Não abriremos hoje

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- Vamos na casa da Adrina? - Bianca fala para Hanyel que estava pintando o batente da porta dos fundos.
- Boa idéia, já que estamos sozinhos mais um dia.
- A Ari trabalha demais.
- Fazer o que... ela gosta. - Ele coloca o pincel ao lado da lata de tinta. - Vou trocar de roupa e logo vamos.
- Tudo bem, vou colocar um tênis.

- Pronto, podemos ir. - Ele desce as escadas ao colocar sua jaqueta de couro. Seu cabelo estava solto, duas trancinhas nas mexas da frente se uniam até atrás da cabeça.
- Sua barba está despareia.
- Está?
- Sim... espera ai. - Bianca pega uma tesoura na caixa de costura que estava ao lado do sofá e corta alguns fios da barba de Hanyel. - Está ótimo.
- O que achou do cabelo?
- Esta parecendo o Gandalf, ahahaha, lembra do Gandalf?
- Lembro hahaha lembro sim. Agora vamos.
Os dois saem de casa, Bianca fecha a porta, uma pilha de folhas secas estava no quintal, ela olha para ela a fazendo pegar fogo imediatamente.
- Vai botar fogo assim de novo?
- Você não joga essas folhas, alguém tem que dar um jeito.
- Blé... as folhas não incomodam ninguém.
- Mas sujam minha calçada!
Hanyel olha para Bianca. Ele olha para as outras folhas no quintal e na calçada e as fazem apodrecerem e entrarem embaixo da terra.
- Resolvido! Apague este fogo. - Disse ele ao desligar o alarme do carro.
Ao sairem de casa, Bianca vê um corvo levantar voo do grande Pinheiro

- Pronto, chegamos.
- Será que ela está em casa? Está tudo fechado.
- Está frio, ela fecha a casa quando esfria.
- Verdade. - Bianca sai do carro, em seguida Hanyel.
Entrando portão a dentro, chegam na porta e batem.
- Adriana! - Chamou Bianca.
- Já vai! - Adriana grita do segundo andar.
Uma aura roxa aparece na parta, fazendo-a abrir.
- Entrem! Bianca, faça um chá! - Adriana gritou novamente.
- Tudo bem, Adriana!!
Os dois entram na casa, Hanyel acaricia Shadow e vai até seu antigo quarto. Bianca vai até a cozinha e começa a preparar o chá.
Subindo as escadas, Hanyel ouve murmúrios vindos do quarto de Adriana, ele vai até seu antigo quarto. Estava do mesmo jeito que deixou como saiu da casa. Os livros de biologia na prateleira, a cama perfeitamente arrumada, a escrivaninha abaixo da janela, ainda tinha uma folha de papel com um desenho que não acabara de terminar. Ele a pega e observa.
- Você gostava tanto de desenhar aquela floresta... - Uma voz vem atrás de Hanyel.
- Adriana! - Ele solta a folha e a abraça. - Como você está?
- Eu... eu estou bem! - Ela sorri para ele.
- Hum... não acredito em você.
- Como que é que é?
- Sua mão esqueda tremeu, está mentindo para mim.
- Tenho que contar algo para vocês, não posso adiar.
- Não pode adiar o quê? - Bianca entra no quarto.
- Bianca! - Adriana abraça a sobrinha. - Como você está?
- Estou bem, Adriana. E você?
Adriana olha para Hanyel, logo volta a olhar Bianca.
- Contarei tudo na hora do chá.
- Tudo bem! - Bianca fica com um ar de preocupada. - Olha só! Seu quarto continua como antes.
- Viu só? Adriana deixa tudo como deixamos.
- Sinto a falta de vocês, deixar as coisas como vocês gostavam, é a única maneira de não me sentir sozinha quando entro em seus quartos todos os dias.
- Este desenho... eu me lembro quando você estava fazendo. - Bianca pega a folha na escrivaninha.
- Irei ver o chá! - Adriana sai do quarto  e vai até a cozinha.

- Seu quarto ainda tem cheiro de cedro!
- É verdade... - Hanyel abre o guarda-roupa e pega uma roupa no cabide.
- Seu sobretudo... - Bianca passa a mão sobre os furos e rasgos no sobretudo. - Ela guardou.
- Por qual motivo será?
- Não sei, Adriana tem um grande afeto por nós, acho que até mesmo isto, faz com que ela se sinta melhor.
Hanyel guarda o sobretudo novamente.
- Vamos no seu quarto?
- Vamos! - Bianca sai e vai até seu antigo quarto.
- Caramba! Continua a mesma coisa!
O quarto de Bianca, assim como o de Hanyel, estava perfeitamente do jeito que deixaram. Os vasinhos com suculentas na janela, os pôsteres de filósofos grudados na parede. Uma pulseirinha que Hanyel comprara para ela, na primeira feira medieval que foram juntos, ainda estava lá, em cima da cômoda.
- Lembra desta pulseira?
- E tem como esquecer?
- Nunca mais vimos o bruxo que nos vendeu... - Bianca passou a mão pela miçanga azul da pulseira.
- Ricardo... creio que ainda deve estar bebendo em algum bar.
- Deveras... ahahahaha.
- Crianças, venham tomar o chá! - Adriana grita da cozinha.
- Estamos indo!
- Crianças... - Hanyel diz rindo ao sair do quarto.

- Saudade da casa de vocês?
- Muita! - Falaram juntos.
- Venham passar uma noite aqui comigo, relembrar os velhos tempos.
- Uma ótima idéia, mã... quer dizer... Adriana.
Ela coloca o bule na mesa e as xícaras de porcelana.
- Podem me chamar de mãe se quiser, sempre esperei isto de vocês.
- Não a chamo nem de tia, Adriana...
- Eu não fui mais sua tia desde o acontecido, meus bruxos... eu os criei e os protegi como filhos!
- Sabemos disso... - Hanyel abaixa a cabeça.
- Bom... chega de passado, vamos tomar chá! - Ela enche as xícaras de chá. - Vamos ter uma conversa séria, porém não aqui! Tomem este chá, iremos achar um lugar para conversarmos.
- Sei um lugar ótimo! - Disse Hanyel.

- Pode deixar que eu fecho o portão, Bianca. - Disse Adriana.
- Pronto? - Hanyel pergunta do carro.
- Sim! - Bianca e Adriana embarcam.
Eles saem e vão para o centro da cidade, na De Alt Vall. Eles saem e se deparam com a porta fechada, uma placa dizia que não iria atender naquela tarde.
- Fechado?
- Sim! - Hanyel responde a Bianca.
- Elas estão ali dentro! - Adriana disse ao olhar pela vidraça.
- Mas por qual motivo não abriram a porta para nós se elas nos viram? - Bianca pergunta.
- Disseram que é pra entrarmos pelo beco ao lado e entrar pela casa. - Hanyel disse.
- Como sabe? - Adriana pergunta.
- Elas me falaram aqui! - Hanyel aponta na sua cabeça.

Elas ouvem alguém na porta.
- Ruth, eles estão na porta.
- Abra ela, Brianna.
- Estou ocupada. Carmen... abra a porta.
- Já vou! - Carmen fala ao sair da cozinha e ir abrir a porta. - Boa tarde a todos, entrem por favor.
- Como você está, Carmen? - Hanyel pergunta.
Ela olha para o amigo, ele entende seu olhar.
- Dona Adriana, que prazer revê-la! Olá Bianca.
Todos entram na casa.
- Estamos na cozinha, Adriana e Bianca podem nos ajudar?
- Sim, claro! - Respondem juntas.
Hanyel tira o casaco e coloca sobre o braço do sofá, Adriana e Bianca entraram na cozinha junto com as garotas. Ele vai até lá.
- Sabíamos que vocês viriam! - Disse Ruth. - Olá, meu amigo!
- Olá, Ruth! - Hanyel responde.
- Feitiço de encobrindo... cúpula de Rivel Dalevall. - Adriana diz ao sentir o cheiro do vapor que saía do grande Caldeirão no meio da cozinha. - Não sabia que faziam poções.
- Fazemos as vezes, quando preciso! - Diz Lilian ao jogar três penas de pavão albino dentro do caldeirão.
- Já que sabem fazer poções, nos ajudem, por favor, se vai contar a eles, Adriana... devemos estar encobertos.
- Vocês...
- Desculpe a intromissão, Adriana. Mas todos nós devemos ter uma conversa séria. - Disse Ruth.
- É... precisamos... - Hanyel senta-se próximo a mesa.

- Está pronta! - Disse Carmen ao analisar o vapor da poção.
Ruth se aproxima e molha seu dedo na poção e pinta sua testa com ela.
- Por favor, façam o mesmo.
Assim todos fizeram.
- Agora podemos conversar! - Disse Bianca.
- Quem começa? - Bianna pergunta.
- Nós! - Bianca e Hanyel se põe em pé. - Hanyel teve uma visão, ele viu alguém do passado. Vocês devem saber quem é... ele tem os cabelos pretos e olhos azuis.
- Ele... - Adriana sussurra. - Aquele dia... eu vi... o general do chicote elétrico... ele o reviveu.
- Impossível, ele morrera com muitos tiros, não foi assim?
- Lilian... a bruxa negra... Helena, com certeza ela o protegeu de algum modo. - Diz Adriana.
- Como um feitiço salva vidas? - Bianca pergunta.
- Um burla mortes... - Falou Ruth. - Ele tinha que viver para que o plano das negras se concretizassem.
- Que plano? - Bianca pergunta novamente.
- Acabar com todos os bruxos deste mundo.
- Então a AOM foi apenas uma fachada. - Carmen diz.
- Não... eles se juntaram na causa, interesses iguais, recompensas diferentes... os inquisidores teriam suas vidas poupadas depois das inquisições modernas. - Adriana fala. - Uma delas me visitou, acabou me machucando, o livro das classes está em colapso, algo está muito, muito errado.
- E Victor? - Hanyel pergunta. - Onde ele está? O que ele quer?
- Acreditamos que ele esteja vivo, após a morte de Helena, Iven e Agnes se aliaram aos poucos inquisidores. Eles nos querem... querem os envolvidos da grande explosão...
- Malditos... - Bianca bate sua mão na mesa.
- Victor... ele quer algo em especial... - Diz Hanyel. - Ele quer...
- Ariane!! - As quatro irmãs falam juntas.

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