Eu Queria Que Fosse Você

capítulo 3

• Rafael Miller narrando

Eram dez para as seis da manhã quando levantei-me da cama. Minha cabeça doía. E não tinha vontade alguma de ir ao colégio. Mas tinha de ir.

Espreguicei-me e fui para o espelho do meu guarda-roupa me espelhar, estava um caco,  precisava me organizar e tratar tanto do meu corpo como do meu rosto.

Abanei a cabeça e uma força dentro de mim me disse que algo bom ia acontecer.

Provavelmente o destino queria me dizer que você iria entrar em minha vida.

Fui fazer minhas higienes e colocar meu uniforme para ir a escola. Mas antes... Passei o meu perfume one milion e passei óleo de coco no cabelo para ele ficar macio, hidratado, sedoso, brilhante e charmoso. Eu adorava cuidar do meu cabelo.

Meu pai gritou da sala repentinamente me assustando:
–Rafinha, vem rápido, você já vai se atrasar.

Eu era uma princesa quando se tratava de se arrumar, eu demorava séculos e me reparava no espelho várias vezes. Tenho de admitir, eu era vaidoso, acho que ainda sou. Essa é a minha marca registrada. Para mim era preferível chegar tarde do que chegar feio aos locais. Eu adorava me arrumar, me sentir atraente, e extremamente charmoso.
Passei a mão mais uma vez pelo cabelo e pisquei para mim mesmo. Levei minha camisola cinza as riscas brancas e gritei para o meu pai:
– Já estou pronto pai.– Disse, surgindo na sala o vendo bebericar do seu café, e lendo o jornal.

Sentei- me na mesa, querendo tomar um pouco de pequeno almoço e meu pai me impediu.

–Ainda vai querer sentar e tomar pequeno almoço? Você não vê que está atrasado? Acho que nem sabe as horas.–Disse num tom inorico.

E realmente não sabia, perdi a noção do tempo, mas você sabe... minha barriga era um saco sem fundo. Tive que me contentar levando apenas uma maçã.

Pedi desculpas ao meu pai, quando reparei no meu relógio de pulso e vi que só tinha dez minutos para chegar ao colégio. Meu pai apenas me lançou um de seus olhares lascivos e se levantou da mesa.

Tratei de o seguir e levar minha pasta. Minha cabeça estava doendo de um jeito torturante e eu, queria implorar para o meu pai para que eu ficasse em casa. Mas droga, tinha a aula de biologia e a professora ia distribuir trabalhos, eu precisava ir.

Durante o caminho, meu pai não trocou nem se quer uma palavra comigo, ele estava muito sério, mas não liguei... já era costume.

Despedi-me do meu pai e fui em direcção a minha sala. Consegui sentir alguns olhares queimando sobre a minha pele mas eu não estava nos meus melhores dias e não queria saber de nada. Passei por todo mundo que estava andando devagar e me olhando como um vulcão, pois estava atrasado.

De longe, consegui avistar a professora de biologia caminhando em direção à sala de aula e graças ao céus, cheguei antes dela.

A aula decorreu normalmente, apesar dela intimidar certas pessoas com seu ar de exigente, ela queria tudo bem feito.

Quando ela deu a aula por encerrada,  ela foi distribuindo os temas e acabou falando sobre você.

Ela pediu para mim ou Stefania, levar seu caderno para nós passarmos certos apontamentos em falta. Pois você era uma aluna excelente na cadeira dela e tinha tudo organizado.

Não perdi tempo e me prontifiquei a ir, era minha oportunidade de conhecer a excelente aluna de biologia e lhe pedir uma mãozinha no trabalho. Imediatamente perguntei a professora como você se chamava e ela disse: Larissa Bagorro.

Nome bonito o seu hein, mas eu me recordo de já ter ouvido falar do seu nome, só não me lembrava ao certo onde.

O intervalo chegou e eu fiquei parado na porta de minha sala observando o nada, perdido em meus pensamentos quando Stefania chegou e me perguntou se eu não iria levar o caderno com você. Eu assenti que sim e ela me disse que você estava na sala 36. Queria perguntar se ela te conhecia, mas Sasha, minha colega de sala apareceu por trás e abraçou minha cintura.