— O que eu posso fazer para você parar de chorar Tessa? — Lee diz tão docemente que as suas palavras quase fazem um carinho em minha face.
Sei que de nada resolvia chorar, mas eu não conseguia parar. Tudo o que eu conseguia fazer era abraçar ainda mais apertado o Lee de encontro com o meu corpo.
— Só continua a me abraçar — minha voz saiu fanha.
Ele não diz mais nada, e faz o que eu pedi a ele. Aperto tanto os meus braços ao redor dele que eles chegam a doer. Sabia que quando eu o soltasse eu ia ter que encarar a realidade e eu não sei se estou preparada para isso. Meus dedos apertam a sua camisa e torço o tecido entre os dedos tentando sem sucesso acalmar o meu coração.
Os dedos dele ganham vida e começam a fazer um carinho suave em minha nuca. Aquilo me faz muito bem. Eu relaxo tanto, que quase me vejo ronronar que nem um gatinho.
Com esse carinho, aos poucos eu vou acalmando. Os meus dedos não apertam tanto assim ele. As lágrimas vão cessando. Eu consigo respirar fundo.
— Obrigada Lee, estou bem mais calma agora — digo, o largando e limpando as minhas bochechas molhadas.
Tenho que fazer alguma coisa! Não sei o que farei, afinal o Bruce tem magia e eu ainda não sei ao certo o que ele pretende com a Tex. Muito menos o que pretende com o Gustavo! Só espero que ele não faça nada com o meu amigo. Sei que ele não teria coragem de machucar de verdade a Tex. Por enquanto, tenho que pensar no Gus.
Se ele quisesse matar o Gus ele provavelmente teria feito isso quando invadiu meu apartamento e teve diversas chances. Mas ele não fez nada. Tenho que pensar no melhor.
Gustavo estava bem. Na medida do possível, mas tinha que estar.
— Seu rosto melhorou um pouco... — ele diz e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Não acho, mas obrigada por tentar me animar...
— Estou falando sério Tex! — ele me analisa um pouco. — Você consegue ficar de pé?
— Acho que sim...
Ele se levanta primeiro e estende sua mão para me ajudar a levantar. Minhas pernas ainda estavam um pouco fracas, mas conseguia pelo menos me sustentar de pé.
— A cor do seu rosto está começando a voltar. Que bom! — ele anuncia e me dá um sorriso fraco.
— Acho que eu nem cheguei a te perguntar, mas você se machucou? Precisa ir ao hospital? — com certeza ele se machucou, lembro de ver sangue voando, não era muito, mas estou preocupada.
— Nada demais — ele olha para o seu corpo e eu também faço isso, encontrando um rasgo maior e ensanguentado em sua camisa, na altura das suas costelas.
— E o que é isso daqui? — digo, aproximando os meus dedos do corte.
— Só um arranhão de leve! Não precisa se preocupar com isso... — ele diz, esquivando dos meus dedos.
— Deixa só eu ver... — estou quase alcançando quando ele segura a minha mão, me impedindo.
— Já disse que não precisa se preocupar com isso. Nem está doendo...
— Lee, eu te conheço, sei que você pode ser bem teimoso quando quer, mas me deixe cuidar de você, por favor...
— Tudo bem — somente pelo seu suspiro, eu sei que ele já se deu por vencido. Assim que toco o ferimento, ele contrai o rosto e o corpo de dor.
— Hum, quer dizer então que não está doendo, hein? — tento brincar um pouco com ele. Preciso abstrair um pouco, somente alguns minutos.
— Pode ser que esteja doendo um pouco mais do que eu pensava.
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Tinta Viva
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