Cartas para você - Cato e Clove

Katniss Sincera

Assim que fui para cama, me lembrei que teria que acordar cedo, e talvez minha mãe não estaria acordada, desci e a avisei que iria à casa de um amigo em Esperança, ela não me perguntou quem, e eu sou grato por isso. Peguei o primeiro trem da manhã e cheguei à Esperança depois de uma boa hora no trem, não vi o lover boy em lugar nenhum daquela estação, até que eu vi aquele mesmo cara loiro idiota na porta estação, correndo atrás de um ser minúsculo de cabelos castanhos, o pequeno ser estranho veio se esconder atrás de mim.

- Krystal pare! – A menina o olhou e deu língua, era um idiota mesmo.  O lover boy levantou a cabeça e me viu, seu queixo caiu um pouco.

- Olá lover boy. – Eu o encarava com um meio sorriso, eu achei que ele ia pegar a menininha e tirá-la de perto de mim, mas ele apenas estendeu a mão, olhei da mão para o seu rosto, então a apertei. Ele puxou minha mão em um aperto e falou com os olhos cerrados: - É Peeta, não lover boy. – E soltou minha mão, eu ri um pouco, então me virei para a pequena criatura que se mantinha agarrada a perna da minha calça, prestes a mandá-la soltar, mas ela já olhava para mim com dois olhos azuis como os do Lov... Peeta.

- Não me diga que... – Eu olhei para ele apontando para a menina na minha perna, ele assentiu. – Você conseguiu pegar a esquentadinha? Cara, virei seu fã. – Ele fez uma carranca, mas depois a suavizou e riu junto comigo, não é que Peeta Mellark conseguiu conquistar a menina que no dia da entrevista quase arrancou sua cabeça? Irônico.

Nós andamos até o bairro dos vitoriosos, apenas duas casas estavam habitadas ali, mas eu percebi que uma delas, parecia ser algo como um hospital. Chegando à porta de uma, ela se abriu, uma garota morena parou no vão, cruzou os braços e me olhou de cima a baixo, Katniss Everdeen, a garota em chamas me encarava como se pudesse me matar talvez.

- Então ele está vivo mesmo? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Quer subir em uma árvore carreirista? – Ohh, droga! Ela ia ficar tirando com minha cara por causa da árvore? Ok, eu treinei a vida toda, e fui “vencido” por uma árvore, deprimente.

- Ei Katniss, lembra o que Annie pediu? Relaxe. – Eles podiam ser casado, namorados, morar juntos, sei lá o que esse dois faziam, mas Peeta Mellark parecia ter medo dela, e eu não o culpava por isso!

- Ok amor, eu só queria tirar uma com a cara dele. – Ok, você conseguiu garota em chamas, e amor, lover boy domesticou a fera, uau.

Entramos e fomos conversar, quando a porta da frente se abriu e o mentor deles entrou.

- Katniss – Com uma fala arrastada e cambaleando, ele irrompeu na sala onde estávamos. O encaramos alguns minutos, então ele se aproximou de mim, recobrou a postura, bêbados podem fazer isso? E me encarou, segurando meu queixo e o virando de um lado para o outro, soltou e olhou pra Katniss.

- Eu estou bêbado demais e vendo coisas, ou bêbado demais e vendo fantasmas? – Haymitch, era esse o nome, indagou para uma Katniss que o encarava prestes a rir ou gritar de raiva, vai saber.

Ela exalou e o respondeu: - Qual a diferença entre o que você falou? Não, você não está vendo coisas, ou fantasmas, esse é Cato e eu também jurava que tinha o matado até ontem quando Annie me ligou e disse que eram verdade os rumores.

Haymitch fez uma cara de ‘not bad’ e me olhou de novo, depois olhou para Katniss.

- Tem algo para beber aqui? Meu uísque acabou. – Ele parecia uma criança pedindo algo, mas uma criança alcoólatra.

- Você sabe que se eu te der uma gota de álcool, Effie vai arrancar minha cabeça fora, ou pior, me fazer vestir um daqueles vestidos dela e tirar uma foto!

Alguém me explica, que eu não tô entendendo esse povo. Effie não era a escolta deles nos jogos? A escolta e o mentor estão juntos ou eu que tô entendendo errado?

- Tô pouco me lixando pro quê a Effie vai dizer, me dá algo pra beber Katniss!

- Só no dia que o Peeta tiver duas pernas! – Mas hein? Então ela olhou para o marido, fez uma careta e murmurou – Desculpe.

- Maldita capital! Maldita seja a perna que ficou pelo mundo, maldita seja o uisquinho. – O cara é louco? Haymitch saiu batendo a porta. Algum tempo depois alguém bateu na porta e Katniss foi atender, ela voltou com idiota ruivo.

- Hey. – Ele sorriu enquanto cumprimentava todos na sala, esse seria o seu último ‘hey’ se estivéssemos sozinhos naquela sala. – Ei, eu quero conversar com você babaca. – agora sim, ele quer morrer, avancei para cima dele, mas Peeta me conteve.

- Você pode até matar ele, mas faça isso do lado de fora, a última vez que, Haymitch, quebrou uma mesa de centro caindo em cima dela, Katniss o colocou fora a ponta pés e quase o matava. – Ele sussurrou para Katniss não ouvir, bem, eu não quero experimentar os punhos da girl on fire, sentei-me novamente e encarei o idiota ruivo.

- Tá, o quê você quer falar comigo? – eu estava o estrangulando mentalmente, vai me dizer o quê? Algo como: ‘Eu e a Clove estamos namorando agora’? Te mato se falar isso seu idiota. Apesar de eu ter sido idiota o suficiente de ter “dado” permissão para isso, merda!

- A Clove não tem nada comigo. Ela se tornou minha amiga e eu estava distraindo ela enquanto você não chegava, quando você chegou, nós não te vimos, eu até fiquei a fim da menina que tava com você, a de vermelho, mas eu devo ter dizer, a Clove não que saber de cara nenhum que não seja você, então para de ser babaca e ficar de showzinho só porque ela tem um amigo homem.

- Peraí? Você terminou com a sua namorada só porque viu ela do lado dele? Achei que um cara com a sua aparência se garantia mais. – Katniss, você tá empenhada em me esculachar hoje né? Obrigado.

- Eu entendo o Cato, sair da arena mexe com a pessoa, mesmo o seu amigo idiota estando longe eu ainda quero matar ele, por ter te beijado daquela vez. – Acho que eu fiz alguém revirar uma antiga briga de marido e mulher.

- Chim, amigo indiota que queria roubar a mamãe do papai, indiota! – Essa era a Krystal, a menina defendia o pai da mãe? Como esperado da filha da louca ali. Eu comecei a rir, mas falando em “amigos” dando beijos, eu acho que se for pra fazer as pazes com Clove, eu vou ter que contar a merda que eu fiz e esperar que não tenham facas por perto.

Às 10 horas eu encontrei Annie e Finn na estação, eu ia perguntar sobre Emmett, mas achei melhor não. Embarcamos no trem e depois de longas duas horas, chegamos a Esperança, ninguém estava nos esperando, mas Annie sabia o caminho, fomos andando até o bairro dos vitoriosos e Annie me guiou a uma casa envolvida por arbustos de flores pequenas e coloridas.

- Annie, que flores são aquelas?

- Primroses.

Peeta e Emmett, o nome do idiota ruivo era Emmett, saíram para arrumar algo no quintal atrás da casa, então Katniss me chamou para que nós fossemos a um lugar, juro que eu pensei que ela ia me matar, mas ela passou por Peeta e deixou Krystal com ele, enquanto nós andamos até onde ficava a cerca, ela arrancou um pedaçinho de mato do chão e ficou brincando com ele enquanto falava comigo.

- Sabe, apesar de tudo é legal você estar vivo e não estar louco tentando fazer a última coisa que a capital mandou você fazer, sabe, matar outros. – Assenti. – Clove deve ser legal, é bom ter alguém que entenda como você se sente, alguém que já foi para a arena e sabe que você não é perturbado por acaso, mas por algo maior que ainda te assombra. – Katniss também tinha medos, eu tinha esquecido que ela também era vitima de tudo aquilo. – Peeta me ajuda bastante, eu perdi todos, meu pai, minha irmã, minha mãe, meu melhor amigo, eu seria sozinha se não fosse por ele, acho que você devia conversar com Clove, fazer as pazes.

- Quando nós brigamos, eu e Clove, eu estava junto com uma menina que eu odeio – Katniss me olhou, eu não ia parar de falar, força Cato! -, mas, eu estava com tanta raiva, tanto ciúmes, que quando ela me beijou eu demorei 2 segundos pra lembrar que eu estava movido pela raiva, e eu não sei como Clove vai reagir quando eu contar para ela. – Katniss colocou uma mão no meu ombro e fez uma careta de quem entende.

- Quer um conselho? Tire as facas de perto dela, e mande a menina se mudar de planeta.