Capítulo 6 - Marcelo

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Ontem eu cheguei em casa tarde da noite. Isabel já estava dormindo ou fingindo, não sei. Mas eu estava bem chapado e talvez não me lembro das coisas direito. Não importa. Dormi bem.

Chego na imobiliária e a primeira ligação que recebo é de Amanda. Só para me lembrar de olhar se tem alguma casa disponível para alugar em uma dos nossos condomínios.

Prometo que vou verificar. Não sei o que Isabel pensa a respeito, então ligo para ela. Demora atender.

― Oi ― diz secamente. ― O que foi?

― Bom dia, meu amor! Amanda me ligou sobre a casa...

― Não precisa olhar― ela me interrompe. ― Não quero Amanda morando por aqui. O lugar dela é junto do marido dela. Não entendo sua preocupação com ela.

― Não estou preocupado com Amanda. Também não entendo por que está sendo tão hostil com ela. Sempre foram amigas...

― Ah! Marcelo! Não me venha com sermões logo pela manhã.

Ela não me dá tempo de responder e desliga o telefone. Eu fico com ele no ar por um instante. Olha a foto de Isabel se encolhendo ao final da chamada e me dá um nó na garganta.

Como ajudar Isabel se ela não quer ajuda? Não sei mais o que fazer. Tudo o que eu digo se volta contra mim. Sei que ela está sofrendo, quero encontrar um jeito de curar sua dor, mas como?

Estou perdendo a esperança e tenho medo de me perder pelo caminho da busca. Às vezes já não nos vejo mais como o casal de antes.

A verdade é que cada dia que passa Isabel se fecha mais e se torna mais amarga. Não dá espaço para ninguém entrar. Ela se esquiva de toda tentativa de carinho que tento oferecer.

Até quando suportarei tanta rejeição?

* * *

Isabel está na banheira quando entro no quarto. Tiro minhas roupas e jogo no chão ao lado da cama. Abro a porta do banheiro e ela se assusta ao me ver nu.

― Que susto!

― Desculpe! Resolvi sair mais cedo, afinal hoje é sexta-feira. Outro final de semana nos espera.

Isabel me olha de cima a baixo.

― Ah! Marcelo, não quero que você tome banho comigo hoje.

Eu paro e coloco um pé na beirada da banheira. Finjo que não escutei o que ela disse e entro com tudo. Água espalha pra todos os lados.

Isabel se levanta nervosa e se enrola em uma toalha felpuda.

― Palhaçada!

E sai do banheiro.

Dou um soco na água. Apenas pra aliviar a tensão.

― Droga! Droga!...

Tenho vontade de ir atrás dela e dizer um monte de coisas, mas logo penso que é melhor me conter. Posso piorar as coisas ainda mais.

― Isabel! ― Grito. ― Venha aqui, por favor! ― Digo em um tom suplicante, mas com muita calma. Não quero deixá-la nervosa.

Ela aparece na porta.

― O que foi?

Eu sorrio pra ela.

― Faz uma massagem nos meus ombros. Vem cá. Apenas uma massagem.

― Agora não. Preciso preparar o jantar ― diz e vira as costas rapidamente.

Termino de tomar o banho. Visto uma bermuda jeans e uma camiseta de malha vermelha.

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora