Mesmo nos dias mais terríveis, mesmo nos momentos de caos, o final do túnel pode virar uma nova porta.
E lá estava eu, suja, usando um vestido esfarrapado, descalça pela estrada, sem rumo, sem casa, só eu. Podia sentir os olhos das pessoas pousarem sobre minha infeliz imagem. Ignorada, eu seguia meu caminho sem saber ao certo aonde iria chegar.
A rua não era o melhor lugar para uma garotinha de 10 anos estar, mas com toda certeza é melhor do que o lugar aonde eu estava.
Minha verdadeira luz da vida surgiu em um dia de verão, eu estava em um bosque procurando por árvores que descem bons frutos, pois esse era meu único meio de obter comida.
Ja estava entardecendo quando o temporal começou a mudar, o céu se fechou formando nuvens escuras e pesadas gotas d'água caiam do céu.
Em busca de abrigo, me aprofundei cada vez mais na floresta, até que escorreguei em um lamaçal e cai de um barranco, eu havia lesionado meu pé, mas juntei minhas forças para continuar caminhando, nao muito longe dali, avistei uma casa de madeira, na sua grande varanda havia diferentes tipos de plantas e um aconchegante sofá, quando me aproximava, vi surgir a silhueta de um homem na porta da casa, mas eu estava esgotada demais meus olhos se fecharam e eu apaguei.
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Podia sentir os raios de luz pairarem sobre minha pele, quando percebi, estava em um pequeno quarto, com uma janela grudada a minha cama, do lado da cama havia um armário de madeira e sobre ele algumas frutas e um copo de chá.
Eu me sentei sobre a cama e pos meus pés no chão, nesse exato momento senti uma dor agonizante em minha perna direita e então me lembrei do momento em que havia caido do barranco, a perna estava enfaixada, o que significava que alguém havia cuidado das minhas feridas. Mesmo assim não pude deixar de soltar um pequeno grito de dor.
Nesse momento a porta do quarto é aberta, e então surge um homem alto, de cabelos escuros, ele usava uma camiseta social branca meio desleixada, calça social preta e uma armação de óculos.
Ele vem até minha direção, se agacha para ficar cara a cara comigo, coloca seu dedo em minha testa e a empurra.
- Não se esforce! -- ele diz.
Eu tinha um milhão de perguntas para fazer naquele exato momento, mas a única que consegui dizer foi.
-Quem é você?- eu perguntei com a voz meio falha.
Seus olhos estavan fixados nos meus, e embora isso me deixasse meio desconfortável eu continuei encarando-o. Em seguida, ele se levantou e foi em diração a porta e parou em frente a ela.
-Sou a pessoa que te salvou- ele disse virado de costas pra mim.
Essa não era exatamente a resposta que eu esperava, mas mesmo assim, não insesti.
- Porque me salvou? Você nem ao menos sabe quem eu sou.- eu disse.
Um silêncio permaneceu no ar, talvez eu não devesse ter perguntado.
- Não se preocupe,você não é uma estranha para mim, Alana.- ele disse se virando para mim e dando um pequeno sorriso.
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Myst
RastgeleNão podemos mudar nossa essência. O desejo da carne, o pecado da alma, a malicia da mente, isso é oque nos forma.