• Prólogo •

318 145 200
                                    

Quando o destino resolveu te colocar na minha vida eu já sabia que você seria especial para mim. No momento que você cruzou aquela porta acompanhada da sua mãe, eu soube que amaria seus olhos escuros, seus cabelos com pontas azuis e sua risada estridente. Eu soube, mas você não. Você nem reparou em mim, nem desviou seus olhos negros de algum livro que lia, para mim. Você entrou na minha vida, mas eu não entrei na sua.
Você estudava na mesma sala que a minha, era calada, não tinha amigos e você não parecia se importar com isso. Você sempre andava sorrindo, e eu adorava isso.
O som da sua risada era algo incrível, nenhum som chegaria perto, nenhuma música podia ser comparada. Era algo lindo de se ver e de se ouvir também, eu nunca me cansaria de te ver rir de alguma banalidade qualquer. Seus olhos escuros ganhavam um brilho sem igual e se estreitavam até quase se fecharem. Sua boca revelava dentes branquíssimos e covinhas ao lado. Era como um espetáculo, o meu favorito.
Eu nunca havia te visto triste. Até o dia que a sua mãe foi embora, e foi ali que eu percebi que nunca mais ia deixar alguém te fazer mal. Foi nesse dia que nos tornamos amigos. Foi nesse dia que a minha vida ganhou um colorido azul. Foi nesse dia, depois de anos, que eu entrei na sua vida.
Você falava sobre os garotos que haviam te machucado e eu ria, parecia piada para mim alguém desistir de você.
Eu falava de garotas para você, e você dizia que elas tinham sorte por terem se apaixonado por mim. Eu ria, porque nenhuma garota que eu já tinha conhecido chegaria ao seus pés.
Eu te ajudava com os deveres escolares e você me ajudava com a felicidade, era fácil para você, chegava em qualquer lugar e tudo ao redor mudava. Você era a felicidade em pessoa. E eu te admirava por isso.
Vivemos tantas loucuras juntos, passamos por tantas dificuldades juntos. E eu pensei que viveríamos sempre assim, juntos.
Aos 16 anos eu te vi indo embora.
Aos 16 anos você me deixou.
Aos 16 anos você quebrou sua promessa.
Aos 16 anos eu pensava que uma amizade era eterna, e isso me destruiu.
Aos 16 anos eu percebi que o mundo era cruel demais sem você.
Aos 16 anos eu cai na realidade.
E eu não te culpo, já tava na hora de crescer.
Não sei se foi minha culpa ou simplesmente o destino. Eu sinto sua falta todos os dias, a minha vida se tornou um caos e eu nem sei porque, você passou a me ignorar e isso doeu. Eu vi o meu coração se despedaçar a cada manhã que te via e não podia falar com você.
Você sempre foi cabeça dura.
E você sempre quebrou promessas.
Mas não existe um só dia que eu não lembre da sua risada contagiante. Eu nunca vou esquecer o som da sua risada.

O som da sua risadaOnde histórias criam vida. Descubra agora