A Professora e o Aluno

3.5K 73 4
                                    

Há quatro anos que Jennifer Turner era professora. Ela tirou o curso de cálculo e dava aulas aos décimos segundos anos, onde sempre encontrava jovens já quase adultos e estava habituada a pequenas paixonetas de rapazes que deixavam as borbulhas e começavam as paixões. Mas, de facto, Jennifer Turner, não estava preparada para o que lhe ia acontecer.

No primeiro dia de aulas tinha obviamente reparado nele. Era simplesmente lindo, musculado, com ar exótico, não era como os outros obviamente e havia nos lábios bem desenhados e grossos e na pele avermelhada algo mais – era verdade, Jennifer não podia esconder – a excitavam profundamente, sem ser a sua visível beleza. Ele tinha também um sentido de humor inacreditável. Jonathan Smith era o seu nome.

Tinha já chumbado um ano. Não por más notas, apenas por uma mudança de país que lhe complicou a vida com uma adaptação complicada. Tinha assim 18 anos, a caminho dos 19. Era bom aluno, preocupava-se com o seu futuro e não (era) ligava ás meninas mais novas que corriam atrás dele.

Sempre que Jennifer entrava na escola e o via, sentado em cima da mota, sempre de calças de ganga e um pólo aberto sobre o peito bronzeado, suspirava e pensava para si mesmo: “Quem me dera voltar ao secundário outra vez”. Outras vezes pensava: “Credo, ele ainda é quase uma criança”. A diferença de idades fazia-lhe ainda muita confusão, mesmo sendo apenas seis anos, Jennifer não aceitava pensar no seu aluno daquela maneira.

Mas aquele jogo fazia já parte da vida de um e de outro: sempre que Jennifer entrava na escola, o olhar dele a recebia, sorridente e em silêncio.

O ano se passou neste jogo de conquista. No último dia antes das férias, Jonathan atirou o cigarro para o chão e levantou-se da mota quando Jennifer entrou para a escola, Jon conseguiu alcança-la e segurou de leve no seu braço, conseguindo chamar a sua atenção.

– Um presente, posso? – Jennifer sentiu perto de si aquele cheiro a after-shave de adolescente. – Queria dar-lhe o presente fora da escola, ou parecerá que é um suborno. – e pronto, lá estava o sentido de humor dele, que a deixava doida.

– Obrigada Jonathan. Não era preciso. – ele sorriu, chegando-se um pouco atrás.

– Agora pode pagar-me um café. – disse Jonathan despreocupado. – Depois das aulas estou no café ali ao canto. – disse, apontando para o outro lado da estrada.

Jennifer ficou de tal maneira espantada pelo convite que não conseguiu dizer nada. Quando só lhe faltava uma aula – precisamente com a turma de Jonathan – resolveu abrir o presente dele. Era uma fotografia dela. Como é que ele tinha tirado?

Era ela a entrar na escola, num daqueles dias, e a olhar com um sorriso e apaixonado. Mas para onde estava ela a olhar, pensou? “Para ele … !”.

Jennifer viu naquela fotografia uma espécie de espelho – não estava a conseguir esconder o seu interesse. Quando terminou a aula, e Jonathan saiu com o capacete no braço e um olhar fatal, Jennifer tremia como varas verdes.

Fez tudo lentamente, limpou o cacifo de professora, despediu-se dos colegas que estavam na escola, e foi calmamente beber o seu café. Ele esperava-a, sentado na primeira mesa, com uma garrafa de água em frente e um olhar com mistura de emoção e surpresa.

– Sempre veio. – exclamou Jonathan Smith sem tirar os olhos da sua amada.

– Sim, Jonathan. É só um café… Ouve tu és meu aluno…– Uma piada dele, depois outra cortou a frase ao meio.

A conversa foi fluindo. Ele, além de estudar, trabalhava ao fim-de-semana numa oficina e adorava mexer nos motores dos carros e das motas. O sonho dele era estudar engenharia mecânica para futuramente abrir o seu próprio negócio.

A Professora e o AlunoOnde histórias criam vida. Descubra agora