Capítulo Único

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"Love is not altogether a delirium, yet it has many points in common therewith." - Thomas Carlyle 


Aquela neve não era normal. Por mais frio que fosse o inverno, mais úmida e gelada que a cidade estivesse não deveria nevar. Mas ao olhar para o céu noturno, banhado de nuvens que deixavam cair na terra centenas de pequenos flocos brancos, não havia como negar o que estava acontecendo. Estava nevando em Paris.

Os telhados manchavam-se de branco assim como as ruas e as copas das árvores, dando a cidade luz uma nova aparência. Era o branco frio misturado às luzes quentes do natal que já se encontravam espalhadas por todo canto. As pessoas caminhavam animadamente pelas calçadas, carregadas de sacolas com diversos presentes para seus familiares, amigos e amores.

As ruas, avenidas e ruelas cheiravam a canela, massa, pão e vinho. As lojas tocavam um agradável jazz natalino, colocando um sorriso no rosto de todos aqueles que entravam no recinto. Era o efeito imediato do clima natalino na vida dos cidadãos.

Em um prédio no centro, encontravam-se quatro amigos que resolveram passar um pouco da semana de natal juntos. Adrien queria comemorar sua primeira casa – apartamento; e que jeito melhor de fazer isso se não na companhia dos amigos, bebendo algo quente e montando a árvore de natal.

Ele mais podia acreditas em tudo que estava acontecendo. Finalmente teria um lar alegre e aquecido de risadas e amor. A caneca em suas mãos cheirava a chocolate, creme e canela enquanto um sorriso mantinha-se firme em seus lábios enquanto observava a adorável cena a sua frente.

Sua namorada completamente perdida e embolada entre as luzes de natal antigas – e um pouco empoeiradas, diga-se de passagem. Enquanto Nino e Alya terminavam de colocar as delicadas bolas brancas nos galhos da grande árvore de natal, Marinette tentava com toda sua força e paciência não desistir daquele emaranhado de luzes.

- Sabe, você podia vir aqui me ajudar ao invés de ficar só me olhando, Agreste! – Marinette olhava para o louco com uma sobrancelha arqueada, esperando que ele viesse ao seu socorro.

- Eu acho que não... – Ele resolveu provocar. Jamais negaria um pedido de sua namorada, mas naquela noite seu lado mais brincalhão estava a tino. – Estou muito ocupado com essa caneca de chocolate. Além do mais as luzes combinam com você, minha doce senhora. – Piscou para ela e sorriu abertamente.

Aproximando-se dele, Marinette pagou o emaranhando de fios que estavam em suas mãos e aproximando-se dele, os jogou sobre a cabeça do loiro. Enrolando ambos em meios aos fios e luzes.

- É brincadeira! Brincadeira! – Ele riu e passou a tirar o amontoado de fios e luzes de si. Com tudo já devidamente desembolado, Adrien e Marinette passaram a colocar as luzes em volta da janela, buscando trazer ao máximo aquele clima natalino para o então novo lar de Adrien Agreste.

Após anos vivendo com o pai na mansão da família, onde suas lembranças daquela data não passavam de dias frios e solitários; Adrien teria finalmente a chance de comemorar um natal de verdade, cheio de amor e alegria em seu pequeno apartamento.

- Nós fizemos um bom trabalho aqui. – Alya admirava a decoração encostada no confortável sofá do loiro. – Esses enfeites são muito bonitos Adrien.

- Obrigado. – O loiro sorriu. – Eram da minha mãe. Estavam jogados em um canto do sótão, então antes de vir pra cá, achei que seria legal trazer eles comigo. Acho que ela iria gostar.

- É claro que ela iria. – Marinette sentou-se ao lado dele, também no sofá, e buscou por sua mão. Ela conhecia muito bem aquele tom de voz nostálgico que ele carregava.

Cold outsideOnde histórias criam vida. Descubra agora