continuação

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A casa queimava junto aos corpos ou o que sobrou dos pais de Natalie, que agora se chamava Clockwork.
Estranhamente se sentia feliz, aliviada e com uma sensação de leveza.
- O tempo é meu amigo agora. Ela disse sorrindo enquanto andava pelas ruas sem rumo.
O que ela faria agora ? Está sozinha.
O barulho incansável do tick-tack do relógio a deixava com a mente calma.
- O tempo...
O tempo era mesmo uma tortura ? Ou um aliado ?
Talvez dependa das pessoas.
Como usam seu tempo ?
O aproveitam ? Ou o desperdiçam ?
Pensava Clock...
Então ela ouve um choro alto.
Vinha de uma casa ao lado. Ela olhou para cima viu uma janela onde uma garotinha chorava incansavelmente implorando ao seu pai que parasse de brigar com ela.
- Achei que o tempo era ruim, mas são as pessoas que não sabem como usá-lo. Clock murmurou.

Ela escalou a casa, o pai da menina já havia saído do quarto.
Entrou pela janela que estava aberta e perguntou:
- Por que o choro criança ?
A menina parou de chorar e olhou assustada para o olho de Clock e para suas roupas encharcadas de sangue.
- Não se assuste, eu sou boazinha.
A menina chorou novamente, mas dessa vez um choro silencioso.
- Quantos anos tem ?
- Tenho 7. Respondeu limpando o olho com uma das mãos.
- Você gosta do seu pai ? Clock pergunta.
- Não. A menina responde cabisbaixa.
- Posso ajudar com isso. Clock sorriu abertamente mostrando os pontos em sua boca. - Não saia do quarto.

Clock saí e vê o pai da menina na sala assistindo um programa qualquer abrindo uma garrafa de cerveja.
Ela se põe a frente dele. Sorri e diz:
- O seu tempo acabou.

.........................

A TV saiu de sinal e começou a chiar.
- Quem é você ? O homem levantou furioso.
Clock retirou a faca que havia colocado na barra da calça.
- Vou te fazer pagar. Sabia que o tempo é valioso ? Pergunta passando o dedo pela lâmina.
O homem socou Clock no estômago e ela cambaleou para trás.
Ela riu descontroladamente, a insanidade havia tomado conta do seu ser.
Ele tentou novamente acertá-la, ela segurou seu pulso ainda rindo.
- Homens grandes são mais difíceis de morrer.
Ela encravou a faca em seu estômago e chutou seu joelho. Ele caiu.
- Vamos brincar.
Ela enfiou a faca mais duas vezes em seu estômago e o homem tossia sangue.
- Você desperdiçou seu tempo. Batia em uma criança de 7 anos por nada.
Ela pegou a faca e cortou a mão do homem fora.
- Não vai mais precisar dessa mão.
Ele gritou.
- Cale a boca. Não queremos assustar sua filha.
Ela usou a faca para abrir os dedos da outra mão igual fez com os dedos de seu irmão a poucos minutos.
Ele tentava se debater, mas só sentia dor.
Ele gritou mais uma vez e Clock irritada com seus gritos cortou-lhe a língua.
- Sabia que sua filha toca ? Clock disse. - Eu vi o violino no quarto dela. Ela parece gostar.
O homem chorou com medo.
- Eu vi os desenhos na parede. Ela desenhava ela mesma tocando.
Ele chorou mais ainda. Suas pupilas estavam dilatadas e tremendo.
- COM VOCÊ NA PLATÉIA! Clock gritou.
Ela ergueu a faca para o ar.
- Últimas palavras ?
Ele chorava, suas lágrimas pareciam brasa do tanto que lhe queimavam o rosto.
- Seu tempo acabou. Ela sorriu macabramente e encravou a faca em sua garganta. Não satisfeita ela repetiu o processo por todo o corpo.
Ela ria insanamente. Suas risadas eram estridentes.
Quando acabou foi ao quarto da menina que abraçava o travesseiro forte.
- Você tem outro familiar ? Clock perguntou.
- A vovó. A menina respondeu.
- Ela mora perto ?
- Sim.
- Vá até ela. Seja boa. Aproveite enquanto há tempo.

ClockworkOnde histórias criam vida. Descubra agora