Love at the first bite

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Valáquia, 1455.

Os odores da bebida juntamente aos gritos apareciam em destaque no barraco de madeira, atraindo pessoas que ousavam sair de casa em um horário tão tardio. Diversos homens riam e faziam piadinhas entre si em alto e bom som enquanto bebericavam de seus copos amadeirados e cheios de cerveja. A alegria era um sentimento bastante evidente no local, talvez pelo efeito em demasia da bebida. Minghao revirava os olhos a cada barulho alto que passava por seu par de tímpanos, causando em si uma vontade enorme de expulsar todo mundo do bar no qual precisava trabalhar para ajudar sua mãe. Assim que terminou de limpar uma boa parte dos copos, voltou ao balcão, vendo que novos clientes chegavam, o fazendo soltar um suspiro cansado por saber que demoraria mais no local, atransando-se para um compromisso que tivera marcado anteriormente. Exausto, o rapaz massageou as têmporas e chegou mais perto de um homem alto que esperava para ser atendido ao lado oposto do balcão. Quando ouviu o pedido do moço de estatura maior, pegou um copo que tinha acabado de lavar e, com muita dó e um sentimento enorme de desgosto, aproximou-se de um barril de cerveja e observou o líquido rechear o copo devagar. Suspirou sonoramente e deslizou o conteúdo pelo balcão de madeira até que chegasse na mão do homem de antes.

— Obrigada. — a mãe do rapaz sussurrou, passando um pano velho pela superfície do balcão.

— Não precisa agradecer, mãe. — Minghao sussurrou de volta, abrindo um doce sorriso em seguida. — Sabe que sempre posso ajudá-la.

— Você nem é pago por isso e mesmo assim insiste em colaborar. — a mais velha continuou a agradecer, dando uma pausa nos afazeres para olhar o filho. — Pode ir dormir, se quiser.

— Não precisa, pois eu fico aqui durante o tempo que for necessário. — afirmou, convicto. — Ah, mamãe, hoje tenho um compromisso...

— Hoje? — o interrompeu. — Está tarde, querido. Sabe que pode ser perigoso.

— Mamãe, por favor, eu tenho vinte anos. Tenho plena consciência de como lidar com estranhos. — rebateu, mostrando uma feição indignada por conta do posicionamento da mãe.

— Talvez saiba lidar com pessoas, mas também existem animais selvagens por aí. Não estamos na cidade, Minghao. Nós moramos perto de uma floresta. Já perdi seu pai, então não quero que o mesmo aconteça com você.

Minghao se limitou a falar perante a frase da progenitora e cruzou os braços, pensando nos motivos que resultariam na morte de seu pai. A mãe do rapaz alegava com unhas e dentes que o ex-marido tinha sido morto por um animal que o assassinou em uma noite na floresta, porém, Minghao sabia perfeitamente que o mais velho havia sido atacado por uma criatura muito mais repugnante do que um simples animal selvagem. Os olhos revirados, a pele pálida, o sangue escorrendo e a maldita marca de presas deixada no pescoço: cada fator só o fazia chegar a uma única conclusão. De qualquer forma, a misteriosa morte de seu pai não o deixou tocado, muito menos serviu de alerta para que ele tomasse cuidado com o ambiente tácito da noite. Para falar a verdade, Minghao sempre gostou da noite, principalmente do que podia ser encontrado nela. O jovem compareceria, nem que precisasse sair escondido da mãe.

— Soube que o seu pai morreu por conta de um possível assassinato. — aquele rapaz alto deu início a um diálogo, fazendo com que Minghao saísse dos próprios devaneios.

— Você não é o único que sabe. Este bar só ficou famoso devido à notícia do assassinato. — ele respondeu, sem mostrar muito interesse no assunto. — Mas eu não me importo. Meu pai era um filho da puta desgraçado.

— Acha que foi um animal? — o jovem de voz grave permaneceu com alguns questionamentos.

— Deve ter sido. — disse, colocando um ponto final no tema da conversa. Apesar de Minghao apresentar uma tese contrária, ele não gostava de expor suas ideias, pois sabia que o chamariam de louco.

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