Abismo

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Eu estava correndo devagar, eu poderia correr bem mais rápido se quisesse, de longe eu ouvi que Cato já vinha atrás de mim, ou talvez fosse qualquer um que ficou mal quando ele resolveu ir embora por eu ter saído correndo.

- Clove! – Ok, com toda certeza era Cato, ou eu estava delirando? – Eu preciso falar com você! – Eu não preciso ainda, eu não tô pronta, eu não quero ouvir seus planos com outras, obrigado.

Continuei correndo, quando algo me agarrou por trás e me puxou para si, eu gritei e tentei me sair do seu aperto, OMG eu iria morrer no meio do nada, e ainda por cima sem ver o rosto do meu assassino.

***

Clove não respondia, será que ela caiu e bateu a cabeça? Será que ela resolveu que não me quer de jeito nenhum e preferiu o idiota ruivo? Bem, eu merecia algo assim depois do que disse e do que fiz. Mas depois de apresar o passo, eu vi um pequeno vulto correndo a minha direita, e mais a frente a minha direita tinha um pequeno, pequeno abismo de 6 metros, lembrei de Katniss me tirando da direita quando eu já ia pisar em falso naquela área onde não tinha nada para se pisar alem de vácuo.

- Hã? – Olhei para Katniss quando ela me puxou, então ela apontou para a frente, olhei para a frente e vi o abismo. – Er... Obrigado?

- Cuidado quando trouxer Clove aqui, tenha certeza de não deixar ela te empurrar daí. – Katniss estava rindo, ou a arena mexeu muito com ela, ou ela tinha mais senso de humor do que eu achava.

Corri para a direita e vi Clove, ela ainda estava correndo, mas devagar, então eu a agarrei faltando um passo para ela cair no abismo. Ela gritou e esperneou nos meus braços, então eu cai de costas, ainda segurando ela e ela começou a gritar novamente.

- Catooo! Cato! – Eu senti uma pontada de culpa por estar a assustando, e ao mesmo tempo eu gostei de ouvi-la me gritando, mas eu tinha que parar, antes que ela atingisse algum ponto vital na tentativa de me fazer largá-la.

- Chamou? – Eu sussurrei no ouvido dela e diminui o aperto, achei que ela ia começar a me bater, mas ela me surpreendeu me abraçando e chorando.

- Eu achei que ia morrer seu idiota! – Tava demorando. – Eu achei que você não estava vindo e que algum maníaco estava me segurando e ia me matar – Primeiro soco no meu peito -, e então eu nunca mais ia ter ver. – Segundo soco. – E não ia poder impedir seu casamento. – Terceiro soco... Espera casamento?

- Clove. Clove! – Ele levantou os olhos, tinha um biquinho posto em meio às lágrimas. – Quem disse que eu vou casar? – Ela parou um segundo e então chorou mais, gente o quê deu nela? – Shhhhhh. – Passei as mãos em seu cabelo e ela começou a falar.

- E não vai? – Bem, não que eu saiba. – Aposto que depois que você brigou comigo, você viu que a Kaela era melhor pra você, ou que qualquer garota é melhor para você e agora você vai me chamar para ser madrinha do seu casamento com ela!

Eu queria rir, meu deus como eu queria rir, mas acho que uma risada naquele momento podia levar ela a achar que era verdade aquela ideia, então eu a apertei em um abraço.

- No dia que eu for me casar, você vai estar convidada, um convite irrecusável...

- Não, eu não vou!

- Shhh, me deixe terminar. Você vai com um vestido feito exatamente para você e vai me encontrar lá na frente, no altar.

- Já disse que eu não vou ser a droga da madrinha!

- Claro que você não vai ser a droga da madrinha! – Ela me olhou e ficou pensando um instante, eu devia estar cometendo uma loucura ali, mas dane-se, eu amava aquela garota! – Você vai ser a garota que vai dizer sim, vai ser a noiva, e vai ter que aparecer, senão, não vai ter casamento.

Cartas para você - Cato e CloveOnde histórias criam vida. Descubra agora