Verdes.

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Patética.


Era assim que inoue Orihime descrevia sua vida, patética. Depois daquele dia tudo mudara. Depois da morte dele tudo ficou pior, sem cor.


Como a mesma já previa, quando a guerra acabou Ichigo tinha dito a todos que estava namorando com Rukia. Ele nunca seria de Inoue porque ele era da Kuchiki, contudo, isso nem de longe era o motivo da sua constante tristeza. Sendo sincera, se fosse admitir diria que estava feliz pelos dois, eles mereciam. Mas ela não, era essa a sensação que tinha frequentemente, de que não merecia.


Primeiro fora seu irmão. Inoue Sora. Morto, tirado de si. Ficara triste, não podia negar, todavia, depois veio a conformação, as presilhas que lhes foram dadas de presente deixavam-no vivo tanto em sua memória quanto em seu coração. As comidas estranhas também eram uma boa forma de alegra-la, era divertido fazê-las, sem contar que ao menos para o seu paladar eram deliciosas. Contudo, isso não queria dizer que sempre estava alegre, as vezes a tristeza lhe batia tão forte que chegava a doer a alma, no entanto o sorriso continuava lá e ninguém nunca percebera quão falso era. Ninguém exceto ele, Ulquiorra Schiffer.


(···)


" Na torre de las noches, a solidão a consumia constantemente, todavia naquele dia estava mil vezes pior, era aniversário dele, Sora, seu nii-san. A saudade lhe machucava a alma, mas ela se recusava a chorar novamente, já havia lágrimas suas demais naquele chão. Ao escutar a porta se abrindo desfez a cara triste e pôs o sorriso no rosto, seja lá quem fosse o “vistitante” não teria o gosto de vê-la desmoronar.


Pela porta adentraram Ulquiorra juntamente com outro arrankar, que trazia em mãos sua comida. O prato, branco, como tudo ao redor, fora depositado ao seu lado. Logo a voz do Quarto Espada se fez presente.


- Hora da refeição, mulher. Coma tudo. Se não o fizer por bem, não me importarei em lhe obrigar.


Sendo sincera, Orihime sequer pensara em recusar. Sabia bem que se o fizesse o Schiffer realmente empurraria aquela comida garganta abaixo. Não podia dizer que a refeição era boa, sequer tinha sabor, e assim como o prato era branco. Gostava muito mais da sua, tinha um sabor tão peculiar, único, e tinha cor, era viva. Todavia, mesmo sem tanta vontade comeu tudo, sentindo o olhar do Quarto Espada cravado em si. Normalmente ele não costumava prestar atenção em si, ficava apenas olhando para as paredes, ou para o deserto do Hueco Mundo, no entanto neste dia especialmente ele parecia mais observador. Como um morcego olhando sua presa.


Recolhendo o prato, Ulquiorra se pôs a andar em direção a saída, porém parou junto a porta se virando para a ruiva, desde que esta chegara uma dúvida lhe consumia. Então jogando deixando se guiar pela curiosidade, expôs seu questionamento.


- Mulher. Porque sempre esconde sua tristeza num sorriso?


A pergunta sincera pegou Inoue de surpresa, ele era o primeiro a perceber seu falso sorriso. Entretanto aquela não era uma pergunta para a qual tinha resposta, ao menos uma simples, para ela era natural, fingir sorrir para não preocupar ninguém.

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