Carlos Eduardo - Assistimos ao filme abraçadinhos

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Assistimos ao filme abraçadinhos. Como eu imaginava, não havia muita gente no shopping para a última sessão. Se fomos reconhecidos, o que provavelmente aconteceu, ninguém se deu ao trabalho de vir nos incomodar.

Era uma comédia romântica bem melosa. Bruna parecia normal e relaxada, como se nem tivesse chorado. E era disso que eu mais tinha medo. O que era mentira? O que era falso naquela garota? A dor ou o amor? As duas faces do drama em uma única garota.

Eu não me sentia confortável. Ficava pensando direto. Ela poderia ter desistido de me fazer dizer que a amava, o que por si só já era bem triste. Ou ela pretendia terminar comigo por falta de reciprocidade. O que até seria justo, mas essa simples ideia me deixava angustiado. Ou ainda, meu maior temor, ela dizia "eu te amo" para qualquer um com uma frivolidade impensável. E tudo não passava de uma birra. Teimosia feminina. Uma conquista a mais. E nesse quadro, nada do que vivíamos fazia sentido.

Eu nem conseguia encontrar uma posição na cadeira por conta disso, ficava toda hora me mexendo.

As letrinhas dos créditos começaram a subir e ela me beijou com um sorriso nos lábios. Saímos da sala de mãos dadas. Ela jogou o restante do saco de pipocas no lixo.

─ Você vai querer jantar em algum lugar ou acha melhor ir para casa? – Perguntou. Eu estava no mundo da lua. Nem notei.

─ Kadu? Onde você está? – Ela deu um cocorote na minha cabeça. – Por um acaso está pensando em outra? Porque eu juro que eu te mato se... – Eu a beijei antes que o demônio do ciúmes fosse libertado de vez.

─ Acho melhor ir para casa, já é bem tarde.

─ E amanhã você tem prova... – Ela completou.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora