Após deixar a Jade no colégio, peguei o caminho do trabalho e logo entrei no elevador apertando o botão, fazendo as portas se fecharem. Mas escutei um grito do outro lado pedindo para que eu segurasse o elevador, eu coloquei minha mão dentre as portas, fazendo-as abrir novamente. Vi aquele sorriso se abrir e desejei ter fechado a porta na cara dele. Peter.
— Bom dia, Hale. -Ele falou com um sorriso no rosto.
— Bom dia. -Disse sem olhá-lo.
— Dormiu bem? -Ele disse soltando uma risadinha. — Espero que tenha pensado na minha proposta.
— Nem me lembrei -Disse dando de ombros, mentindo. Eu havia passado a noite inteira pensando naquilo.
— Malia, eu não estou para brincadeiras. -Ele falou sério e eu o olhei. — Isso é um caso sério, a vida de várias pessoas estão em risco. Um homem está fazendo coisas terríveis em Beacon Hills.
— Eu não sou de homicídios.
— Pessoas que você gosta estão em perigo, seus pais, a Sofia. -Ele disse tocando no meu ponto fraco.
— Ela já está grandinha e meus pais cuidam muito bem dela -Fechei a cara, cruzando os braços e torcendo para que o elevador chegasse logo no andar e encurtasse essa conversa desnecessária.
— Seu pai está doente, não pode protegê-la. -Ele falou tentando de todas as maneiras me fazer repensar.
— Eu não posso voltar para lá, Peter! -Gritei sentindo a raiva dominar o meu corpo. — Você não entende isso? Eu deixei uma vida lá, para nunca mais voltar.
— Eu só estou dando esse caso para você, porque eu acredito no seu potencial. -Ele disse enquanto, finalmente, o elevador chegava no nosso andar. — Os funcionários desse departamento dariam tudo para pegar esse caso, Malia.
— Eu não quero remexer o passado.
— Pense bem no que eu lhe disse, a vida de inúmeras pessoas estão dependendo de você e das pessoas encarregadas. -Ele falou saindo do elevador e se virando em minha direção. — Você tem até o final do dia para me dar uma resposta, pense bem.
Ele saiu, me deixando sozinha com os meus mil pensamentos. Sai do elevador, indo direto para a sala da Cora, onde a mesma estava coberta de papelada.
— Está muito ocupada? -Falei me escorando na sua porta e ela levantou olhar me olhando.
— Dá para notar? -Ela falou irônica e eu revirei os olhos.
— Preciso de um conselho -Falei com uma cara pidona, me sentando a sua frente.
— Moramos na mesma casa, Malia. -Ela disse sem prestar atenção em mim, focada nos papéis. — Você tem todos os momentos do mundo para pedir conselhos.
— Eu preciso de um agora.
— Malia, eu preciso entregar esse relatório daqui a cinco minutos para o meu pai. -Ela disse pegando o seu copo de café e bebendo-o. — Não dá para esperar?
— Eu vou voltar para Beacon Hills. -Falei de uma vez fazendo-a quase cuspir o café em cima de mim.
— O que disse? -Ela falou arregalando os olhos.
— Você soube do caso de Beacon Hills?
— Óbvio, mas o que você tem haver com isso? -Ela disse largando os papéis e me encarando.
— Peter quer que eu cuide desse caso.
— Você não pode. -Ela disse rapidamente. — Quer dizer, você saiu de lá para esquecer tudo, quer voltar no passado?
— Exatamente isso que eu disse, ele não está convencido.
— Ele não pode te obrigar a ir, ou pode? -Ela falou franzindo a testa.
— Óbvio que pode, ele é nosso chefe.
— Aí meu deus... -Ela falou colocando as mãos na cabeça, apoiando os cotovelos na mesa. — E a Jade?
— Irá comigo, claro.
— A criança tem pai, esqueceu? -Ela falou revirando os olhos. — Ou foi o dedo?
— Ele não está na cidade a anos -Disse grunhindo.
— Malia, se alguém descobrir sobre ela?
— Não vão, confia em mim. -Soltei um suspiro. — Eu preciso cuidar desse caso.
— Você sabe do que realmente se trata? -Ela perguntou mordendo o lábio.
— Uma gangue -Dei de ombros e ela soltou um suspiro.
— Uma gangue de tráfico humano, Malia. -Ela disse e eu senti meu sangue esfriar. — Você ficará exposta a todo custo.
— Eu sei -Engoli o seco. — Mas eu sinto que eu preciso fazer algo.
— Pense bem, toda ação tem consequências.
— Eu sei, mamãe -Falei irônica fazendo-a bufar. — Sei me cuidar.
— Não estou falando de você. -Ela arqueou uma sobrancelha. — Estou falando da Jade.
— Porque você não vem junto?
— Definitivamente eu não posso ser babá agora, Malia -Ela disse voltando para a sua cadeira. — Tenho vários casos com vários fatos que não batem.
— Boa sorte com eles.
— Boa sorte para você, tenho certeza que isso vai dar merda. -Ela soltou um riso pelo nariz dando de ombros.
— Isso é tpm ou algo contagioso? Seu positivismo me fascina. -Me levantei da cadeira indo até ela, a dando um beijo na testa.
— Se cuida, Hale -Ela falou enquanto eu ia em direção a porta e eu apenas acenei antes de sair.
Fui andando pelo corredor até chegar na minha sala, hoje o dia estava mais calmo. Os últimos casos eu havia concluído e estava livre, me deixando sozinha com os meus pensamentos e as confusões que a minha mente formou. Eu precisava dar uma resposta para o Peter e acima de tudo, eu precisava fazer uma escolha.
Escolher vir para cá não foi uma tarefa fácil, eu pensei muito e passei por diversas coisas para tomar a decisão. Eu precisei me livrar de alguns fantasmas para seguir minha vida e não sei se estou pronta para voltar ao lugar onde tudo começou. Levar a Jade no meio de tudo isso também me preocupava, ela irá se deparar com a minha antiga vida, uma vida que eu tentava esconder o máximo possível desde que ela nasceu. Ela não estava preparada para saber sobre tudo.
Me levantei para tomar uma água e afastar esses pensamentos de mim, isso definitivamente não estava me fazendo bem. Decidi pegar a pasta onde estava o caso para que eu pudesse analisar, me sentei na cadeira despejando a papelada por cima da mesa.
Outra coisa que também me deixou bastante apreensiva foi saber o que realmente se trata essa gangue. Eu nunca havia pego nenhum caso parecido, meus casos eram os mais tranquilos. E eu não fazia ideia do porquê o Peter havia me encarregado dele, tirando a parte da minha família, eu não era dessa área.
Encarei os papéis, vendo alguns nomes grifados. O tráfico era destinado para o clandestino, para a prostituição, compra e até coisas piores. Senti minha garganta fechar ao lembrar dos meus amigos e algumas pessoas que eu não tinha aproximação, mas não mereciam correr esse risco de vida. Eu precisava fazer algo, Beacon Hills não era tão grande, era até muito pequeno, só de pensar na possibilidade de virar uma cidade fantasma, sentia um frio na espinha. Coloquei a mão na testa, sentindo a minha cabeça começar a latejar, eu precisava dar ao Peter uma resposta e isso tudo me deixava apreensiva, confusa.
Me levantei da cadeira colocando os papéis de volta na pasta e indo até a saída. Passei direto pela Clary e fui andando até a última sala do corredor. Apenas bati meus dedos de leve no vidro, fazendo o Peter que estava do outro lado se assustar e me mandar entrar.
Eu não tinha ideia do que ia fazer, estava apenas seguindo uma intuição. Talvez isso não desse certo, mas tantas coisas não deram certo na minha vida e eu estou onde estou. Mais uma, não faria tanta diferença. Ou faria?
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Unintentional Love You - Segunda temporada
RomanceApós um rápido romance na época do colegial, anos se passaram e essas duas almas apaixonadas seguiram em frente, se focando cada um em suas vidas. Porém, o destino se encarregou de trazê-los de volta para o início, uma volta que pode mexer com a est...