1st Day

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[Pov. Simão]

Era o último dia de aulas, estava a dirigir-me para casa a pé, porque não era longe. Iria estudar pois os meus exames para entrar na faculdade estavam próximos. Queria ser advogado, sempre quis desde criança, e seguir direito na faculdade iria ser mais um objetivo alcançado na minha vida. Estava a ouvir a música "My Demons" da banda "Starset" com apenas um fone nos ouvidos. A rua estava deserta relativamente aos outros dias, algumas pessoas a passear os cães, outras apenas a andar, umas crianças no campo a jogar futebol...

Senti que alguém me estava a seguir, mas não olhei para trás. Dirigi-me a uma zona em que tinha um espelho de rua, e provei o meu pressentimento. Não sabia o que fazer então começei a correr, mas o esforço não valeu a pena. Percebi isso quando senti que me estavam a por a mão na zona da boca e do nariz. Aos poucos fui perdendo a consciência.

Acordei vendado, preso a uma cadeira. Fui recuperando os sentidos aos poucos. Despertei completamente quando ouvi uma fechadura a destrancar, e uma porta a abrir. Pelo som da porta, é um lugar antigo, e com falta de óleo nas dobradiças. Ouvi passos, alguém a aproximar-se de mim.

X - Como te sentes?

Não dei resposta. Arrependi-me de imediato. Fui atingido com algo de metal, ou do género, a minha cara ardia de dor.

X – Eu vou perguntar de novo... Como te sentes?

Simão – Como achas que me sinto? Que queres de mim?

X- Só o dinheiro que vou receber ao torturar-te até morreres, nada mais.

Simão - Como assim?!

X- Fui contratado para te torturar, acho que não precisas de saber mais nada, mais logo vou trazer-te algo para comeres, amanha começamos o trabalho.

Dito isto, ele tirou-me a venda que impedia a minha visão, e vi um homem alto, cabelo loiro e pequeno, olhos azuis, em boa forma física.

Logo depois, ele saiu da sala, deixando-me sozinho nos meus pensamentos, pensando em quem poderia odiar-me tanto, a ponto de me querer torturar até á morte, nenhum nome me vinha á cabeça, não conseguia pensar em ninguém. Apenas me sentei num canto, lágrimas já estavam a escorrer pela minha cara. Acabei por me levantar e ver o que tinha á minha volta, uma cama antiga, uma mesa simples, uma estante com livros, e uma sala á parte com um lavatório, um espelho, e uma sanita. Fui até á cama e sentei-me, olhei em volta e fixei na estante. Todos os livros eram de apenas uma cor, mas havia um livro castanho, com umas partes douradas, tinha ar de antigo, mas simplesmente captou a minha atenção. Fui até á estante, e quando estava quase a pegar no livro, ouvi a porta a abrir e fui a correr até á cama, sentei-me, e o homem entrou.

X- Está aqui uma sandes.

Simão – Tem veneno, homem sem nome?

X- André, e não, não tem veneno.

Dito isto ele saiu batendo a porta. Depois de comer a sandes, fui até á estante e peguei no livro, abri e começei a lê-lo.

"Dia 24/2/2014 fui raptada, Já estou aqui há dias, e todos eles, pensava que era o último que iria viver. No primeiro dia, cortaram-me os pulsos, as pernas, as mãos... Cheguei a desmaiar de tanto sangue que perdi. Acordei com os curativos feitos, deitada na cama. Não consegui fazer mais nada a não ser chorar. No segundo dia, fui presa a uma cadeira elétrica. Juro que não sei como não morri com tanto choque que levei. No terceiro dia, bem, no terceiro dia fui vítima de violação. Foi das coisas que mais nojo me meteu. No quarto dia, levei chicotadas até desmaiar, e quando ganhei consciência de novo, fizeram o mesmo, até desmaiar de novo. Hoje, quinto dia, disseram-me para me preparar que me iam levar a ver algo, não sei se irei voltar e escrever, mas caso não faça, aqui está, o testemunho da minha dor, Não acho que tivesse merecido isto, já sofri que chegasse para uma vida. Caso haja mais vitimas, e caso leiam isto, espero que ajude de alguma forma, e não importa o que façam, não tentem fugir, este lugar está isolado do mundo...

Ana Silva"

Não estava a acreditar naquilo que li. Não conseguia acreditar... Consegui imaginar aquilo tudo citado pela Ana. Esta gente é maluca, são psicopatas! Porquê fazer isto? Não tem sentido nenhum! Apenas pousei o livro debaixo da cama, e tentei dormir, o que foi difícil, muito difícil, pois acordei umas 2 vezes com pesadelos.

[Pov. Helena (Mãe De Simão)]

Helena - Amor o Simão ainda não chegou?!

Jorge (Pai de Simão) - Não, se calhar foi a uma festa ou algo do género.

Helena – Duvido muito! Ele disse que vinha estudar, ele tem exames daqui a um mês! Não havia hipótese nenhuma de ele ir a uma festa!

Jorge – Não penses nisso, deixa-o estar! Ele tem de relaxar primeiro!

Helena - Se calhar tens razão, estou só a ser paranóica, mas eu vou ligar-lhe na mesma!

Jorge - Amor, não...não, se ele estiver numa festa não vai querer ser incomodado, nem lhe ia ficar bem ter a mãe a ligar-lhe.

Helena - Está bem, até amanhã então, vou dormir.

Jorge – Até amanhã amor.

Depois disso, dei-lhe um beijo de boa noite, e fui para a cama.

9 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora