Carlos Henrique - Só consegui chegar perto das quatro da manhã

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Só consegui chegar perto das quatro da manhã. Fui direto para casa. Meu pai ainda consolava minha mãe no sofá da sala. Eu a abracei, ela começou a chorar novamente. Dona Débora se recusava a dormir. Pelo estado de nervos em que se encontrava, acho que precisaria tomar medicação.

Meu pai me contou como seriam os procedimentos dali para frente. Uma escuta telefônica fora instalada nos telefones e celulares da casa e da empresa. Nós deveríamos esperar a ligação pedindo o resgate.

Eu não conseguia parar de pensar no meu irmão. Meu coração ficava apertado. Mas eu não poderia chorar, mamãe precisava saber que nós lidaríamos com aquela situação da melhor forma possível.

Perguntei quais seriam as medidas da polícia com relação ao pagamento do resgate. Papai deixou claro que não interessava o valor. Nós pagaríamos, contanto que Kadu pudesse voltar para casa em segurança. Eles que procurassem prender os bandidos depois.

Mamãe desatou a chorar novamente e resolvemos mudar de assunto. Fui deixar minhas malas no meu quarto e percebi que alguém dormia no quarto de Carlos Eduardo.

─ Quem está aí? – Apontei para o quarto de Kadu.

─ Bruna. – Papai respondeu.

─ Seu pai insistiu que ela viesse. – Dona Débora estava inconformada.

─ Era o mínimo que eu poderia fazer depois de tudo que ela fez hoje. – Virou-se para mim e disse. – Tente não fazer barulho, meu filho. Foi uma luta fazê-la dormir um pouco. Trouxemos até a Doutora Fabíola.

─ A psiquiatra do Kadu?

─ Sim. A garota precisou ser medicada. Estava em choque.

─ O que aconteceu? – Suspeitei que houvesse algo além do óbvio.

─ Bruna acusou a mãe e o namorado dela pelo sequestro. – Dona Débora falou. Havia dureza nas suas palavras. Já eu, senti uma empatia imensa pela namorada do meu irmão. Qualquer pessoa que tivesse coragem de denunciar a própria mãe para defendê-lo, merecia todo o meu respeito e consideração.

─ Eu não poderia agir de outra forma. – Papai completou. – Se o que ela diz for verdade, e me parece que é mesmo, Bruna corre tanto risco quanto Carlos Eduardo. Ela precisa de proteção.

─ Fez muito bem, papai. – Eu disse, ainda sem acreditar na coragem daquela moça. – O lugar de Bruna é conosco. Principalmente, mamãe, - falei tentando diminuir o rancor na fala dela – porque é exatamente isso que Kadu iria querer que fizéssemos.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora