Um susto pela manhã

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Mais um indesejado e entediante dia começou, acordar às seis da manhã para ir para a escola e ver os mesmos rostos que você vê todos os dias não é algo fácil, pelo menos não para mim. Estava garoando e o tempo estava frio, é o tipo de dia que vale a pena você se esforçar para sair da cama e aproveitar os pingos de chuva cair sobre o seu rosto do lado de fora mas contiua sendo um dia de aula, então... É. Calcei meus chinelos e rastejei para o banheiro fazer meus deveres matinais, vesti meu uniforme e desci para tomar meu café. O fato de que eu quase caí da escada de  sono não vem ao caso. Vi mamãe no fogão fritando bacons, mas minha tigela de cerais já estava em cima da mesa junto com um suco de maracujá:

-" Bom dia flor do dia!"- disse mamãe se virando para mim

-" Bom dia"- falei bocejando.

-" Está animada?"

-" Por que estaria? É segunda-feira"- me sentei à mesa comendo um pouco do meu cereal.

-" Exatamente, não está animada para começar mais uma semana?"- minha mãe é a pessoa mais otimista que eu conheço. Levantei uma sobrancelha e neguei com a cabeça voltando para o meu cereal. Terminei meu café, peguei minha mochila e fui saindo:

-" Já estou indo, mamãe"- disse indo para a porta.

-" Tome cuidado, as crianças da cidade começaram a sumir então ande bem atenta"- disse mamãe.

-" Pode deixar"- fechei a porta atrás de mim e segui em direção à escola. Enquanto andava comecei a pensar sobre essa história das crianças começarem a desaparecer. Isso não faz muito tempo, umas cinco na vizinhança já sumiram sem deixar rastros. Desde então as pessoas andam mais alerta na rua... Isso me preocupa às vezes, quer dizer, são só crianças, o culpado de tudo isso só pode ser um sociopata estuprador. Enfim, não gosto de pensar nisso, apertei o passo pois não queria chegar atrasada. Chegando ao portão da escola, vejo minhas três melhirea amigas conversando:

-" Oi meninas"- disse com cara de sono.

-" Oi Melissa. Está com uma carinha de sono, passou a noite toda assistindo séries de novo né?"- disse Katy.

-" Não, eu só não consegui dormir... Insônia e essas coisas"- disse

-" Nem me diga, faz quase uma semana que eu não durmo bem..."- disse Lucille.

-" Olha, se vocês quiserem eu posso fazer um chá que vão fazer vocês dormirem feito nenens"- disse Diane, nossa amiga de humanas.

-" Legal da sua parte mas não precisa, vamos ficar bem"- sorri

-" Stay alive!"- disse fazendo sinal de "paz e amor" e o atravessando com o dedo indicador.

-" Obrigada por lembrar"- disse Katy, rindo"- vamos entrar?"

-" Vamos"-dissemos em uníssono. Entramos na sala e sentamos nos nossos lugares. Enquanto o professor não chegava resolvemos conversar:

-" Então meninas, vocês ouviram falar das crianças que andam desaparecendo?"- perguntou Lucille.

-"Uhum, é muito triste... "- disse Diane, tirando sportão erno da mochila-" Crianças que poderiam ser alguém e ajudar pessoas. Quem será o maluco?"

-" Pff, certeza que é aqueles velhos pançudos"- disse Lucille, fazendo todas nos rirmos.

-" Ai gente, minha mãe está tão preocupada com isso, ela fica aflita toda vez que eu piso para fora de casa"- comentei.

-" A minha também, eu tenho que ir para o teatro treinar toda terça feira e minha mãe sempre me dá o mesmo sermão para eu tomar cuidado..."- disse Katy.

-" De qualquer jeito, a polícia está trabalhando nisso, vão encontrar esse sádico rapidinho"- falou Lucille. Seu pai trabalhava na polícia de Ruston e era bem competente, conseguia resolver todos os casos com a ajuda dos outros, não importasse o quão difícil esse caso era, além de ser muito simpático.

-" Pois é meninas, mas é sempre bom ter cuidado hein"- disse Diane-" Não podemos dar mole para qualquer um na rua"

-" Bom dia, classe. Abram o livro na página 145, vou corrigir as atividades"- o professor havia chegado na sala. Paramos de conversar e premos atenção na aula. O dia correu normalmente, eu e minhas amigas conversamos no recreio sobre o trabalho de Química, o professor de História havia faltado então tive tempo de jogar um pouquinho no meu celular. O sinal tocou, me despedi das meninas no portão e caminhei até a minha casa. Durante o caminho eu me senti observada, o que é estranho porque não tinha absolutamente ninguém na rua. Achei muito bizarro isso, minha rua sempre está cheia e de repente parecia uma cidade fantasma. Comecei a andar olhando para os lados, com medo de algo acontecer, estava suando muito e minhas mãos tremiam quando de repente ouço algo:

-" Psst... Hey, garota"- olhei para trás abruptamente, tentando achar quem havia me chamado. Não tinha ninguém. Apertei o passo com medo de ser o tal sequestrador de crianças. Fechei meus olhos, não acreditando que estava acontecendo comigo. Ouvi essa pessoa rir, foi aí que comecei a correr, minha casa não estava muito longe então comecei a ficar mais tranqüila quando vi  a mesma começar a aparecer no horizonte. Cheguei ao portão, e puxei a chave da minha mochila com uma certa pressa. Entrei na minha casa e bati a porta atrás de mim. Meu coração estava tão acelerado e eu estava tremendo, escorreguei até o chão, me sentado e respirando fundo. Meu doguinho Darwin veio até mim, pulando no colo de felicidade:

-" Aah... Oi amigo"- sorri o acariciando. Darwin era um Husky dos olhos com cores diferentes, azul e castanho. Ele ainda é pequeno mas coloca muito felicidade na casa. Mamãe saiu para o jardim para estender roupa quando me viu sentada no chão:

-" Melissa? O que está fazendo aí no chão?"- perguntou

-" Ah... Eu... Eu parei para brincar com o Darwin, só isso"- ainda bem que minhas respirações ofegantes pararam senão ela ia desconfiar que eu estava correndo e ia fazer um monte de perguntas.

-" Huh, tudo bem então. O almoço está pronto, fiz batata frita para você"- disse pregando as roupas do cesto no varal.

-" Certo, obrigada"- levantei e corri para dentro. Já no meu quarto, liguei a televisão para servir de fundo pois me sentia sozinha quando estava tudo calado. Peguei meu ukulele e comecei a tocar um pouco, seu som era lindo e me deixava calma , por isso o escolhi para praticar. Fiquei o dia todo nele, tentando esquecer o que acontecera mais cedo. Não iria contar para minha mãe porque ela ia ficar bem preocupada e, se eu a conheço bem, ela iria contratar um segurança para me vigiar vinte e quatro horas por dia. Meu dia correu normal, almocei, cochilei até umas cinco horas da tarde e, ao acordar, assisti alguns episódios da minha série favorita. Confesso que estou com um pouco de medo de ir sozinha para o colégio amanhã, vou ligar para as minhas amiga e ver se elas podem vir até a minha casa para irmos juntas.

Enquanto isso, em algum lugar perdido nos canais de esgotos de Ruston...

-"... Vai ser ela. Insegura e medrosa. Perfeita para um lanchinho da tarde... Haha... Só esperando pela oportunidade em que ela possa chegar na borda de algum bueiro e então... Eu a puxo para dentro... E a faço flutuar." 

Clown sweet clownOnde histórias criam vida. Descubra agora