O Silêncio Entre Nós

50 | Another normal day at school.

| A d a m |
 
 
Faz duas semanas desde Anna esteve no hospital. Ela conseguiu recuperar o peso em uma semana, por incrível que pareça. Ela voltou para casa e ficou de repouso, até que veio hoje. De alguma forma, as pessoas souberam que ela esteve internada e se eu avançasse em cada um que falou merda pra ela hoje, eu teria batido em metade do Colégio.

Anna e Max ficaram mais próximos depois que ele passou dois dias no hospital, com ela. E quando saía da escola, ía para o hospital vê-la comigo e com Nina. E quando ela foi para casa, ele a visitou. Talvez ela já saiba que ele gosta dela, mas se não sabe, seria bom se soubesse, porque no fundo, ela também gosta dele.

Os anúncios do baile já estão sendo espalhados pela escola. Os garotos estão pedindo as garotas para irem ao baile; fazendo pedidos especiais e extravagantes. Eu fiz um à Natalie ano passado. Apareci na sala de aula com balões escritos "Baile?" e um buquê de rosas vermelhas. Usei até terno. Ela chorou e ficou super feliz. Nós não ganhamos a coroa ou algo assim, mas foi uma noite divertida. Foi a primeira vez que ela ficou bêbada; acho que foi a primeira vez que ela bebeu na vida.

Esse ano, tudo está infinitamente diferente. Como Nina é a garota que eu amo e é a minha namorada, irei chamá-la. O tema do baile é "Jardim-encantado" e eu consigo imaginar Nina tão linda com um vestido cheio de margaridas que ela ama. Esse será o primeiro baile do ensino médio da Nina e acho que ela nunca foi nem aos bailes do ensino fundamental. Quero que seja especial pra ela. Que seja uma noite perfeita.
 
 
⠀⠀— Nina. — Digo, pegando sua mão enquanto andamos pelo corredor da escola. — Viu que estão anunciando o baile?

⠀⠀— Sim. Você provavelmente será príncipe e rei. — Ela dá os ombros. Chegamos à área aberta da escola e nos sentamos na grama, embaixo de uma árvore.
 
 
Na Mackenzie, sempre há três príncipes e três princesas eleitas por voto popular e então, no baile, também por voto popular, o rei e a rainha são eleitos. No baile da primavera, no inicio do ano letivo, ano passado, a Natalie foi princesa, mas ela não ganhou, então não ligamos muito para isso.
 
 
⠀⠀— Vai com quem? — Sorrio, sentando-me.

⠀⠀— Não pretendo ir. Sabe que não curto festas, ainda mais com as pessoas da escola. — Nina senta entre as minhas pernas, com as costas contra meu peito. — Quer ir?

⠀⠀— Bem, eu quero. Você me conhece, sabe que eu adoro uma festa. Mas eu só irei, se você for. — Aperto um pouco seu quadril.

⠀⠀— Você é sujo. — Vejo-a semicerrar os olhos quando olha pra mim. — Posso usar jeans?

⠀⠀— Nina, se você for vestida numa fantasia de cachorro-quente, será a mais bonita. — Digo e ela ri. É uma gargalhada tão gostosa de se ouvir, faz minha barriga tremer e meu corpo se arrepiar.

⠀⠀— Sério, acho que você pode ir sem mim. Chame outra garota. Acho que todas aqui queriam estar no meu lugar. — Ela se vira para mim e fica de joelhos, ainda entre as minhas pernas.

⠀⠀— Você se tocou no que disse? Pra eu ir com outra garota? Não sente ciúmes?

⠀⠀— Ah, meu deus, como eu sinto. Quando eu te vejo com outra garota, eu respiro fundo e conto até dez. A ideia de te perder... — Ela diz, parecendo irritada. É fofa, sua reação.

⠀⠀— Só vou embora se me pedir para ir embora, Nina. Tirando isso, vou ficar com você, não vai me perder. — pouso minhas mãos no fundo das suas costas.
 
⠀⠀— Mas seria bom ir com alguém diferente. — Ela dá os ombros. Eu reviro os olhos.
 
 
Hoje, Nina está de short jeans, meia calça preta, suas meias coloridas e, estranhamente, uma blusa justa preta, mas de casaco, que é de um verde escuro mais escuro que seus olhos. Ela é uma explosão de cores aleatórias que combinam. Que mulher. Ela é tão bonita que nem dá pra acreditar. Suas bochechas estão coradas, seu óculos preto atrapalha um pouco a visão dos olhos mais bonitos que existem na Terra. As sardas fracas espalhadas pela face sempre corada pelo Sol e por tudo o que dissemos um ao outro. O longo cabelo castanho caindo pelo ombro quando ela inclina a cabeça levemente para o lado quando presta atenção em algo. O franzi de sobrancelhas da sua constante expressão de dúvida e o melhor... o sorriso. Ninguém no mundo tem um sorriso tão bonito quando o de Nina. Eu sou tão apaixonado por ela, que estudar cada pedacinho dela, dói. Uma dor boa que percorre meu corpo e grita que é amor e que eu quero ir ao baile com ela, e não com outra garota. Não existe mais menina garota depois dela, é só ela. Só Nina Davis e mais ninguém. Ela é a única. O primeiro amor e eu espero que seja o último. Eu penso muito sobre essas coisas, eu sei, mas é isso que ela faz comigo.
 
 
⠀⠀— Está me olhando daquela forma de novo, do nada. — Ela diz.