pouco para ,de fato, abrir a porta, noto que a tarefa parecia suficientemente exaustiva e dolorosa para ela.
Que porra aconteceu dentro?

Rapimente desço para ajuda-lá e a coloco no banco cuidadosamente, observando como ela busca manter os braços unidos ao corpo, como se estivesse sentindo muita dor.

Entro no carro novamente logo em seguida e bato a porta com força. Caralho, o que está acontecendo?

Quem fez isso? Quem a machucou?

- Você está bem?
Pergunto e meu tom de voz saí frio e distante.
Enfurecido.

A pergunta é tosca, a menina claramente não está bem. Mas eu não tenho ideia de como abordar a situação, diante das diferenças até agora, perguntar de cara "o que aconteceu" não me parece um bom plano.

Em resposta, Milena não consegue formular o raciocínio devidamente.
Estava nervosa o suficiente.
Agoniada.

Ouço sua resposta descompassada e paro o carro no acostamento para ajudá-la a respirar.
Viro o corpo para ela e seguro suas mãos, puxando o ar lentamente junto com ela, até que conseguisse se acalmar minimamente.

Quando chegamos, ela me olha e entendo que não consegue andar. Passo os braços envolta do seu corpo e tento subir caminhar até em casa sem balançar demais para que ela não sinta dor.

Dou um jeito de abrir a porta com Milena no colo e a deito no sofá quando chegamos. Ela fazia todo o esforço que tinha para não chorar. Tento levantar sua blusa para ver o ferimento já que ela ficou com a mão na barriga o tempo todo. Ela me olha assustada e digo :

- Calma ,Milena , é para cuidar de você.

Ela anui e faço meu trabalho. Quando levanto a blusa vejo sua barriga vermelha e um inchado iniciava pouco abaixo das costelas e descia de forma irregular.

Engulo em seco, fechando os punhos com força e me afasto um pouco para processar a situação.

Caminho em busca dos materiais necessários para ajudá-la.

Milena acompanha meus passos com o olhar como se também estivesse tentando processar. Com tudo em mãos, volto para ao seu lado e me ajoelho no pé do sofá.

- Quando eu era pequeno, meu pai batia na minha mãe - Confesso , segurando algumas informações, e ela solta um soluço, tentando engolir o choro.

Ficamos um pouco em silêncio enquanto deslizava os dedos cuidadosamente por sua barriga, limpando com calma.
Minha mão é pesada, mas faço o esforço para não piorar a situação pra ela.

- Foi meu pai que fez isso comigo.

Ela diz e pela maneira que comprime os lábios, também segura algumas informações. Busco por seus olhos e solto um suspiro.
Os olhos azuis brilhavam com o esforço de conter as lágrimas, avermelhando-se um pouco diante de tudo que ela viu e sofreu no pouco tempo que esteve naquela casa.

A Perfeitinha... (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora