Se você está aqui para ler um relato onde duas pessoas se apaixonam perdidamente e dois dias depois estão se casando, você pode fechar a sua aba e seguir com sua vida. Na realidade, eu odeio o que essa pessoa fez comigo e não suporto como gosto da situação. Aconselho a assistir filmes da Disney onde o final feliz sempre é garantido. Ninguém vive um conto de fadas na vida real, muito menos eu, Draco Malfoy.
Poderia fazer uma ficha gigantesca sobre mim, dizendo as características de minha aparência, desde a cor dos meus olhos até o tamanho da minha bunda, todavia, não vou enchê-los com este clichê insuportável e que me faz desistir da humanidade. Eu sou eu, vocês tem a total liberdade de me imaginar como quiserem
Minha vida sempre foi um paradigma infernal e suportável. Como todas as pessoas, eu trabalho, tenho meu teto e ganho um salário. Mesmo que na parte do apartamento, eu divida com dois amigos; um deles, um excessivo chorão e depressivo, que não consegue se comunicar nem com o vendedor de pizza; o outro é simplesmente um músico fracassado que colocou na cabeça querer fazer sucesso com suas composições melodramáticas.
E por último, eu: o Físico Teórico com manias demais. Eu entendo que sou um pouco chato as vezes e para minha própria sanidade, eu me alto elogio. Ninguém — desde sempre — me elogiou ou teve interesse em mim e eu estava muito bem dessa forma.
Eu tinha a vida perfeita.
Exato: Tinha.
Tudo desmoronou quando ele chegou. Foi um dia e tanto, devo admitir. Harry era simplesmente adorável e estes pensamentos, somados as sensações calorosas em meu corpo, me fizeram ter uma guerra interna dentro de mim. Eu sentia que a qualquer momento eu explodiria com alguma bomba nuclear que se formava em meu peito. Eu assumo, com total vergonha, que meu vizinho da frente deixava-me desconcertado.
De repente, os meus padrões naturais mudaram. Antes eu simplesmente demorava no mínimo cinco minutos no banho e quando dei por mim, demorava quase quinze minutos. Prometi a mim mesmo sempre pentear bem os cabelos, mas quando escutei Harry comentar com seu amigo Rony — um bombeiro bonitão e que causou sérios problemas na gagueira de Blaise e muitos surtos do mesmo — que amava cabelos bagunçados, passei a usá-los dessa forma, abdicando de meu precioso gel sem nem ao menos deixar minha razão argumentar.
A física já não era mais suficiente em minha vida. Eu precisava parar aquela frustação sexual que me assolava. Quero dizer, estava tendo uma atração sexual ao meu novo vizinho que vivia de fotografias e gostava das composições do Theodoro — nunca descobrir se era por gentileza ou se ele realmente gostou da música "Que se foda os padrões", que Theo escreveu.
Eu jamais irei entender o que se passava na minha mente naquela época. Era bem simples: conquistar o vizinho ao qual eu não tinha certeza da orientação sexual; transar com ele e por fim, deixar que o tempo faça as conversas ficarem esquisitas até que elas acabem.
Mas é claro que Harry tinha que complicar tudo.
Quando dei por mim, lá estava eu sendo apresentado aos seus pais: uma mulher simplesmente adorável e um homem que tinha uma afeição gigantesca por futebol. Eu me senti estranho naquela mesa de jantar, pois veja bem, eu era o vizinho que transava com o filho deles pelos menos quatro vezes por semana (isso descontando as vezes que repetíamos o ato no mesmo dia). Eu estava em pânico e não sabia o que dizer; xinguei internamente o padrinho de Harry, um tal de Sirius Black, que tinha uma conversa muito constrangedora sobre camisinhas e bebês.
Aquele dia foi horrível, porém, Harry não havia terminado a sua cota de tortura.
Duas semanas depois, eu estava ouvindo meus pais me parabenizarem pelo meu novo relacionamento amoroso e escutando as inúmeras perguntas de minha mãe: se eu já praticava o coito de modo regulado e com horário; se eu já tinha ideia de quando me casaria e se eu iria adotar uma criança africana. Fingi uma queda de luz e desliguei o notebook: não iria me submeter a isso.
Harry simplesmente bagunçou a minha vida! Eu o odeio por isso; o odeio até hoje. E quando, alguns meses depois, estávamos os dois procurando um apartamento para dividir, eu notei: ele mudou as minhas monomanias, os meus paradigmas e meus costumes. Me fez usar cabelo bagunçado, gastar água e colocar a Física em segundo plano. Eu conheci os seus pais, tive que ouvir minha mãe perguntar sobre nossa vida sexual e prometi a Theo que ele iria poder tocar uma música em nosso provável casamento.
Deslumbrei Harry, totalmente sorridente enquanto segurava Loki, nosso futuro gatinho e pensei:
Esse grande idiota!
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Esse grande idiota
FanfictionDraco odeia Harry; o moreno bagunçou sua vida, estragou seus horários e atrapalhou tudo que envolvia-o. Draco, infelizmente, odeia amar Harry. [one-shot + drarry]