Assalto à Casa dos Parkers

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1

Já fazia um mês que Eddie Brigs observava a propriedade da família Parker. Ele não era nenhum tipo de admirador maluco de casas. Não passava de um simples e ótimo ladrão. Tinha os seus métodos que funcionavam com perfeição, e em parte funcionavam por sempre trabalhar sozinho. Costumava dizer que o trabalho de um ladrão de casas é tão solitário quanto o de um escritor. Podia levar meses para observar a residência e encontrar o momento certo para agir. No caso dos Parkers levou apenas trinta dias.
        Eddie era um cara inteligente e se não tivesse se tornado um criminoso, teria se dado bem em uma área dentro da lei e respeitada pela sociedade. Mudara-se para Illinois há pouco menos de sete meses e estava adorando. Desde que chegara já roubou em torno de dez famílias. Perdeu a conta exata. Eddie não era do tipo que contava, pois fazendo isso deixava as coisas mais frias e de certa forma desumana. Seria como fazer uma lista com os nomes de todas as pessoas com quem que já dormira.
        E mesmo tendo ganhado muito dinheiro depois que chegou a Illinois, não abandonou o seu trailer com que saíra de Wichita. Não se tratava de um simples automóvel, fora à mãe dele que o deixara de herança, e nunca, mesmo com todo o dinheiro do mundo guardado, ele jamais daria fim ao trailer. Ainda mora nele.

        Desde que Eddie saíra de sua cidade natal a sua vida melhorou. Agora podia comprar cerveja e comida quando quisesse. Talvez Deus conseguisse vê-lo melhor naquele estado de Chicago, ou talvez fosse apenas sorte passageira. Não gostava muito de pensar sobre isso. 

2

Fora o seu mais novo amigo, Frank Stuart que o indicara os Parkers. Eddie escutou com atenção enquanto o seu amigo lhe explicava que na casa havia dinheiro que o Sr. e a Sra. Parker guardavam. Frank acabou por descobrir que eles faziam isso pela descrença em bancos. Como ele descobriu isso, não podia revelar.

        − Pode haver centenas de dólares escondidos em algum cofre dentro daquela casa. – Disse Frank.

        Eles estavam em um bar, já na segunda cerveja. O local estava vazio, salvos alguns bêbados que estavam se elogiando com frases embaralhadas e pareciam estar a ponto de chorar.

        Eddie tomou um gole de sua cerveja e soltou um suspiro pensativo.

        − É uma boa proposta. – Disse. – Boa demais. E é por isso que eu vou te perguntar o porquê de você mesmo não ir fazer.

        − Eu não trabalho mais com isso. – Respondeu Frank. – Estou parando.

        Mechas de cabelo caiam sobre o rosto grave de Eddie e com um movimento distraído, as colocou atrás da orelha. Abaixou um pouco o rosto e sorriu com o canto da boca.

        − Você sabe que tentar sair dessa vida é como tentar parar de beber, não sabe? – Perguntou ele.

        − É. Mas preciso tentar.

        − Por quê?

        − Porque...

        − Esquece. – Eddie interrompeu. – Vamos direto ao assunto.

        − Está bem.

        − Eu aceito fazer o trabalho. E como eu vou pôr o meu pescoço na guilhotina, ficarei com 70% do lucro. Fechado?

        Eddie estica a mão sobre a mesa e Frank a aperta com firmeza.

        − Fechado.

        − Você tem certeza que há realmente dinheiro naquela casa?

        − A mais pura certeza.

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