E se o homem que vivenciou os últimos minutos de vida do Messias pudesse dar o seu relato?
O que ele nos contaria? Algo mudou em sua vida? O que ele viu?
E mais importante: O que ele sentiu?
Conheça Vinicius de Éfeso, um homem abençoado até no nome...
Meu nome é Vinicius de Éfeso. Vinicius significa abençoado. Sei que talvez isto nem mesmo importe. Na verdade não importa.
Talvez tu não saibas disso, mas eu nasci em Éfeso, na Grécia. Houve uma época em que Éfeso era a segunda e mais importante cidade do Império Romano. Hoje fica na Turquia. Se eu nascesse hoje seria Turco. Estranho, não é mesmo?
Mas isto também não importa. Há coisas mais importantes.
Eu vou contar a minha história, ou pelo menos o que eu me lembro dela. Sei que o fim, finalmente, se aproxima, e achei que seria melhor eu deixar algumas anotações para a posteridade.
Não que isto vá realmente mudar o que tu pensas a respeito dos assuntos que vou abordar.
Não é esta a minha intenção. Apenas quero que tu saibas o que eu já sei há muito tempo.
Bem, eu nasci, cresci e morri. E é exatamente neste ponto que minha história começa, no momento em que eu morri. No momento em que eu subi o Monte das Oliveiras.
Eu digo isso porque aquele "outro eu" ficou lá. Morreu lá. Morreu junto com outros que haviam lá.
O homem que desceu do monte das oliveiras também nasceu no monte das oliveiras.
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E este sou eu e verdadeiramente vos digo que estas coisas são a minha verdadeira história. A história da minha nova vida.
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Estando eu, Vinicius , a serviço do Império, vi-me tomado naquelas terras distantes de uma cegueira iminente.
Sabia que não acharia cura por estas bandas, visto que só haviam crentes fanáticos e curandeiros charlatões.
Sim, era verdade, eu, Vinicius , sabia que, logo, não poderia mais exercer as minhas funções e então seria abandonado, como se abandona um cão sarnento.
Eu, Vinicius , já havia levado, em dias passados, leprosos para seus imundos retiros e sabia que destino similar me aguardava.
Isto me agoniava e mesmo não sendo religioso, me apegava a vários deuses, fazendo falsas orações e promessas vazias.
Em dado momento, eu, Vinicius , ouvira falar de um homem, diziam ser um homem-santo, um Messias. Diziam que ele realizava milagres. Era um judeu, um nativo destas terras de ninguém.
Minha visão estava tão turva que tentei encontra-lo. "Quem sabe?", pensei. Certa vez creio ter chegado bem perto dele, mas acabei por perde-lo na multidão.
Para mim era difícil entender aquela língua ali falada. Era uma língua triste. No início tinha a impressão de que eles estavam sempre brigando ou chorando. Um sotaque verdadeiramente lamuriante.
Após três anos, aprendi um pouco da língua e temo que já falava igual a eles. Seria muito bom que todos falassem latim, mas isso não era verdade.