Bruna - Kadu despediu-se com um beijo

81 10 4
                                    

─ Boa noite, Bruníssima. – Kadu despediu-se com um beijo na porta do meu apartamento. Ele andava meio avoado. Provavelmente culpa das provas e das noites mal dormidas.

─ Tem certeza que não vai querer dormir comigo? – Fiz beicinho.

─ Tenho. – Veio me abraçar e me encher de dengo. Estou nervoso por conta das provas de amanhã. Vou ficar mexendo a noite inteira, exatamente como fiz nessa madrugada, e você vai acabar nem dormindo.

─ A ideia de ficar mexendo com você numa cama a noite inteira não me incomoda nem um pouco, sabia?

─ Safadinha! – Ele ficou vermelho. Eu adorava essa timidez que se abatia sobre ele vez em quando, ela ficava ótima misturada com a ferocidade de outros momentos tão mais íntimos. Eu gostava de saber que tinha um Carlos Eduardo que aparecia somente para mim. – Mas, não. – Colocou o dedo no meu nariz enquanto eu implorava feito criança batendo os pés no chão. – Eu preciso dormir.

─ Eu prometo me comportar... – Era mentira. Nunca consigo me comportar.

─ Sei demais sobre o seu comportamento para acreditar nisso...

─ Como assim meu comportamento? – Ainda estávamos no plano da provocação. – Eu sou uma lady. Você não tem do que reclamar...

─ Você, Bruna "Problema" Drummond, é uma devoradora de homens. – Ele se apoiou na parede e chamou o elevador.

─ E você está achando ruim?

─ Ruim, nem de longe... – Ele sorriu. – Tem sido incrível. Cada momento. – Sentou do lado oposto ao da minha porta esperando o elevador. Baixou a cabeça. – Mas...

─ Mas? – Eu insisti. Talvez o cansaço finalmente estivesse abrindo uma porta para a sinceridade no pensamento de Carlos Eduardo.

─ Eu me sinto intimidado às vezes...

─ Intimidado? Como assim? – Tive de correr para impedir que ele entrasse no elevador que acabara de chegar. Apertei todos os botões e deixei seguir. Certa de que não voltaria tão cedo. – Intimidado pela minha personalidade? Pela minha profissão?

─ Pela sua lista de ex-namorados. – Kadu me encarava bem de frente.

Aquilo me atingiu profundamente. Como ele ousava tocar nesse assunto. Todos nós temos uma história. Meus namorados fazem parte da minha. Assim como a paixãozinha por Milena fazia parte da dele, isso não me intimidava. Não mais. Não muito. Só de vez em quando, mais pelo fato de que ela era perfeitinha, educadinha e filhinha de papai igualzinha a ele.

Eu sei que homens são criaturinhas inseguras. Principalmente em se tratando de sexo. Mas ficar desenterrando meus fantasmas do passado era falta do que fazer. Ele queria o que? Comparar tamanhos? Quantidade de orgasmos? Recorde de vezes consecutivas?

─ Kadu, mil perdões, mas eu não estou mesmo entendendo. – Eu me encostei na parede. Já estava um pouco zangada. Não sabia ao certo do que se tratava, mas algo me dizia que eu terminaria aquela conversa muito puta com a atitude dele.

─ Exemplo. – Ele toma fôlego. – Você namora Altair. Camisa dez da seleção. – Disse com certo tom de deboche. – Dorme com ele. – Levantei as sobrancelhas como quem diz: nada demais. – E não derrama uma lágrima quando o relacionamento acaba?

─ Chorei horrores. – Justifiquei. – Você estava comigo, não lembra?

─ Pela humilhação mais do que pelo término... – Não podia revidar, era verdade. – E tem Felipe? O atleta olímpico. Menino de ouro. Você adora esse garoto.

─ Um grande amigo.

─ Você também dormiu com ele?

─ Não te interessa. – Ele já estava me ofendendo.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora