Capítulo Único

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Uma calma manhã pairava sobre a Baker Street. Para muitos era um dia qualquer, mas no 221B era um dia especial. Ao menos para todos os moradores exceto Sherlock. Para ele, era apenas um dia a mais no calendário, e um dia a menos na sua vida. John Watson apareceu na sala e se deparou com uma cena um tanto quanto engraçada, mas preferiu não dizer nada enquanto observava os dois. Sherlock e Rosie estavam sentados frente à frente, Rosie na poltrona de John e Sherlock na sua, enquanto a encarava seriamente, sem piscar.

Frequentemente cenas parecidas ocupavam a atenção de John, mas era inegável que naquela manhã os dois estavam estranhos. Rosie não estava intimidada com o olhar penetrante de Sherlock, pelo contrário. Ela também o encarava enquanto balançava os pés no ar, que ficavam bem longes do chão enquanto estava sentada. John abriu a boca algumas vezes para perguntar o que eles estavam fazendo, mas logo Sherlock quebrou o silêncio meio à um suspiro de um homem vencido.

- Muito bem, então você tem certeza disso?

- Sim. – A garotinha respondeu firmemente.

- Certeza absoluta?

- Certeza absoluta.

- O seu pai pode cair duro ali mesmo se estiver mentindo?

John arregalou os olhos e Rosie riu, olhando para John.

- Sim, ele pode.

Sherlock pareceu convencido e encostou em sua poltrona, apoiando as mãos sobre ela. Mesmo sem entender absolutamente nada, John estava aliviado por Rosie não ter o costume de mentir.

- Muito bem então. – Disse Sherlock. – Você pode ir.

- Eu posso brincar com o braço que está no freezer?

- Sim.

- Não. – John respondeu rapidamente e os dois o olharam. – Você pode brincar com qualquer coisa menos com o que tem na cozinha.

- Posso brincar com a corda do homem enforcado?

- O que? Não! Onde...?

Sherlock sorriu pelo canto dos lábios e John revirou os olhos.

- É melhor brincar apenas com o que tem no seu quarto.

Convencida, Rosie pulou da poltrona e correu em direção às escadas. Sherlock se levantou e John cruzou os braços encarando-o.

- Quantas vezes já disse que Rosie não deve se envolver com nenhum dos casos?

- Fica um pouco difícil controlar isso já que ela sempre está por perto quando volto para casa.

- Você simplesmente não consegue negar nada à ela, não é?

Havia um tom divertido e provocador em sua voz, mas Sherlock não se sentiu constrangido. Pelo contrário. Ao pegar o seu violino e virar de costas para John, ele sorriu. Era fato que Rosie era a única pessoa do mundo capaz de extrair o melhor de Sherlock, e isso inclui deixa-la fazer simplesmente o que quisesse. Nem mesmo John tinha essa proeza. Mas essa era uma das coisas que o admiravam em Sherlock, e a relação dele com Rosie era algo que preenchia seu coração.

- O que estavam conversando? – John perguntou sentando-se à poltrona pegando o jornal.

- Nada importante. – Sherlock começou a melodia em seu violino.

- Você estava tratando ela como se fosse um de nossos clientes. Posso afirmar com toda certeza que estava tentando descobrir algo.

Sherlock demorou um tempo para respondê-lo, mas enfim o fez:

Feliz Aniversário,  Sherlock!Where stories live. Discover now