Nós estávamos em um banco de concreto, quando começamos a conversa. Ela olhava para frente. Eu tinha o banco entre as pernas. Tentei me aproximar várias vezes, ela me manteve afastado. Aos poucos, foi cedendo, os ombros estavam mais relaxados. Sorria de vez em quando e olhava nos meus olhos.
Abri meu coração. Não havia mais espaço para joguinhos, nem dúvidas. Ela precisava acreditar em mim e eu precisava dela. Precisava muito dela.
─ Bruna, eu posso te dar um beijo? – Pedi.
Ela jogou os cabelos para trás e puxou minha camisa. Ainda não acredito que essa mulher deslumbrante, que enfeitiça milhares de marmanjos por aí, veio gostar logo de mim. É um privilégio. Um privilégio muito grande.
Nosso beijo foi intenso. Não era preciso dizer mais nada. Nós nos perdoávamos por não sermos exatamente aquilo que o outro esperava. Nós éramos tão maiores do que classificações e expectativas. Qualquer pessoa é, mas insistimos em não entender a lição. A gente se queria muito e muito bem. Isso teria de bastar até aprendermos a conviver com nossas limitações. O que poderia levar uma vida inteira.
O meu coração disparou. Acho que foi o medo de perder que me deu a consciência exata da minha situação: eu amava Bruna Drummond. Nós nos empolgamos no beijo e nem percebemos que todos já haviam saído do prédio, restava uma meia dúzia de fiscais interessadíssimos em se livrar de nós.
─ Onde você estacionou o carro? É melhor a gente ir. – Perguntei e a puxei pela mão. – Nós já estamos extrapolando o limite da boa-vontade dessas pessoas. – Um ou outro nos olhava de cara feia.
─ Mais ali na frente...
Seguimos abraçados até o carro. Eu ia caminhando na direção apontada por ela, meu braço em volta da sua cintura. Bruna encostara a cabeça no meu ombro. Ainda enxugava as lágrimas. Estávamos alheios a tudo.
Bruna sentou no banco do motorista. Eu colocava meu cinto de segurança. De repente, escureceu. Não me dei conta de quando essas pessoas circundaram o carro.
─ Calma, Bruna. – Tive tempo de dizer antes que um dos brutamontes armados batesse na minha cabeça e eu apagasse.
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Por Onde Andei
Teen FictionNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...