Naquele Inverno

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Era uma clara manhã invernal quando me atingiu. Você andava vagarosamente pelas cinzas ruas sem vida, de cabeça baixa.

Subitamente tudo ficou colorido. Não de uma vez, claro, mas quando o doce cheiro inibriante de seu perfume entrou pelas minhas narinas, agitando o coração e anesteziando a mente, o céu ficou amarelo.

Sim, amarelo, vibrante, vivo. O chão se tornou um doce roxo e o ar ficou densamente azul. Vida envolveu-me. Paixão tinha me capturado. Era refém.

Você continuou andando a passos largos, e eu, memorizando cada detalhe seu.

Seu incrível sorriso que se abriu ao ver um filhote passeando rotineiramente com seu dono; Suas mãos, que apresadamente tilintavam na calça; Seu cabelo, que caia bagunçado no seu rosto e voava com a fria brisa de inverno; E seus óculos, que perfeitamente se encaixavam a seu simetrico rosto.

Bruscamente você parou, mudou de direção como se estivesse confuso, sorriu como se lembrasse de algo, virou-se para uma casa rosa e entrou-na. Fechou a porta atrás de si.

Nunca mais te vi. Com o tempo minha mente não pôde mais se lembrar da fervente sensação que eu tive ao te ver. Nem que tenha sido por apenas alguns minutos.

Então eu fui esquecendo. Esqueci do teu sorriso, das tuas mãos, o seu cabelo... Me esqueci de como seus óculos complementavam seu rosto.

Me esqueci de você, e você nunca soube de mim. O amor que eu senti por você, ficou alí... Naquela rua, naquele inverno.

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⏰ Last updated: Jan 31, 2018 ⏰

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