Capítulo 04

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10 anos antes

- Não! Minha Jihyo não, minha Jihyo não é uma ômega! - Yejin encarava o corpo trêmulo da filha que se contorcia de dor sobre a cama.

Aquele era o primeiro cio de Jihyo Park aos seus 13 anos.

Todos estavam abismados por se tratar de uma ômega, a personalidade forte e até mesmo um pouco autoritária da garota demonstrava que ela seria uma alfa. Uma alfa bem problemática por assim dizer. Porém naquela manhã, quando Eun e Yejin precisaram amarrar os braços e pernas do própria filha para que ela não machucasse a si mesmo em uma busca insana por alívio, a mulher caiu no choro.

- Isso é algum tipo de castigo? – Yejin exclamou quando Eun agarrou seus braços puxando-a para fora do quarto.

- Ma-Mamãe! Por favor! E-Eu preciso de ajuda. - A garota pediu desesperada ao ouvir o trinco da porta.

O casal trancou-se para fora do quarto de uma suplicante e amarrada Jihyo, que berrava em agonia. Yejin era uma alfa que vinha de uma linhagem "perfeita", para ela era chocante saber que sua filha era ômega. Até as ômegas da família jamais geraram ômegas, todos eram alfas, belos e cheios vida. A família de Yejin era conhecida na pequena São Paulo como a fábrica de alfas, possuía, além de influência, muito dinheiro. Todos os casamentos arranjados pelos avós de Jihyo, geraram filhos alfas. Quando Yejin e Eun se apaixonaram, um rebuliço foi causado na família, um beta, para piorar tudo, de família humilde.

Era inadmissível, alfas foram feitos para ômegas e Joon jamais permitiria que sua filha mais jovem misturasse o seu sangue puro e maculasse sua genética impecável. Então o casal fugiu, afastou-se dos pais de Yejin e criaram a própria família, abriram um negócio e viviam bem e felizes.

Tiveram cinco filhos, sendo Jihyo, a única mulher.

Até que, ao completar 13 anos, Yejin descobriu que sua "enérgica e autoritária" garotinha era uma ômega. Foram seis dias tortuosos, Jihyo permaneceu amarrada à cama, por ordem da própria Yejin, ainda que Eun insistisse para que ela permitisse que a garota se aliviasse, ela manteve-se firme: sua filha não seria submissa, ela não obedeceria a ordens de ninguém e ela, definitivamente, não seria propriedade de algum alfa pervertido.

Ela se encarregaria de evitar isso.

Na manhã do primeiro dia após o cio, Jihyo acordou assustada, tentando soltar-se das amarras que o prendiam à sua cama. Alguns minutos de agonia de depois, Yejin entrou no quarto, sua expressão impassível e sua conhecida posição de alfa haviam tomado lugar assim que pisou no quarto.

- Mãe... - Os olhos castanhos estavam marejados, os pulsos e tornozelos em carne viva, os lábios rachados e vermelhos, mesmo assim, a alfa não se abalou.

- Eu vou soltar você e nós vamos conversar, tudo bem? - a garota assentiu, assustando-se com a voz imperativa que Yejin usava.

Assim que seu pé esquerdo foi solto, Jihyo estava totalmente livre, sentou-se sobre o colchão, tocando levemente com os dedos os próprios machucados. Ardiam como o inferno e a garota sentia uma imensa vontade de chorar, uma tristeza que jamais a havia acometido, aquela era a primeira vez que ela se sentia acuada.

- Não chore. - Yejin sentou-se ao lado da filha, segurando seu rosto entre as mãos.

- Me desculpa, mãe... - A voz embarga denunciavam o esforço que a garota fazia para não entregar se ao choro.

- Não. - Pediu, secando as lágrimas da filha com os polegares – Não, chore. - Repetiu firme. - Você não está destinada a depender de alguém para sobreviver, você está me entendendo? - A garota assentiu - Você é uma Park. Você, pode ter todos os alfas que quiser, não o contrário.

six days of a heat • SAHYOOnde histórias criam vida. Descubra agora