Carlos Eduardo - Em um banco de concreto

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Nós estávamos em um banco de concreto, quando começamos a conversa. Ela olhava para frente. Eu tinha o banco entre as pernas. Tentei me aproximar várias vezes, ela me manteve afastado. Aos poucos, foi cedendo, os ombros estavam mais relaxados. Sorria de vez em quando e olhava nos meus olhos.

Abri meu coração. Não havia mais espaço para joguinhos, nem dúvidas. Ela precisava acreditar em mim e eu precisava dela. Precisava muito dela.

─ Bruna, eu posso te dar um beijo? – Pedi.

Ela jogou os cabelos para trás e puxou minha camisa. Ainda não acredito que essa mulher deslumbrante, que enfeitiça milhares de marmanjos por aí, veio gostar logo de mim. É um privilégio. Um privilégio muito grande.

Nosso beijo foi intenso. Não era preciso dizer mais nada. Nós nos perdoávamos por não sermos exatamente aquilo que o outro esperava. Nós éramos tão maiores do que classificações e expectativas. Qualquer pessoa é, mas insistimos em não entender a lição. A gente se queria muito e muito bem. Isso teria de bastar até aprendermos a conviver com nossas limitações. O que poderia levar uma vida inteira.

O meu coração disparou. Acho que foi o medo de perder que me deu a consciência exata da minha situação: eu amava Bruna Drummond. Nós nos empolgamos no beijo e nem percebemos que todos já haviam saído do prédio, restava uma meia dúzia de fiscais interessadíssimos em se livrar de nós.

─ Onde você estacionou o carro? É melhor a gente ir. – Perguntei e a puxei pela mão. – Nós já estamos extrapolando o limite da boa-vontade dessas pessoas. – Um ou outro nos olhava de cara feia.

─ Mais ali na frente...

Seguimos abraçados até o carro. Eu ia caminhando na direção apontada por ela, meu braço em volta da sua cintura. Bruna encostara a cabeça no meu ombro. Ainda enxugava as lágrimas. Estávamos alheios a tudo.

Bruna sentou no banco do motorista. Eu colocava meu cinto de segurança. De repente, escureceu. Não me dei conta de quando essas pessoas circundaram o carro.

─ Calma, Bruna. – Tive tempo de dizer antes que um dos brutamontes armados batesse na minha cabeça e eu apagasse.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora