hello, my angel

78 10 1
                                    

O som relaxante da chuva caminhava em direção aos meus ouvidos naquela noite. Espiando pela janela do meu quarto, eu me encolhia sob o sofá e apenas observava cada pingo de chuva caindo enquanto aguardava mais uma vez.

Poderiam ser horas esperando, para mim não importava desde que eu a visse, desde que sentisse seu cheiro de jasmim, que tocasse em sua pele macia. Ela era o motivo das minhas constantes insônias. Aquilo valia a pena.

Eu precisava vê-la, cada segundo que se passava sem olhar-lhe nos olhos eram torturantes. Ah, aqueles olhos... eles me faziam bem, eram como duas hematitas que podiam enxergar minha alma.

Conheci-a há muito tempo, lembro-me muito bem da primeira vez que a vi. Nesse dia, tudo o que notei foi o seu sorriso estonteante, depois passei a ver sua aura que brilhava mais do que qualquer pedra preciosa nesse mundo. Nunca conversavamos muito, ficar apenas uma perto da outra já era o suficiente.

— Sinb? — estremeci ao escutar uma voz doce e calma, que eu reconhecia muito bem — Abra a janela, por favor!

Condescendi ao seu pedido e levantei as janelas de vidro. De começo não via nada a não ser a escuridão daquela madrugada extremamente nublada. Aos poucos uma forte luz divina foi surgindo e eu sabia o que se aproximava.

Imediatamente eu sentia aquilo, seu toque foi me envolvendo e seus braços circulavam pela minha cintura. Por um instante congelei, mas fui aquecida pelo teu abraço. Estávamos apenas nós duas e nossas respirações na mais profunda das harmonias. 

— Eu senti sua falta, Eunha. —  comprimi os lábios — O que foi?
— seu semblante me deixava preocupada — Aconteceu alguma coisa? Tem a ver comigo?

— Não! Não é nada disso. Eu apenas não poderei ficar por muito tempo hoje. — ela tentava disfarçar, mas eu sabia que não era só isso.

— Por que você não pode ficar comigo? Digo... ficar comigo de verdade? Como um casal como qualquer outro? — perguntei, ingenuamente, já sabia a resposta.

— Porque eu não posso. E... também porque eu acho que nós duas somos ocupadas. — ela segurou minhas mãos e passou seus polegares levemente nelas — temos outras coisas, outros desejos...

— Meu único desejo é ter você. É muito difícil precisar de você em outros momentos e saber que não posso vê-la. — balbuciei.

— Você já me tem, você tem o meu coração! Eu estou sempre aqui, Sinb.

— Eu tenho medo de você me deixar! — segurei o choro — Prometa que nunca me deixará.  — apertei-a nos meus braços.

— Sinto muito, Sinb. — sussurrou para que eu não ouvisse e se deitou ao meu lado, me fazendo apoiar minha cabeça em seu peito — Eu não vou te abandonar.

Senti seus dedos passarem pelos meus cabelos, aquilo me proporcionava uma sensação incrível. Com Eunha era assim: um misto de sentimentos bons.

Todo o amor, o carinho e o afeto que ela me dava era maravilhoso. Eu não tinha certeza se era realmente amor, porém era no que eu preferia acreditar.

E eu a amava

Desde o inicio ela sempre foi a única pessoa que me tirava do chão. Eunha me fazia esquecer de todos os tormentos que já presenciei. Ela tinha o poder de trocar os meus sentimentos ruins por uma bomba de momentos gratificantes — todos com ela ao meu lado, é claro.

Quando nós fomos à praia de noite e começamos a dançar sem música alguma. Quando ela me deu o primeiro beijo. Recordo-me das vezes que ela e eu sentávamos na sala e comiamos todas as besteiras que uma pessoa pode aguentar.

No dia do meu aniversário, assim que todos foram dormir: subimos, não, voamos até o edifício mais alto da cidade apenas para observar as estrelas. Aquele havia sido o primeiro dia em que vi suas enormes asas fofas e cintilantes, assim como o dia em que descobri quem ela realmente era: o mais puro e belo dos anjos, o meu anjo.

Mas, apesar de toda essa experiência amorosa ser extremamente anormal, o meu medo era como o de qualquer outra pessoa apaixonada: perdê-la. Meu medo era de nunca mais poder tocar em suas asas e nem de sentir seus lábios macios contra os meus. Meu medo era de nunca mais ficar com ardência nos olhos apenas por tentar observar a luz que Eunha transmitia. Meu medo era de que, talvez, nunca mais pudesse escutar aquela gargalhada longa e deliciosa que ela soltava toda vez que eu fazia alguma bobagem. E o pior de tudo era saber que, uma hora ou outra, aquilo iria acontecer.

Segundos depois, Eunha me pôs pra dormir, porém eu ainda podia senti-la por perto. Uma luz radiante refletia pela janela e um vento quente passava por mim. Era a hora de ir, até a próxima noite.

No meio do caminho até a luz que a rodeava, pude ouvi-la:

— Eu te amo, Sinb.

Heaven | SINB + EUNHA 《Oneshot》Onde histórias criam vida. Descubra agora