Capítulo 12 - Marcelo

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Ouço o carro entrar na garagem. Meu coração se acelera. Ensaio as palavras para dizer, mas sei que quando Isabel entrar por aquela porta não vou dizer nada da forma que ensaiei até agora em meus pensamentos.

Ah! Meu Deus me ajude! Por favor, Isabel diga que é tudo invenção de Amanda.

Por favor Isabel não confirme o que Amanda me disse. Minta pra mim se for verdade... Não, fale a verdade. Chega de mentiras.

Ah! Meu Deus!

A porta se abre. Vejo uma Isabel cansada adentrar por ela. Eu fico parado e percebo que ela se retrai. Eu devo estar com uma cara horrível. Devo estar transtornado.

― O que aconteceu?

Eu me aproximo. Sinto meu maxilar tremer.

Ela se afasta e olha para os lados.

― Você está me assustando, Marcelo. O que aconteceu? O que foi que eu fiz?

― Você ganhou a aposta ― digo e sinto que ela não entende no momento. Ela faz uma cara tipo "o que você tá dizendo?"

Então eu me aproximo mais e digo olhando em seus olhos. Chego tão perto que tenho certeza que ela sente meu hálito.

― Eu disse que você ganhou a aposta. Seu prêmio está diante de você. Mas a pergunta é: até quando?

Ela respira fundo e apenas diz:

― Amanda. Você esteve com ela, não foi?

Ela passa por mim como um furacão e se debruça na bancada da cozinha.

― Vaca! Cadê aquela vaca?

Eu a seguro pelo braço e faço com que ela olhe pra mim.

― Quando pretendia me contar?

Ela se solta de minhas mãos com um safanão. Passa as mãos pelo rosto, como se estivesse procurando alguma coisa. Depois põe a mão na cabeça e me diz:

― O que vou te dizer, Marcelo?

― A verdade. Apenas a verdade. Diga pelo menos que eu sou um prêmio que valeu a pena. Diga que valeu o sacrifício... Como você foi capaz de me enganar por tanto tempo?

Ela começa a ficar desesperada e as palavras parecem não se formarem em seu cérebro.

― Desembucha, Isabel. Não invente palavras. Diga o que tem pra me dizer.

― Por que Amanda tinha que tocar neste assunto com você? Por que você foi dar ouvidos àquela vaca?

Eu puxo uma cadeira e sento diante dela.

― Diga logo! Sem rodeios. Estou esperando.

Isabel me olha acuada. Tenho certeza que se ela pudesse sairia correndo para não me dizer nada, mas ela puxa outra cadeira e senta-se diante de mim. Coloca uma mão em minha perna e eu sinto que ela está tremendo.

― Eu não sei como começar, mas por favor, me entenda. Ah! Merda!

Por que isso agora?

Ela passa as mãos pelo rosto novamente. Eu estou prestes a explodir. Quero muito ouvir o que ela tem pra me dizer, mas não sei se vou suportar.

― Eu e Amanda tínhamos mania de apostas. Apostávamos corridas, apostávamos quem ficava mais tempo debaixo d'água...

― Vá direto ao ponto. Não me interessa o que vocês apostavam.

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora