Capítulo 25

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A primeira coisa que Penny fez logo que desembarcou foi se dirigir até a vila indicada por Ulisses. Vladimir decidiu não acompanhá-la. Segundo o falecido guerreiro, a carta estaria com um ancião em uma das pobres casas encontradas.

Fernanda não conseguia entender o porquê de ter voltado ao passado, sendo que desejava muito estar em sua casa. Mesmo assim o fez. Eles sabiam que o reino de Uri agora está sob posse de Doug, que pode ser tão tirano quanto Rose (ou até mesmo mais ainda).

O Sol se colocava no oeste. Senhor Carlos percebe que aquele pôr do Sol é diferente. Ele acontece mais tarde e os raios são mais vívidos. Fernanda estava tão mergulhada em suas aventuras no passado que havia até esquecido que dia era aquele. Nesse dia os vikings costumam adorar o deus Sol. Logo, todos os bárbaros começam a se prepararem e arrumarem sacrifícios. Os piratas, seguidores do cristianismo, não conseguem compreender tamanho alvoroço. A comandante está mais perdida ainda.

É o solstício de verão.

Aqueles preparativos são para adorar o Sol. Não é à toa que os vikings se preparam como se suas vidas dependessem disso. Mas, na mentalidade deles, depende.

É então que, com a ajuda de Hannah, Fernanda consegue se lembrar que dia é aquele. 24 de dezembro.

Os soldados machucados em guerra estão divinamente ótimos, como se nunca tivessem se machucado. Yurik tem mais liberdade para tirar a camisa, pois tudo que resta em suas costas é manchas que deveriam ser grotescas cicatrizes, mas que se assemelham mais a marcas de nascença. Ele abraça sua filha. Por tudo que passaram ainda estarem vivos é um milagre. Mas a jovem está triste por Keven. Ela então pensa em Erik e sua cabeça começa a entrar em confusão. Seu pai lhe dá conselhos sobre como agir, e ela ouve cada palavra como uma garotinha recebendo conselhos do pai antes do primeiro dia na escola.

Fernanda vê Yurik e Hannah abraçados e lembra; é o primeiro Natal que passará longe da família. Entristecida, não sabe se vale a pena permanecer no passado. O motivo foi Vladimir, mas ele não está se importando com ela. Só quer saber de se preparar para cultuar o deus Sol. E se ele estiver pensando em alguém, essa pessoa é Penny.

Caio lembra a tão importante data e aconchega a comandante com um abraço. Fernanda está bem melhor, mas não o suficiente para deixar de pensar em seus parentes que estão se reunindo para comemorar, e ela não pode comparecer. Mas o abraço do pirata é tão reconfortante.

– Você deveria comemorar com seus amigos. – diz a policial.

Obviamente ela está se referindo a Yuki. O primeiro pirata apaixonado pelo capitão gostaria muito de comemorar o Natal ao lado de seu grande amor. Ela faria o mesmo, se Vladimir não estivesse tão distante, mesmo estando tão perto.

Todos assistem as apresentações das valquírias que são ótimas sopranos. Apesar de ser uma festa pagã, Caio e seus piratas não perdem o grande espetáculo dos vikings. Apresentações teatrais de batalhas, comes e bebes à vontade e músicas escandinavas atraem todos os presentes que não recusam participar. Há até um poema cantado pelo Senhor Carlos narrando a queda da rainha Rose. Lágrimas caíram dos olhos de Vladimir ao ouvi-lo citar o nome de seu pai Nicolau.

E com orgulho Nicolau

Ao seu filho deu

A missão de derrotar

O mal que faleceu

Uniu-se a honrados

Piratas navegadores

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