chain

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Nakamoto's Point Of View.

Solto um suspiro que nem ao menos sabia que estava segurando quando as portas do elevador se fecham no subsolo e me conduzem ao andar de meu apartamento. Depois de um dia regado a papeladas e estresse na empresa, só quero ir para casa e tomar um longo banho. E, é claro, vê-lo.

Quero sentir seu corpo magro junto ao meu, enquanto o fodo sem dó contra a parede suada do banheiro, tendo os ouvidos presenteados com seus gemidos agudos.

Lá no fundo, algo me diz que Sicheng anseia por nossas noites de prazer tanto quanto eu. Me prendo a isso, na esperança de que elas sejam tão especiais para ele quanto são para mim.

Cumprimento um vizinho no corredor antes de entrar em casa. Depois de uma chuveirada quente, me sinto revigorado. Amarro a toalha na cintura e encho um copo de água na cozinha.

Visto uma boxer branca e tento não bagunçar os cabides do closet enquanto procuro por minha camisa de seda preta. Quando a acho, puxo uma calça social qualquer do cabide e visto.

Aperto o contato na agenda do celular e coloco no viva-voz. Fecho a fivela do cinto de couro, deixando o aparelho sobre a mesa de cabeceira.

— Boa noite, Senhor Nakamoto. — Sua voz soa melodiosa ao que termino o último gole de água.

— Boa noite, Senhor Dong. — Respondo, em mesmo tom. — Vou poder te encontrar hoje? — Ouço sua risada baixa do outro lado da linha.

— Não sei. Preciso dar uma olhada na minha agenda.

Sorrio. — Não me decepcione, WinWin.

Ele fica quieto por alguns segundos e sei que é por causa do apelido que lhe dei. A verdade é que Dong Sicheng é desobediente quando se trata de sexo. Extremamente desobediente. Daí vem o apelido WinWin, porque eu sempre cedo às suas vontades, e ele acaba vencendo.

— E quando foi que eu te decepcionei, Yuta? — Ele me chama pelo nome pela primeira vez na ligação e sinto um arrepio na base da coluna. A risada breve soa quando não respondo. _ Que horas vai estar aqui?

— Em trinta minutos. Espero que esteja pelado.

— Veremos. — E desliga.

Bloqueio a tela e enfio o aparelho no bolso enquanto me dirijo ao closet novamente. Visto um relógio de prata no pulso esquerdo, assim como anéis em alguns dedos e uma corrente no pescoço. Seco o cabelo com a toalha e balanço a cabeça para os lados, para "penteá-los".

Em menos de cinco minutos estou pronto. Pego as chaves e calço os sapatos já do lado de fora. Tranco a porta e adentro o elevador enquanto abotoo a camisa.

...

Após alguns minutos de conversa sobre a economia do Japão com um segurança conhecido por mim, adentro a boate mais famosa de Tóquio. Vejo alguns rostos conhecidos por ali e cumprimento algumas pessoas.

Sigo em linha reta até o bar e cumprimento Shotaro, o barman. Ele me entrega o drink de sempre e se vira para atender outras pessoas. Deixo a quantia necessária paga pagar minha bebida e sigo a procura de meu garoto.

Não é difícil encontrá-lo, a julgar pelo alvoroço ao redor da figura esguia e seminua se esfregando num pole ao som de alguma música da Ashnikko que soa pelo ambiente repleto de fumaça.

Ele usa uma boxer preta e uma camisa branca de botões completamente aberta, só. Sua pele clara e exposta brilha com as luzes vermelhas que são jogadas sobre ele. Dong sobe e desce o punho fechado pelo pole. Sorrio contra o copo que descansa sobre meus lábios.

Sicheng é gostoso demais. E o melhor é que ele sabe disso.

Quando ele termina o show, as luzes vermelhas se apagam, deixando a iluminação por conta dos rodapés de led espalhados por toda a extensão do salão e de algumas lâmpadas pendendo do teto.

Ele anda em minha direção, com seus olhos vidrados nos meus, mesmo que toda a atenção do salão esteja voltada sobre ele e seu corpo — diga-se de passagem—desejável.

— Yuta. — Ele fala, tocando em meu rosto com um sorriso ladino. Beijo seu rosto e agarro sua cintura.

