Será que toda vingança vale a pena?

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Depois que saí do restaurante, ainda faltava alguns minutos para entrar, então entrei em uma cafeteria qualquer e fiquei mexendo no celular. Acabei perdendo a noção do tempo e entrei na empresa alguns minutos atrasada. John já devia estar em sua sala.

— Senhorita Le Blanc — a recepcionista me chamou assim que passei em frente ao seu balcão.

Me detive e me aproximei dela, que me entregou um pequeno bilhete. Desdobrei o mesmo, reconhecendo a caligrafia de John.

"Pegue está encomenda e traga em minha sala, Paola. Endereço..."

Ele tinha mesmo se achado no direito de me chamar pelo nome de novo?

— O que é isso? — Virei o bilhete, procurando por mais alguma informação. Qual era a encomenda? Eu teria que sair naquele frio para buscar aquilo?

— Não sei. O senhor Miller só pediu que eu entregasse. Avisou que não era para demorar muito, pois ele precisa disso com extrema urgência. Disse, também, que você poderia pegar um café, caso sentisse necessidade.

— Um café? — Ergui uma sobrancelha, em dúvida.

— Sim. O lugar não é muito longe, fica a quatro ruas daqui, mas nesse frio... — Olhou para o imenso paredão de vidro que dava para a rua. A neve caia pesada do lado de fora.

— Certo, obrigada. — Me virei, refazendo o caminho que já tinha feito.

Ajeitei a bolsa em meu antebraço e saí da empresa. A neve ainda caia com intensidade e lotava as ruas da cidade de Toronto quando pedi um táxi e dei o endereço do papel. O taxista avisou que demoraria mais do o normal, pois a neve na pista atrapalharia bastante, mas não me importei. Se era uma encomenda importante, então eu teria que pegar.

Apesar do que me esperava estar a quatro ruas de distância, eu demorei cerca de quinze minutos para chegar na rua. Era uma rua bem movimentada, lotada de cafés, lanchonetes e outros comércios. Olhei para a esquerda, onde os números eram mais próximos do número indicado no bilhete.

531... 

532... 

534... 

535!

— É aqui, senhor — informei, tentando identificar o pequeno edifício em minha frente.

Paguei ao taxista o valor da corrida e desci do carro. Não me preocupei em olhar para cima e identificar do que se tratava o edifício, apenas adentrei o local, tentando entender o que John queria que eu pegasse e, principalmente, me proteger do frio intenso. O local estava lotado demais e tinha duas filas — as duas assustadoramente grande.

Todas as mesas estavam ocupadas e haviam algumas pessoas em pé, provavelmente, esperando suas companhias que estavam em uma das enormes filas. Eu nunca tinha enfrentado uma fila — tudo o que eu queria vinha até mim em poucos minutos — e não enfrentaria aquilo.

Com dificuldade, me enfiei entre a multidão, tentando chegar ao balcão.

— Ei, garota, espere na fila como todo mundo. — Uma senhora me puxou pelo braço, resmungando de cara feia. — Seus pais não te deram educação, não, é?

Ora essa, como ela ousava me puxar como se eu fosse um bicho, uma criança ou sabe-se lá o quê? Me virei para ela, tentando não lhe responder de forma grosseira.

Scusa, signora. Per prima cosa, lascia andare il mio braccio. — Puxei meu braço de volta, passando minha mão no local em seguida. — Sto cercando di capire il significato di questa nota — expliquei, em italiano, rezando para que ela não entendesse uma palavra do que eu tinha dito.

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora