Enquanto ela não voltar

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POV - Narrador 

   Delphine ainda se encontrava parada no mesmo lugar em que presenciou Niehaus despejar todas suas dores e sentimentos sobre ela. Suas pernas aos poucos voltavam ao normal e as lágrimas que escorriam em seu rosto se tornavam cada vez mais incessantes.

   Aqueles palavras fizeram seu coração perder as batidas, seus pensamentos ficarem confusos e seu estômago embrulhar.

   Recuperou o máximo de força que conseguiu e se retirou daquele laboratório. Passou em sua sala apenas para pegar suas coisas e seguiu para seu carro, precisava a todo custo estar longe daquele lugar, precisava estar longe de tudo o que estava sentindo.

   Fez aquele caminho o mais rápido que pôde e em menos de dez minutos já estava entrando em seu carro.

   Os seus sentimentos estavam extremamente conturbados. Ora estava triste e suas lágrimas eram de lamentação, ora estava completamente irritada a ponto de desferir socos no volante de seu automóvel.

     Normalmente Cormier gostava do silêncio. Gostava de ouvir apenas o suave barulho dos pneus rolando pelo o asfalto, mas naquele dia em especial estava se sentindo terrivelmente incomodada com o silêncio que se fazia a sua volta. Afim de aplacar esse incômodo ela ligou o rádio e logo uma melodia calma começou a tocar. 

   "I found love for me/ Eu encontrei um amor pra mim.

    Darling, Just dive right in and follow my lead/ Querida, entre de cabeça e me siga.

    Well, i found a girl, beautiful and sweet/ Bom, eu encontrei uma garota, linda e doce.

    Oh, i never knew you were the someone waiting for me/ Oh, eu nunca soube que era você quem estava esperando por mim."

   Aquelas poucas palavras ditas pelo cantor fizeram as lágrimas de Delphine voltarem a rolar pelo seu rosto e ainda mais fortes. Ela desligou a rádio e voltou ao silêncio. Preferia ficar apenas com seus pensamento a ter que ouvir outra pessoa, mesmo que por uma música, lhe dizer o quanto estava errada e quanto tinha machucado Niehaus.

   Por algum motivo que Cormier não sabia qual, as ruas estavam muito calmas e quase não tinham carros transitando, o que facilitou e muito o percurso até sua casa.

   Delphine estacionou seu carro na garagem e saiu batendo a porta como se o automóvel tivesse culpa de seus erros. Caminhou apressadamente até a porta e adentrou sua residência. 

   - Sra. Cormier, chegou cedo hoje - disse a governanta assim que avistou Delphine passar pela porta.

   - Tive uma pequena indisposição hoje e resolvi voltar mais cedo para casa - informou.

   - A senhora está bem?

   - Estou sim Carmem, não se preocupe - forçou um sorriso e antes de seguir seu caminho acrescentou - Chame Rodolfo e venham até meu escritório, preciso falar com os dois - a mulher prontamente saiu para atender o pedido de Cormier.

   A governanta Carmem Cantieri e o mordomo Rodolfo Massaretto começaram a trabalhar para Delphine assim que ela chegou no Canadá. Assim como ela os dois eram novos no país, o que fez Cormier logo se interessar por eles. 

   Delphine seguiu para seu escritório assim que viu a mulher desaparecer casa a dentro. Aquele cômodo não era diferente dos escritórios comuns. Em uma das paredes havia uma estante com diversos livros sobre diversos assuntos, na outra parede tinham algumas prateleiras com alguns experimentos e uma pequena adega, tinha também uma mesa com um computador, alguns papéis, agendas, alguns livros e um pêndulo de Newton. A parede de fundo era composta por uma imensa janela, assim como seu quarto. O escritório de Cormier era basicamente a alma dela, tudo ali expressava todas as suas faces e gostos mais sinceros. 

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