Capítulo Único

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O que somos capazes de fazer? Até onde conseguimos chegar? O quanto somos capazes de suportar? De que tanto somos capazes de nos desfazer? Até onde podemos ir? O que mudamos em nós? Melhor ainda, o que um sentimento pode mudar em nós? O quanto de mim muda a partir do momento em que eu sinto? O quanto minha liberdade se restringe a um alguém, a ser livre com esse alguém, sem amarras e sem maiores guerras? Eu posso abdicar dos meus leões? Eu posso por meus muros abaixo, segura de que não serei atormentada pelas feridas que ele evitava? O quanto eu consigo suportar, o que eu preciso enfrentar para viver esse sentimento? O quanto esse sentimento vai me custar? O quanto esse sentimento vai me trazer? É o suficiente? Eu sou capaz de dar o que esse sentimento precisa? E se nenhuma dessas respostas for afirmativa, eu serei capaz de suportar a saudade? As noites em claro, chorando. Querendo um sentimento ao qual não fui capaz de caber. Ao qual tive medo de viver. O quanto vale uma lágrima perto de um sorriso? Mais, o quanto vale uma lágrima de felicidade? Qual o valor? O que eu preciso?

Uma vez eu escutei que números não vencem guerras, mas ajudam. Seria tão bom se números pudessem reter, em sua pequena infinidade, a força de um sentimento. Mas, alguns infinitos são maiores do que outros. E, o infinito deles, jamais vai caber no meu infinito amor por ela.

Droga. Finalmente admiti que a amo. O quanto valem minhas palavras a ela, me pergunto?

O que eu seria capaz de fazer, só para fazê-las valer. Só para vê-la sorrir. Para vê-la me amar.

Aquele corredor cabia o mundo dentro da minha mente, cabia minhas dúvidas, minhas vontades caladas, meus números incertos. Eu detesto números incertos.

Estava escuro. A escola inteira estava vazia. Eu não esperava encontrar ninguém. Clara estava com fio, e eu como uma boa amiga, a estava esperando. A insegurança dela me fazia pensar coisas ruins, afinal eu não conseguia ser insegura. Existem outras limitações para que eu possa me preocupar.

Minha limitação era, nada mais, nada menos, que eu mesma. Como ser eu mesma? O quanto vale ser eu mesma? O quanto vale enfrentar essa eu mentirosa? Essa eu que jamais soube ser feliz de verdade? Eu sabia o quanto valia. Os números estavam dentro dela, ou melhor, do meu relacionamento com ela.

-DROGA!

Falando nela...

Aquela voz se fez ouvir, a intensidade grudando em cada parte do meu cérebro. Ela parecia irritada, preocupada. Talvez uma pitada de desapontamento.

Droga! Mais uma vez?

Como eu a conhecia tão bem?

-Lica?

Questionei. Ela me olhou, assustada. A baixa luz entrando no corredor vazio. A luminária alaranjada iluminando uma tela de pintura. Ela tinha os cabelos amarrados. Os olhos jabuticaba envolvidos por uma luz de pôr do sol proporcionada pela única lâmpada do cômodo. A blusa branca suja de tinta molhada. A mesma que, em suas mãos, escorria até o pincel, que caiu no chão com o suposto susto.

Droga!! Pare de reparar, Samantha!

-Sam!? Que susto. Eu... eu não sabia que cê tava aqui.

Ela se atrapalhou com o pincel. Eu sorri. Caminhei até ela, sem resistir a naturalidade da cena.

-Ei. Tá tudo bem?

Perguntei, chegando perto.

-claro que tá!

Ela deu alguns passos para trás. Parou ao escutar um som alto. As costas dela se chocando contra uma das mesinhas ali, que derrubaram um copo cheio de pincéis.

-Ah, droga! Porque eu nunca faço nada certo?

Ela se virou. Parecia irritada. Eu ri. Apressei a aproximação, ajudando ela a juntar. Ela sorriu, agradecendo. O quanto valia o sorriso dela? O quanto valia fazer ela sorrir? O quanto valia trocar as dores dela por aquele sorriso? Droga!!

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⏰ Última atualização: Jan 01, 2018 ⏰

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O maior crítico (Oneshot Limantha)Onde histórias criam vida. Descubra agora