Enquanto ele se estica sobre o balcão para pedir um drink a Shotaro, noto que ele agora usa uma calça de couro preto excepcionalmente apertada e a camisa branca de antes, ainda totalmente aberta.

— Sentiu minha falta? — Pergunta por cima da música, após dar um gole na bebida transparente.

— Muita. — Ele está com a cabeça apoiada em meu peito, um ato inusitado, pois com alguns bons 8 cm a menos que ele, sou em quem costumo fazê-lo.

Dong Sicheng é um dançarino da boate Chain, em Osaka. É uma casa de extremo sigilo em relação aos seus clientes. Consegui o meu VIP há quase um ano. A casa só oferece serviços de garotos e garotas de programa para os clientes mais importantes. Foi assim que conheci Win.

Fui apresentado a ele por ChaeRin, uma amiga de longa data e dona da Chain. Os programas são devidamente e antecipadamente acertados com ambas as partes. Ou seja, tudo há de ser consentido dos dois lados.

Eu seria seu primeiro programa. Em meio há dezenas de homens e mulheres, Sicheng me escolheu. Quando pegamos um quarto no andar superior da casa, passamos horas bebendo champanhe caro e contando mais trivialidades do que alguém possa imaginar.

Eu não queria assustá-lo, então, somente dali algumas semanas, nos vendo quase todos os dias para acabarmos com uma garrafa de champanhe enquanto conversávamos, tivemos nossa primeira vez. Desde o começo, Sicheng sabe muito bem o que faz.

— Quer subir? — Ele grita, por causa da música alta. Assinto e volto para o bar, pedindo para Shotaro mandar a corriqueira garrafa de champanhe para a suíte 19.

Reparo que enquanto abrimos caminho pelas pessoas suadas e brilhantes pulando na pista de dança, quase todos os olhares recaem sobre a figura esguia que segura minha mão. Ele deposita um beijo na bochecha de Joy, dançarina e conhecida. Faço o mesmo.

Quando chegamos ao pé das escadas, encontramos ChaeRin, que está rodeada de pessoas enquanto bebe um drink fluorescente e duvidoso. Ela sorri quando nos aproximamos e faz um sinal para o grupo a sua volta, beija meu rosto e sorri para Sicheng. Certamente já deve tê-lo cumprimentado pela boate mais cedo.

Ao chegar no topo, ele vira para a esquerda algumas três vezes e passa um cartão vermelho pelo leitor da porta. Retiro os sapatos e os deixo do lado de dentro da porta.

Me aproximo de Dong, que encara algo pela janela. Ele vira seu rosto minimamente para mim, e com a mão direita puxa minha cabeça para seu encontro. Selo seus lábios calmamente. Ficamos assim por alguns minutos.

Três toques na porta nos trazem de volta à realidade. Quando abro a porta, Shotaro segura um balde de gelo com a champanhe em uma mão e duas taças na outra.

— Uma garrafa de Nectar, para vocês. — Ele diz e sorri. Tiro algumas notas do bolso e as coloco em sua mão. O deixo ficar com o troco. Shotaro é um bom garoto.

Coloco o balde sobre a mesa e encho as duas taças até a metade.

— Um brinde. — Sicheng levanta a própria taça na altura de nossos olhos e eu faço o mesmo. — Ao seu aniversário. — Bebo um gole da bebida efervescente, levemente surpreso.

— Não achei que fosse se lembrar. — Digo, trazendo seu corpo para perto do meu após deixar a taça sobre a mesa. Ele faz o mesmo e coloca suas duas mãos sobre meus ombros. Enlaço sua cintura.

— Tenho um presente para você. — Ele diz, com o nariz enfiado em meus cabelos. Não gosto de aniversários, mas Dong tem um poder tão grande sobre mim, que consigo ficar ansioso. — Mas só vou te mostrar mais tarde.

— Preciso falar com a ChaeRin — Resmungo depois de alguns minutos apenas ouvindo sua respiração calma. Ele resmunga um "por que?". — Quero levar você para minha casa, hoje.

— Eu já falei com ela. — Ele fala se levantando e me afasto minimamente dele. — Hoje é o seu dia, pensou que eu ia te deixar sozinho?

CHAIN - yuwinOnde histórias criam vida. Descubra agora