THE PREY

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Desde que descobriram o imitador, ficou cada vez mais difícil que eu me aproximasse de Will, que a cada encontro eu levasse ao menos uma lembrança da bela visão que eu tinha, até mesmo da forte emoção que possuía todo o meu corpo a instante que eu...

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Desde que descobriram o imitador, ficou cada vez mais difícil que eu me aproximasse de Will, que a cada encontro eu levasse ao menos uma lembrança da bela visão que eu tinha, até mesmo da forte emoção que possuía todo o meu corpo a instante que eu colocasse meus olhos naquele que a tanto eu passei a... admirar. Da última vez, não fossem os faróis dos carros que atravessavam a avenida em que ambos nos encontrávamos, o dono daqueles cabelos castanhos teria facilmente percebido os flashes de minha câmera fotográfica. Digo em meio a suspiros que definitivamente preciso ser mais cuidadoso. Infelizmente, a cada dia, algo bem mais forte do que eu posso suportar acaba me seduzindo a me aproximar mais e mais de Will, embora eu saiba o quão perigoso isso seja. Não pela possibilidade de que eu seja pego, ou pelo medo do que poderia acontecer comigo caso isso acontecesse. Minha real preocupação, é, na verdade, o fato de que ser descoberto me afastaria de Will, das lembranças, das emoções ao simples fato de vê-lo. Não suportaria ter de me afastar enquanto o doutor Lecter tinha tão livre acesso ao que deveria ser meu. Ao que tanto me esforço para ter a sensação de que tenho atenção.
Eu ainda tinha muito o que planejar. Hannibal Lecter seria minha aproximação final de Will, e disso eu estava certo. Por hora, me contentaria em mais algumas fotos aleatórias e espontâneas de Graham. Que adorável psicose. Caminhei ao trabalho que arrumei na marcenaria mais próxima a casa de Will, basicamente porque sabia que ele iria aparecer regularmente por ali, embora em todas as vezes eu tenha que evitar atendê-lo, contentado-me em admira-lo ao longe e fotografa-lo sempre que possível. Ah Graham... Mal sabe que tudo que faço com tanto requinte, todos aqueles dos quais precisei retirar o bem mais preciso, não passam de pré supostos para estar mesmo que indiretamente em sua conturbada mente.

Como era esperado, próximo as oito da noite, Will entrou pela porta de vidro da mercearia, e percebi tanto quanto se naquela porta existisse um sino avisando cada novo cliente. Eu não precisava daquilo. O cheiro de perfume levemente adocicado invadia minhas narinas mesmo que estivesse distante, eu reconhecia-o, eu sabia que ele estava ali. Aquele cheiro... Mantive-me abaixado, repondo mercadorias em um corredor de prateleiras distante, que sequer precisariam ser respostas de imediato, enquanto escondia-me atrás do boné ridículo que me forçavam a usar, mas que parecia bem conviniente naquelas horas. Que disfarce clichê. Eu mesmo admito. Mas o que é um disfarce clichê, comparado a uma oportunidade diária de vê-lo? Ou sentir sua presença no mesmo ambiente... A poucos metros... Limitava-me apenas a impossibilidade de tê-lo em meus braços naquele mesmo instante. Seus lábios rosados e temerosos em contato com os meus que tanto os cobiçavam, o afago de Will em contato com minha pele era provavelmente a coisa e eu mais desejaria naquele instante.

Só poderia estar fora de mim, porque como se não fosse eu que controlasse meu próprio corpo, levantei-me e caminhei até Will, que por uma feliz, ou infeliz coincidência estava próximo ao armário dos funcionários ao fim da loja. Tirei meu irritante boné no meio do caminho, em sem relutar, puxei Will abruptamente pelo braço, jogando-o na parede do ármario e de uma vez, ficando perigosamente perto. Uma de minhas mãos o cercava de um lado da parede, enquanto a outra, tomava a nuca e puxava parcialmente os cabelos cor de avelã de Will Graham. Meus olhos pareciam, e de fato estavam, famintos ao ver aquela face angelical que naquele momento demonstrava estar em pânico e mal tinha reação para sair da situação em que eu o havia colocado. Não fui gentil. Não consegui ser. Aproveitei-me da já conhecida fragilidade de Will e levei meus lábios ferozes aos dele, tão ferozes quanto um leão que espreitava um veado que o alimentaria por dias, até que finalmente teve a oportunidade de abocanhar-lhe o pescoço. Deixei que minha língua percorresse todos os cantos da deliciosa boca de minha presa. Tamanha era minha reação, que eu podia sentir as gotículas de suor escorrendo por minha testa e por minhas costas em meio a camisa. Nervosismo, vontade e paixão percorriam meu corpo, principalmente quando Will finalmente aceitou que eu o havia vencido, e deixou-se levar pelo meu comando. Naquele momento, eu não me preocupava mais com o que viria a seguir.

-- EI! EI! Moço? Sabe me informar qual o preço de verdade desse produto? Estão rotulados com dois preços diferentes. --

Um suspiro forte, e os olhos arregalados foram minhas reações assim que fui arrancado de minha ilusão abruptamente. Deparei-me então com uma cliente fazendo uma pergunta que mal pude compreender, e dei-me apenas ao trabalho de apontar o correto.

As gotículas de suor eram verdadeiras, mesmo em meio ao frio que fazia naquela noite. Parecia tão real que eu estava quase convencido de que realmente havia o feito. Perdi-me tanto em meus próprios pensamentos e em minha própria cobiça, que ele já estava pegando as mercadorias e preparando-se para ir embora dali, quase deixando-me sem meu próprio presente diário. Em um movimento rápido da câmera, tudo que consegui foi uma foto não tão bem focada, mas suficiente para me deixar satisfeito, por hora.

- JJ 

HUNT AND BE HUNTEDOnde histórias criam vida. Descubra agora